4#Miraculous: As aventuras de LadyNoir e MisterBug!

21-03-2025

Cap.4 - Serpentinas por Paris!

Arrumada e com os materiais escolares às costas, Marinette abria o alçapão do quarto, apressando Plagg a entrar na sua bolsa. Encontrando-se com a sua mãe ainda a tomar o pequeno-almoço, a azulada despediu-se dela com um beijo na bochecha. Era sexta-feira, último dia de escola da semana, e a azulada não podia esperar pelo seu fim, no entanto, este dia prometia ser bom, pois um amigo dela estava na sua mente.

- Ele está bem ali, loiro à vista~~

- O quê?

Marinette olhou para um mal escondido Plagg, cuja cabeça saía da pequena bolsa rosa fechada. Colocando a mão sobre a mala para esconder a cabeça flutuante, Marinette seguiu com o olhar a direção que Plagg apontava. Foi então que ela entendeu.

- O Adrien madrugou.

- Assim como tu. Não acordaste tão cedo assim em nenhum dos dias do último mês. - Plagg acusou.

- Ora, não é para tanto. Eu moro perto da escola, posso ficar a dormir um pouquinho mais, mas o Adrien...

- Ele parece ser fã dos doces da padaria dos teus pais, ou então não viria aqui quase todas as manhãs antes da escola.

- Sim, isso é certo. - ela concordou distraídamente. Um sorriso apareceu no rosto dela, que ficou a assistir o Agreste do lado de fora da padaria. Apesar do vidro negro dificultar a visão, Marinette esforçava-se para ver o interior.

O sino da padaria passou despercebido por ela, e nem a sombra que repousou sobre si ela notou.

- Marinette? Bom dia, está tudo bem contigo?

Atrás da azulada, Adrien havia visto a colega de bicos dos pés e olhos semicerrados a olhar pela janela da padaria. Neste momento, o seu olhar pousava numa Marinette desequilibrada que tentava estabilizar o embrulho azul que tinha em mãos.

- Oh, Adrien! Oi! Bom dia, vieste cedo hoje. - ela escondeu o embrulho atrás das costas rapidamente.

- Bem, sim, não tinha muito o que fazer em casa. O meu guarda-costas deixou-me na escola, mas eu aproveitei para vir aqui. - o rapaz sorria, erguendo o saquinho de guloseimas que comprou.

Deixando a conversa fluir, os dois caminharam juntos em direção à escola, que estava a uma passadeira de distância.

- Adrien? - a voz sugestiva de Marinette chamou a atenção do loiro antes que chegassem às escadas da escola. - Feliz aniversário.

Arregalando os olhos em surpresa, Adrien encarou o embrulho estendido diante dos seus olhos.

- Para... mim?

- Para ti. - ela confirmou. - No final das contas, és o único aniversariante que vejo por aqui.

- Eu também faço aniversário hoje! - alguém gritou do topo das escadas, mas essa pessoa desapareceu de vista antes que eles vissem quem era a fonte da voz.

- Como eu disse: "o único que eu vejo aqui". - um sorriso dentuço alastrou-se nela.

A expressão de Adrien foi amolecendo e o espanto foi substituído por um sorriso e olhar calorosos.

- Muito obrigado, Marinette.

- Ei!

Subindo um degrau das escadas para a escola, os dois escutaram uma voz conhecida.

- Alya! - Marinette acenou.

- Bom dia, Alya.

- Bom dia, pessoal! - a blogueira cumprimentou, pulando dois degraus. - Adrien, isto é para ti. A minha mãe insistiu em trazê-lo, desde que gostaste do lanche dela na última vez. - sem graça, Alya entregou uma lancheira ao rapaz.

- Sério? - Alya jurou ter visto estrelas nos olhos do loiro. - Agradece à tua mãe por mim, por favor. - Adrien aceitou o lanche, o seu semblante tornando-se mais brilhante naquela manhã.

No final das aulas, na hora de almoço e fim da escola naquele dia, deixando o final do dia e o fim de semana de folga, a turma da Marinette dispersou-se. Alguns já partiram para longe da escola, outros ainda permaneciam na entrada dela, perto das escadas.

- Sério que o teu velho não vai dar festa nenhuma para comemorar o teu aniversário? Em que caverna ele vive? - do lado de Adrien, Nino conversava com o amigo, soprando bolhas de sabão para o vento levar.

- É o costume, é assim desde que a minha mãe adoeceu. Mas não importa, porque hoje eu já tive um bom dia, Nino. - o loiro enrolava a echarpe azul, prenda de Marinette, à volta do pescoço.

