36#A gêmea da Guerreira Dragão do Mar

15-04-2025

Capítulo 36 - O Terceiro Olho

- Uou!! Eu estou vivo!! - Asta verificou o seu corpo, só para ter certeza absoluta. - Finalmente vencemos?! Espera... Gauche?!! - reparou Asta, com estrelas nos olhos.

- Eu não consegui ver a velocidade da luz... - disse Gauche, com os dedos ao redor do seu olho de espelho. - Mas tu não conseguiste desviar, pois não? Prova do teu próprio veneno!! - exclamou Gauche ao Licht caído, antes de sentir um peso sobre a cabeça.

- Ahahahah! - Yami ria-se enquanto despenteava o cabelo de Gauche. - Que bom que tu voltaste, Gauche! E com um golpe tão tremendo, desgraçado!!

- Capitão! - disse Gauche, surpreendido. - Foi tudo graças a si naquele dia... - disse Gauche, tranquilamente.

- É mesmo, é mesmo! Ahahahaha! Então no final o herói fui eu! - disse Yami, divertido, enquanto despenteava o cabelo de Gauche.

- Mas no final o capitão não fez nada. - exclamou Asta, com estrelas nos olhos.

- Fica quieto, seu egoísta. - Asta queixava-se com o aperto na cabeça infligido por Yami. - Não fiques a achar-te quando estavas a levar a maior surra.

- Opa, opa... Todos nós nos esforçamos muito. - disse Finral, chegando perto dos demais.

- Todos menos tu. - disseram Yami e Gauche, em sincronia, olhando fixamente para Finral.

- O quê?! Qual é?!! Sem a minha magia espacial vocês não estariam aqui! - exclamou Finral, defendendo o seu esforço.

- Anda logo! Eu quero ver a Marie. - disse Gauche, bruscamente.

- Eu já disse que sou teu veterano!!! - exclamou Finral.

- Ah, Marie... O teu maninho conseguiu. E tu vais abraçar-me e vais elogiar-me. Ahh, Marie. - Gauche abraçava-se, sonhador, enquanto sangue escorria do seu nariz. Mas num momento, ele parou. - Eu estou a sangrar? - perguntou ele, em dúvida.

Ignorando a pergunta de Gauche, Finral falou.

- Vou dizer novamente. - Finral fechou os olhos enquanto se acalmava. - Eu só posso usar a minha magia uma última vez. E antes eu preciso recuperar mana primeiro. Esperem um pouco! - exclamou ele, fazendo os dois homens à sua frente virarem crianças zangadas.

- E tu também, capitão! Nem vem! - avisou Finral.

- Eu não quero deixar a Marie à espera! - disse Gauche, chateado, após virar as costas a Finral.

- Tu não prestas para nada, hein! Caramba! - disse Yami, virando as costas assim como Gauche.

- E tu és muito cruel! - retrucou Finral, atrás dos dois homens.

- Ai, a minha cabeça!! - queixou-se Asta, que rolava por um destroço no chão com as mãos na cabeça.

Enquanto isso, os outros três andavam em direção a Licht.

- Parece que a tua magia foi rebatida. Pelo visto, tinhas outro inimigo natural, que pena. - com um cigarro na boca, Yami parou em frente ao destroço em que Licht se mantinha deitado.

As suas feridas não lhe permitiam muito movimento, mas Licht ajeitou-se para olhar melhor o homem que refletiu a sua luz contra si.

- Eu não podia... fazer alguma coisa... que te ferisse... - apesar de fraca, a sua voz chegou aos ouvidos dos Touros Negros.

- Hã? Do que estás a falar? - perguntou Gauche, a confusão não apagando a curiosidade, fazendo Licht sorrir com a sua expressão.

- Ops. Tu conhecia-o? Foi mal... - disse Yami, a olhar para Gauche.

- Claro que não, nunca o vi antes. - respondeu Gauche.

- Em algum momento... tu entenderás... - disse Licht, relaxando o pescoço trémulo e pousando a cabeça na rocha.

- Eu não estou a entender é nada, mas... Serás levado ao quartel general dos cavaleiros mágicos e lá poderás falar tudo o que quiseres sobre a tua organização. - disse Yami. - Agora que nós nos vingamos pelo cabeça quente, que ele descanse em paz. - desejou Yami, sorridente de olhos fechados enquanto rezava pelo colega capitão.