- Ei, mano, hoje tens tempo livre?

- Hãa... - buscando o seu tablet na mala, Adrien verificou a sua agenda. - No final da tarde, mas estarei longe daqui. - ele suspirou involuntáriamente, a sua fachada de satisfeito desabando.

- Oh! - Nino tirou o tablet ao amigo e começou a bisbilhotar.

- O que o Nino está a tramar desta vez? - Alya questionou, uma sobrancelha arqueada enquanto os seus braços estavam cruzados.

- Algo de bom, tenho a certeza!

- Hã? Tu estás envolvida?

- Depende... Envolvida em quê, Alya? - com o dedo no queixo, Marinette fez-se de desentendida.

- Não gozes comigo, Marinette. Vi como vocês cochichavam no canto da sala durante o intervalo. - Alya falou baixinho, caminhando com Marinette em direção à casa da azulada. - É aniversário do Adrien e os seus dois amigos mais próximos ajuntam-se numa conspiração. Vais contar à tua amiga do que se trata, não vais? - ela apontou para si, apenas os dedos roçando com o contacto.

Deixando as suas coisas em casa, Marinette acompanhou Alya até à sua.

A calmaria em Paris mantinha-se até uma borboleta chegar ao seu destino. E isso não tardaria em acontecer.

- Como podem, todos eles, serem pessoas sem noção? Onde estão as suas crianças interiores?! - marchando bar afora, os seus punhos cerrados e pálidos poderiam indicar raiva, isso se o rosto do homem não estivesse deprimente ao ponto dos seus olhos se tornarem aguados, as lágrimas ameaçando escorrer mais tarde ou mais cedo.

- Roberto, tens quase quarenta anos, e nós somos adultos com responsabilidades. Talvez outra hora possamos encontrar-nos por um momento. - passando por si, um homem de camisa verde e óculos escuros falou-lhe, não parando um segundo até chegar ao seu carro. - Até mais! - partindo, Roberto voltou a ficar só.

- Mas... - os seus punhos apertavam-se mais. - É um aniversário... o passar de um ano de vida. Uma vida... sem cor.

A barragem foi derrubada e então foi hora de uma longa lágrima descer pelo seu rosto cabisbaixo enquanto o sol queimava o seu cabelo ruivo encaracolado. Ninguém estava do seu lado naquele momento, as pessoas que ele conhecia estavam longe de vista e quem passava por ele na rua... ele duvidava que o notassem. Talvez ele fosse um fantasma. Talvez as suas emoções devessem ser mantidas escondidas por mais um ano. Ele aguentou os aniversários anteriores como mais um dia comum de trabalho-casa-solidão acompanhada. O que seria mais um ano, dois, o resto da sua vida? Algo de bom apareceria na sua vida, eventualmente. Um aniversário era apenas um dia, os outros dias poderiam ser melhores. Sufocar os sentimentos e guardá-los até um outro mais feliz o substituir.

- Não, não é a única saída, meu caro Alegra. Um aniversário é um vislumbre da nossa breve passagem nesta Terra. Um dia fugaz, mas que deve relembrar-nos do nosso passado, permitir-nos viver o presente e planear o futuro. Alegra, dar-te-ei o poder de trazer essa gratidão de viver a quem não tem esse tempo para a aproveitar. O que me dizes? Em troca, só te peço que me tragas e entregues os miraculous da LadyNoir e do MisterBug.

- Eu aceito...

- Falcão-Traça.

- Falcão-Traça, vou trazer as lembranças de todos ao presente, e eles lembrar-se-ão da felicidade e de todos os seus pensamentos mais alegres! O passado, o futuro e o presente irão colidir num só!

Sendo envolvido por uma nuvem negra, Roberto tornou-se em Alegra. Um pião rodopiava no seu dedo, que havia sido envolto numa seda alegremente colorida, assim como o seu corpo havia-se transformado por inteiro. Para além do pião, uma sombrinha de três lados estava preso na sua cintura, e foi nele que o akumatizado sorridente pegou.

- Que pessoas tristes. - ele girava sobre o seu pé para observar os transeuntes. - Ocupados com a tecnologia superestimada, apressados para o emprego, indo para a escola e perder o tempo de brincar e desfrutar da vida~~~~ Ahhh, que pessoas tristes. Que vida triste. - o seu olhar voltou-se para o céu, uma lágrima hilariantemente grande escorrendo do seu olho retangular, enquanto que o olho circular parecia brilhante e feliz. Cidadãos atarefados, onde se escondem os vossos sonhos? Os vossos desejos?

- Uouuu, é um palhaço, senhor?

Escutando a voz fina, Alegra procurou a fonte, e encontrou-a bem debaixo do seu nariz. Lentamente, ele baixou-se à altura da menina.

- Olá. Qual é o teu nome?

- Nélia. - ela sorria docemente, girando um dos pés, mostrando-se envergonhada.

- Nélia, os teus pais estão por perto?

- Huhum, eles estão num pequeno show de marionetas. - apontando para o longe, a menina indicou o que lhe foi questionado.

- Vem, vamos ter com eles. Diz-me uma coisa... os teus pais estão felizes? - ele perguntou, dando a mão à menina, inclinando-se por toda a trajetória, Alegra acompanhou a criança.

- Hã, eu não sei. O meu gatinho deveria fazer um ano hoje, mas ele foi-se. Eles amavam-no muito. - os seus olhos afundaram em tristeza. Cabisbaixa, o seu olhar seguiu a luz brilhante que apareceu do seu lado.

- Não te preocupes, Nélia, eu tenho um presente para ti. - a cada palavra, o brilho engolia a criança hipnotizada. - Um mundo em que a felicidade só te deixará quando o inferno congelar.

- Quando o quê congelar? - com o olhar já disperso, Nélia perguntou em baixo tom, a sua voz parecendo sonolenta.

Envolta da criança, brilhos a iluminavam. A visão era apenas ela, normalmente, mas reluzente. "Um conto de fadas maravilhoso e mágico", era esse o brilho.

- Agora, Nélia... - ele voltou a abaixar-se à sua altura. - Gostavas de trazer o sorriso de volta aos rostos deprimidos dos teus amados pais?

- Eu farei isso!! Eu, eu!! Os meus pais e todo o mundo vão ver o meu espetáculo, não é, Riscas? - flutuando no ar, a menina erguia um gatinho pardo laranja e castanho e o encarava. A risada da criança deixou um rasto de brilho e serpentinas, que a mesma lançava para o ar em meio às risadas.

Fechando o seu chapéu, o suspiro satisfeito escapou da sua boca sorridente. Paris na sua frente estava movimentada, mas nenhum olhar estava voltado para si. Sem nenhum alarde, sem nenhuma preocupação com a sua presença... isso não era mau. Ninguém o devia temer, ele iria salvar a felicidade de todos de viver. Não deixaria ninguém de fora.

- Ora... - o seu olhar focou na primeira pessoa que o encarou. - Não temas. - ele disse ao homem que tremia ao vê-lo. - Tens medo de palhaços? Relaxa, eu sou o Alegra. Não te deixarei sofrer. Nem a ti, nem a nenhum dos teus amigos e família.

Pegando no seu chapéu triangular novamente, Alegra usou-o para fazer sombra sobre si, impedindo o sol de chegar até ele. Um símbolo estava em cada um dos lados da sombrinha, e eles pareciam indecisos onde parar de cintilar.

- Passado ou futuro? Talvez até o próprio presente... O que te assombra, caro cidadão de Paris? - aparecendo atrás do homem de surpresa, esse que acabou por tropeçar nos próprios pés. - Um medo de palhaços, se for esse o caso... O passado seria o teu problema. - ele pensava alto. - Vamos por aí, vamos levar-te a uma época em que esse medo jamais se manifestou e criar-te um futuro cintilante!

Passeando pelas ruas de Paris, Marinette dava voltas ao exterior de um belo museu, Museu Rodin.

- O primeiro domingo de outubro está perto. Sabes o que isso significa, Plagg?

- Reposição do estoque de queijos? - Plagg tentou, saindo da mala e escondendo-se dentro do casaco de Marinette.

- Não, significa que poderei vir aqui nesse dia e, como é grátis, não haverá mal se eu convidar alguns amigos meus.

- E depois? Para todos os menores de idade é grátis. Espera! O Adrien vai lá estar? Junto daquele homem gorila?

- Se correr como o planeado. Essa empolgação toda é pelo Adrien, Plagg? Eu devia ficar com ciúmes. - ela provocou-o, colocando a mão na cintura e um olhar espantado mergulhado em mágoa.

- O quê? Eu não tenho interesse algum no rapaz, mas eu estava a pensar se...

E agora, o que eu invento? - o kwami coçou a cabeça.

- Oh, olha, um akuma! - Plagg apontou para o longe.

- Vai, Plagg, não te provoco mais, mas não brinques assim. - no entanto, olhando para o lado, Marinette ofegou. - Eh? Mas o meu anel não me avisou de nada! - antes que fosse vista pela estranha pessoa voadora, ela virou a esquina e agachou-se perto do muro do museu.

- Ele sempre avisa, mas um pode ser mais fraco que o outro. Não é o método mais eficaz para descobrir um akumatizado, nem todos são tão prejudiciais no equilíbrio quanto outros. - Plagg sacudiu a cabeça.

Na rua deserta, Marinette teve a certeza de que não tinham olhos postos nela.

- Então, Plagg...

- Cá vamos nós. - ele choramingou em antecedência.

- Mostrar garras!

Sugado para o interior do anel, Plagg fez LadyNoir surgir.

Ainda agachada, LadyNoir observou as ações da mulher que voava para longe.

- Geremi? Geremi? Olga? - a mulher procurava e procurava algo pelas ruas da cidade. Sem se aperceber, a super-heroína de Paris espiava-a e perseguia-a. - Por favor, apareçam! Eu tenho muito que vos dizer! Tanta coisa...

Ela parece triste. - LadyNoir reparou, mantendo-se fora de vista.

- Oh, Alegra, isto não é divertido, isto não é feliz. - entrelaçando os dedos, a mulher adulta parecia rezar.

- Quem são eles?

- Os meus pequeninos, os meus filhos.

A resposta que LadyNoir não esperava veio, então ela apressou-se em tapar a boca e voltou a esconder-se. Não estava nos seus planos, mas escutar alguém a chorar afundava o coração da heroína numa angústia infernal, especialmente se a história daquela mulher for a que ela pensava.

- Está tudo bem consigo, senhora? - decidindo por fim revelar-se, com cautela, LadyNoir aproximou-se da mulher, o seu bastão em seu alcance. - O que lhe aconteceu? A si, quero dizer.

A mulher estava em cima de uma sombra da esplanada de um café, o brilho que se expelia dela ultrapassava os raios solares e iluminava o ambiente em tons coloridos sonhadores, mas o seu rosto não estava feliz, nem de longe. Lágrimas escorriam uma após a outra.

- Ele prometeu que eu seria feliz.

- Quem, senhora? - aproximando-se mais ainda, LadyNoir elevou-se até à altura da outra, içando-se no seu bastão. - Quem lhe fez isso? O brilho...

- E estas ilusões. - a mulher ergueu o rosto choroso.

- Ilusões?

- Eu não sei o que está a acontecer comigo, menina. Uma ora eu estava... - o seu rosto baixou. - Noutra, um ser estranho com uma sombrinha triangular estava a rodear-me. Depois disso, o inferno começou.

Ela não é a akumatizada então. Ele anda por aí. - pensando nisso, LadyNoir fez o seu bastão alongar-se mais e começou a digitar uma mensagem.

"Akumatizado em Paris. O verdadeiro é quem tem uma sombrinha triangular. Encontra-me na Torre Eiffel."

- Hã?

Vendo um fita colorida cair diante dos seus olhos e a pousar no seu nariz, LadyNoir ergueu o olhar ao céu.

- Serpentinas? Que jeito isso dá? - ela rabujou, tirando as serpentinas de cima de si. Lembrando-se da mulher, o seu olhar tornou-se solene. Gostava de poder ser capaz de fazê-la sentir-se melhor agora... Mas não tenho como. - Minha senhora, aquele homem colocou alguma coisa dentro de um objeto seu, ou... talvez, quem sabe... hã... - suspirando, a heroína negra acalmou-se enquanto se recompunha. - Eu e o MisterBug trataremos do akumatizado, enquanto isso, por favor, mantenha-se a salvo, longe desse lunático!

LadyNoir partiu, deixando a mulher com uma pequena esperança no seu interior. Alegra também lhe deu uma esperança, mas essa trouxe a infelicidade de volta ao olhar acastanhado da mulher.

Chegar à Torre Eiffel não demorou muito, pelo contrário, nem o seu parceiro ao combate ao crime tinha chegado. Então ela esperou, olhando para Paris abaixo de si e todo o seu horizonte. A visão era ampla, e mesmo que as pessoas parecessem formigas daquela altura, ela usou o seu bastão como uma espécie de lupa. Nela, ela observava a situação dos cidadãos.

- My Lady.

Escutando os passos lentos em sua direção, a heroína esperou que ele viesse ao seu encontro.

- "Um akumatizado com uma sombrinha triangular", não me deparei com ele, mas com os outros... - um suspiro escapou-lhe. - Uns parecem tão felizes, enquanto outros...

Virando-se, LadyNoir deparou-se com o seu parceiro irado, bravo além do que a sua expressão parecia poder transpassar. Mas o sentimento que ele sentia, ela adivinhava ter sentido o mesmo poucos minutos atrás.

- Parece que o carnaval chegou mais cedo. - LadyNoir ironizou, largando a lupa do seu bastão e parando de observar o caos brilhante da sua cidade.

- Vamos procurar o akumatizado, gatinha? Chamaste-me aqui... Então, algum plano? - a curiosidade voltou a ele que, galantemente, sorria para a parceira.

- Vou confessar, tinha alguma esperança que ele próprio viesse até nós. - apoiada nas barras da torre, LadyNoir confessou.

- Não é um mau plano, os akumatizados querem sempre os nossos miraculous. Por que é que esse Falcão-Traça quere-os tanto? Tipo... Ele tornou-se um vilão e começou a aterrorizar Paris apenas com esse objetivo? - encostando as costas na barra, MisterBug lançava os seus pensamentos ao ar.

- Pois, acho que eles não nos deixará saber, mesmo que lhe perguntemos. - LadyNoir brincava com as sobrancelhas, endireitando-se. - Por agora, temos de garantir a segurança das pessoas daqui.

- E alguma delas, possivelmente, é o nosso querido amigo Falcão-Traça.

- Provável.

- Investigação esta noite, My Lady?

- Só se trouxeres o chocolate quente esta noite.

- Feito.

- Então combinado.

Tendo o mesmo pensamento, ambos partiram da torre e sobrevoaram pelos prédios e infraestruturas.

- Tem cuidado, não sabemos se eles também nos podem atacar sob as ordens do principal. - MisterBug avisou, o seu yoyo rodando ao seu lado, fazendo-se parecer um grande escuto vermelho.

- A mulher com quem falei parecia totalmente sã, o poder dele não deve poder ser capaz de controlar os outros, por mais que ele tente. Estas pessoas têm emoções muito fortes para serem manipuladas e se deixarem levar por ele.

- Essa mulher sofria muito. - notando o tom da parceira, a sua pergunta só fez o olhar de LadyNoir ceder em tristeza.

- Digamos que eu não tive coragem de procurar saber mais, o que ela contava em meio às suas alucinações sobre os seus filhos... eu não pude questioná-la. Não no estado em que ela estava.

- Compreendo... Vamos terminar com este pesadelo o quanto antes e libertá-los!

- Sim! Mas antes, o akumatizado. Ele parece ser alguém discreto, não como a Tempestuosa, o Senhor Pombo ou até a Noite Perdida. Será como encontrar uma agulha num palheiro.

- Se é assim, acho que podemos fazer uso de uma ajudinha profissional. - ele enrolou a última palavra, preparando-se já para digitar a sua mensagem no yoyo.

- Hum? - por outro lado, LadyNoir olhava-o sem ideia do que se passava na mente do loiro. Enquanto o outro escrevia, ela mantinha-se em guarda, mesmo ambos estando em cima de um prédio alto, não estavam seguros de algumas pessoas que voavam por aí.

Em pouquíssimos minutos, LadyNoir escutou a notificação no seu bastão.

- Uma localização, MisterBug? Mas se eu estou logo aqui na tua frente.

- É a arte do mistério que dá um gostinho a mais à nossa vida, minha cara parceira. Vá, adiante!! - sem esperar, MisterBug seguiu em frente.

- É mas é um Rei do Teatro, aquele ali. - ela retrucou, tendo sido deixada para trás.

Uma ideia veio à sua mente quando chegou ao local indicado e viu o gatinho conversar com uma jornalista de cabelos lilases.

- Nadja Chamack? O que estavas a conversar com ela? Não me digas que a tua ideia é...

- Pedir ajuda ao jornal para encontrar esse vilão por Paris. Sim, é isso mesmo.

- Como eu não previ isso antes de pousar aqui?

- Porque pensas demais, My Lady. Às vezes a solução é a mais simples.

- MisterBug, LadyNoir.

Ambos olharam para o homem que os chamou e seguiram para dentro da sala. Nela, inúmeras telas mostravam diferentes zonas de Paris.

- Alguns deles podem encontrar-se com o akumatizado. - inclinando-se sobre a mesa, LadyNoir observava as diversas telas.

- Podem ficar aqui quanto tempo precisarem, LadyNoir e MisterBug. Em breve, farei o pedido a todos os repórteres da área.

- Obrigada, Nadja. - ao som do agradecimento de MisterBug, a mulher de cabelos lilases acenou e sorriu ao sair pela porta, deixando os dois heróis sozinhos. - Bem, ao trabalho, gatinha! - pulando para uma das cadeiras, MisterBug acomodou-se e colocou os fones.

- Penso que é melhor do que perambular por Paris ou França inteira. - LadyNoir cedeu e imitou o parceiro, acomodando-se na cadeira do lado dele.

Entre uma, duas, cinco, oito, doze telas, encontrar o akumatizado não estava a ser fácil. Ele não aparecia em nenhuma das telas, mas sempre haveria um lado positivo.

- Se ele não aparece em nenhum destes ecrãs e nem vítimas parecem haver, então temos uma área limitada. Procuraremos onde mais vítimas estão aglomeradas, e isso parece ser na zona sudoeste. - tirando os fones e pousando-os na mesa, LadyNoir começou a planear, levantando-se.

- O caos parece ter começado perto do teatro beneficente que está a decorrer a alguns quarteirões daqui, mas as vítimas estão a crescer bem nesta zona. - MisterBug enviava o que apontou no seu mapa para LadyNoir, levantando-se também.

- Vai direto para o centro, eu vou dar a volta à área e vou lá ter.

Plano formado, os dois correram para fora do edifício. O local não era extremamente longe, e eles percorreram a distância mais rápido do que um avião seria capaz. Se eles acertaram ou não, MisterBug seria o primeiro a descobrir.

- Eles virão atrás de mim quando estas pessoas propagarem a sua felicidade. Eles não poderão resistir ao toque dos meus amados amigos.

Com quem ele está a falar? Ah, certo, o senhor das borboletas. - MisterBug pensava para si, escondido. - Calma, o que foi que ele disse? Nós deveríamos ser afetados pelo toque das vítimas dele? Não admira que nada tenha acontecido com a LadyNoir, aquela sua "amiga" não estava nem perto de estar feliz. - mais uma vez, MisterBug apressou-se para escrever à parceira.

"Alvo localizado. PS.: acreditas que o toque das vítimas nos podem levar para o lado deles? Não lhes toques, princesa!"

A mensagem foi enviada, mas não chegaria a tempo a LadyNoir, mas por uma boa causa.

No rosto de Alegra, um pé era plantado no meio do seu rosto, lançando-o longe através dos muros, árvores e obstáculos que o seu corpo encontrava pelo caminho.

- Tens noção do estrago que estás a fazer à vida destas pessoas?! - a heroína não deu tempo ao pontapeado Alegra de se levantar. Em fúria mal contida, LadyNoir jogava ping-pong com o akumatizado com o seu bastão. - Estas pessoas não precisam dessa dose diária de ilusões nas suas vidas, não precisam que ninguém manipule os seus sentimentos, que decida o que é que elas querem ou não! Eles não querem nada do que tens a oferecer, Alegra!

- Opa... - pasmo, MisterBug ainda processava o repentino aparecimento da sua parceira. - A minha princesa é tão linda quando está com raiva. - o seu sorriso derreteu a sua expressão em adoração. - Mas isso é agressivo demais!! - em alarme, MisterBug correu em direção a LadyNoir, que se preparava para chutar forte aquele vilão no ponto que previa ser sensível.

- Onde está o teu akuma? - LadyNoir começou a vasculhar os objetos de Alegra.

Levanta-te, Alegra! Não a deixes sair impune, ela que está a tentar destruir a felicidade pela qual estás a lutar!! - na sua mente, apenas a voz de Falcão-Traça era clara, já no exterior, um borrão negro e um ponto vermelho permaneciam presos na sua visão zonza.

Não posso, eu... Estou tão zonzo que podia... Por que eu estou a fazer isto, mesmo?

Não!!

Uma sombrinha foi quebrada ao meio, um chapéu foi rasgado, e nesse meio tempo MisterBug apenas se juntou à euforia da parceira, que começou a partir todos os objetos que via.

- Encontrei! - libertando-se de qualquer traço de raiva, LadyNoir sorriu para a borboleta negra que voava do objeto.

- Hum, um panfleto? - MisterBug questionou, ao mesmo tempo abria o yoyo. - Está na hora de livrar-te dessa maldade, pequeno poço de vilania~~ Bye, bye~~ - ele acenou. - Isto foi tão rápido. - ele disse, olhando para a borboleta, agora branca. - E isso graças a ti, My Lady.

- Bom trabalho! - chocando os punhos, os seus sorrisos enfeitavam os seus rostos.

- Hã, onde estou? - e, mais uma vez, o akumatizado mostrava-se ser apenas mais uma vítima do portador do miraculous da borboleta.

Respirando fundo, os heróis chegaram perto do homem.

- Está tudo bem, senhor? - agachando-se, LadyNoir colocou uma mão sobre o ombro alheio.

- Sim, sim estou, LadyNoir. Eu... fui vítima daquele vilão das borboletas?!

- Sim, foi, mas o problema foi resolvido. - ela deu-lhe um pequeno sorriso.

Olhando nos olhos da super-heroína, o ruivo pôde sorrir por breves momentos, mas ele não durou. Aquele olhar triste, que LadyNoir tanto viu naquele dia, estava estampado na cara daquele homem.

- É o aniversário de alguém? - aproximando-se, MisterBug gesticulava para o panfleto em mãos, antes de o entregar a um tristonho ruivo.

Levantado, o homem observou o panfleto.

- Era o meu desejo ir lá, hoje. É que... eu faço anos hoje. E queria ir com os meus amigos. - a melancolia estava ali. - Mas eu sou... velho... - a palavra saiu-lhe. - ... demais para isso.

- Velho? - as sobrancelhas dos heróis levantaram-se.

- E também os meus amigos, a vida adulta ocupa o nosso tempo e é complicado encontrarmos um jeito de nos vermos por mais de cinco minutos. - o seu olhar vagou para o lado. - E-Eu entendo, agora eu entendo. As pessoas têm a sua vida, e é como diz o ditado "um dia de cada vez". - o seu sorriso tremia, e os heróis não o tentavam replicar, porque eles sorriam de verdade. Um olhar solene nos seus olhares.

- Mas tudo bem querer dividir esse dia com os amigos e família. - MisterBug sorria-lhe.

- Esse é um dia único para a pessoa, pode não ser especial para 99,9% das pessoas, mas para quem te é próximo, quem te ama... Qual é o mal de querer festejar? - ela deu de ombros, o seu olhar mirando MisterBug.

- Se eu pudesse encontrar quem me é querido nesse dia nem que apenas por uns bons momentos, seria o bastante para me alegrar e eu torná-la-ia numa das minhas lembranças felizes. - ele sorria à parceira.

- E para isso... Tem em mente quem lhe é querido?

- Roberto. É o meu nome. - o homem respirava fundo, os seus pensamentos trabalhando a mil à hora, mas já vendo uma linha de chegada. - E sim, eu estou melhor esclarecido agora. Agradeço-vos muito, LadyNoir, MisterBug. - ele apertou as mãos de cada um antes que os repórteres se aproximassem ao local.

Numa despedida, os dois heróis dispersaram-se, deixando os repórteres com poucas palavras.

Na pressa, Marinette correu para casa e pôs o avental.

- O que vais fazer? Bolo de ricota? Cheesecake? - Plagg rondava Marinette, empolgado.

- Não estava nos meus planos, mas posso fazer alguns para ti, claro. - a azulada falou enquanto colocava os ingredientes sobre a mesa de madeira. - Tenho que me apressar então, Plagg, estou a contar com a tua ajuda. - sem aviso, Marinette colocou um rolo de cozinha nas patinha do kwami.

- Um kwami a cozinhar? - Plagg parecia atónico, antes do seu rosto murchar. - Os portadores sempre nos fazem de capachos.

- Obrigada, Plagg~~~

Um bom sinónimo para "Marinette" seria "desastrada", um desastre ambulante que contagia quem a rodeia, pois Plagg, um kwami que passa pela matéria física conseguiu derrubar tantos utensílios quanto a sua portadora. O sinónimo dele agora combinava com o dela, pelo menos: "trapalhão".

Pondo todos os bolinhos em diferentes caixas, Marinette tentava ser o mais cuidadosa possível.

- Ah, Plagg, estes cupcakes não têm creme ainda! - ela aterrorizou-se.

- O creme era para eu comer, ou não? Eu perguntei-te.

- Não, meu Deus, estamos atrasados! É um desastre, isto é...

- Tem aqui mais! - ele apareceu com outro saco de creme. - Apressa-te, apressa-te.

- Humm... Tu! Coloca o resto dos docinhos e bolos nas caixas, eu vou tratar disto rapidinho.

Ambos começaram a pôr mãos à obra até Tom aparecer.

- Marinette? Querida, precisas de alguma ajuda?

- Não, pai! Obrigada, pai! Na verdade, podes colocar o resto da caixas em cima destas aqui. - a azulada abriu um longo e dentuço sorriso, esperançosa.

- Claro...

Vendo a filha atolada de caixas, Tom decidiu antes tirar-lhas e colocar tudo na traseira da bicicleta da filha, colocando as caixas mais pequenas na cestinha da frente.

- Obrigada, papá~~ Coloquei o dinheiro de tudo na gaveta! - ela disse, dando-lhe um beijo na bochecha antes de sair de vista.

Marinette levava os doces, sim. Para onde, em breve se saberá.

- O pai dele não vos expulsará a todos? - escondido na bolsa, Plagg perguntou.

- O pai dele nem vai sonhar com o que estamos a fazer. Se tudo correr bem e o plano do Nino seguir sem interferências, eles já devem estar todos juntos perto do rio.

- Agr, rio, peixes. Que-ro quei-jo~~~

- Eu não me esqueci de ti, Plagg. Tem um restaurante pelas redondezas, se o guarda-costas do Adrien alinhar, podemos todos ir lá. - ela sorria.

- Marinette!! - a voz de Alya já era audível.

Perto do rio, Marinette encontrou-a. Ivan e Mylène pegavam os doces da Dupain-Cheng e juntavam-nos à toalha estendida para o piquenique que planearam. Alix veio e pegou as caixas pequenas que estavam na cestinha. O pôr do sol já se estava a pôr, o que tomava o rio numa bela cor alaranjada vívida, mas o céu ainda mantinha a sua cor azulada, uma breve, que logo passaria avante.

- O Adrien ainda não chegou? - andando lado a lado com Alya, a azulada olhava ao redor. Muitos dos seus amigos já estavam presentes, mas o principal ainda não chegou.

- O Nino já está dentro do carro do Adrien, tudo indica que vai correr bem.

- Mas nós só saberemos quando, de facto, eles estiverem aqui. - pondo a mão a tapar a luz solar sobre os olhos, Marinette tentava avistar ao longe.

Vendo a paranoia perfeccioista da amiga, Alya cutucou-a, chamando a sua atenção. Seguindo a direção que Alya apontava, Marinette avistou um carro prateado metálico.

- É ele! - ela sussurrou, toa animada. - Adrien! Nino!

O carro parou na frente das duas meninas, e Nino saiu, puxando o pulso de um abismado Adrien.

- Obrigado, senhor Gorila. - Nino acenou, antes de fechar a porta do carro. Satisfeito, Nino sorria de vitória. - Mano, se não fechas essa boca então não vais ter tempo para comer nada. - dito isso, Nino puxou um saco de treino.

- Eu nunca tinha vindo a esta parte da cidade. - finalmente o loiro verbalizou algo naqueles minutos em que estava enraizado no chão.

Imaginando o porquê, nenhum dos seus amigos falou nada. Em vez disso, eles o encaminharam em direção à grande toalha de mesa rosa colorida que Rose trouxera.

Da bolsa de Nino, não estavam roupas ou outros equipamentos, mas sim refrigerantes e sumos, na sua maioria. Algumas batatas fritas também, mas a sua maioria foi trazida pelos demais colegas de turma, como Max e Kim. E, para divergir, Alya foi quem trouxe pequenas comidas, delicias em formatos pequenos, algo que uma chef de cozinha como a mãe da menina seria capaz de fazer numa tarde.

O vento era suave e o frio ainda não se instalara, a água do rio ondulava levemente, mas ridiculamente quando os adolescentes competitivos da turma, como Alix e Kim, se juntavam e lançavam pedras à distância. Juleka estava silenciosa, mas Adrien recebeu o seu presente de coração de bom grado, e foi assim com os demais amigos. Eles tentavam aproveitar aquele momento sem pensar no tempo, pois sabiam, com certeza, que aquilo não duraria muito.

Conversa fluía, silêncio se estabelecia, as risadas eram arrancadas do grupo de amigos durante aquele quarto de hora.

Já de noite, obviamente todos voltaram para as suas casas horas atrás. No entanto, os seus álter egos eram livres. E eles escapuliram à luz da noite, sobre a torre da Catedral de Notre-Dame.

- Boa noite, My Lady.

- Joaninha, o vento levou-te outra vez? Estás bastante atrasado. - ela endireitava a sua posição sentada no centro da catedral.

- Vento não, mas deveres. Mas ei, estamos aqui juntos e a sós. - ele inclinou-se para mais perto a parceira.

- Vamos vigiar Paris. - LadyNoir tirou-lhe a graça.

- Claro. Junto a ti, gatinha assanhada. - por fim, MisterBug sentou-se do lado da parceira.

Respirando o ar frio da noite, os seus olhares mantinham-se atentos à paisagem. Uma borboleta roxa seria difícil de ver (talvez nem tanto para a LadyNoir), mas quem sabe? Em Paris tem muito mais a acontecer do que a vilania do Falcão-Traça.


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