- Mas ele não morreu! - gritou Asta, os olhos em branco.

- Isso aí é um mero detalhe. - retrucou Yami, olhando para trás.

- Um mero detalhe?! - questionou Asta, pasmo, com gotas de suor na bochecha.

Ignorando Asta, Yami abriu o seu grimório.

- Vejamos... Prisão da escuridão... Como é que era mesmo? - perguntou Yami, o grimório ainda a mudar de páginas. - Ah, aqui está. Magia de Restrição da Escuridão. - dito isto, duas cordas de escuridão saíam do grimório do capitão em direção a Licht. Mas... foi nesse momento que o mago da escuridão percebeu novas presenças na caverna.

- Aquela magia de espaço... - indagou Asta, incrédulo. - Mesmo estando desmaiado? Como ele pôde?! - questionou Asta, olhando para Valtos encostado a uma rocha, desmaiado.

- O quê? Quem são eles? - perguntou Finral, confuso. Embora não conhecesse os recém chegados, ele podia afirmar que a magia dos três era tenebrosa.

- Uahhhh... - bocejou o homem com madeixa branca no cabelo. - Parece que as coisas ficaram feias por aqui... Até para quem acha tudo aborrecido como eu... Agora preciso salvar os meus amigos... - terminou, frente a Yami, que olhava para o longe enquanto pegava na katana.

- Olha... Que design diferente... - o homem tocou na capa do grimório de Yami. - Não que isso faça diferença.

- Tsc! - expressou Yami, posicionando-se para atacar. Descuidei-me! Ele também se move à velocidade da luz?!! - pensou ele, os dentes cerrados pelos nervos. - Magia da Escuridão: Lâmina Negra Imbuída em Trevas!

No alcance do extenso corte de escuridão, o ombro do inimigo foi apanhado.

- Ai, isso dói!! Mas que porcaria!! - exclamou ele, com um olho fechado pelo desconforto, antes de pousar perto dos seus colegas. - Mas está tudo bem. Algo assim é fácil de se concertar. - sorriu ele. - Magia de Luz: Partículas de Cura de Luz.

Asta olhava com dentes cerrados para o homem, o seu olhar parecia atormentado, mas foi mudando gradualmente...

Aquele homem... Agora que eu me lembro! Ele usou a mesma magia que o homem das sobrancelhas redondas para matar a Azuli naquele dia!! - pensou Asta, zangado, as suas espadas saíam de dentro do seu grimório, que brilhava em vermelho sangue.

- Eu vou matar-te! - disse Asta, entre dentes. Ambas as suas mãos apertavam as espadas afiadas, tudo o que faltava era alguém que as manuseassem.

Essa fala atraiu os olhares dos seus companheiros, que ficaram chocados com a raiva que transbordava do seu colega normalmente amável, mas também atraiu o olhar de quem mais queria cortar naquele momento.

- Oi, há muito que não nos víamos, nanico! Sinto a Azuli por perto, então tira essa cara. Não tive oportunidade de conhecê-la na última vez, mas... - o homem abriu um sorriso no meio da fala, os pensamentos a correrem pela sua mente. - Esta é a oportunidade perfeita, não concordas? - disse ele, antes de sentir algo frio e afiado passar pelo seu rosto.

- C-Calma! Ele só está a meter-se contigo! - Finral segurava Asta por um dos braços do rapaz que rachava o chão com a força que fazia para andar em direção ao homem.

- Fica... calmo! Droga! - disse Gauche, entre dentes, a força física não era o bastante, mas a escassa mana que lhe restava aguentava Asta.

Divertido, Rhya olhava para Asta antes de bocejar novamente. O sangue que escorria pelo pequeno corte na sua bochecha aumentava o seu prazer em ver a cena à sua frente.

Yami não perdia o olhar do inimigo. Ele não entendia a atitude do seu subordinado, mas por alguma razão havia de ser. Eles já se encontraram antes... Disso Yami sabia. E, aparentemente, o encontro não correu bem.

-Magia de Cura de Fogo: Vestes de Anjo da Fénix. - uma voz monótona falou, envolvendo Licht num manto de chamas.

Sob o brilho das chamas, Licht sorriu levemente.

- Vocês vieram... Sinto muito. O meu poder sozinho não foi suficiente... - disse Licht, suavemente.

- Ai, Licht... É chato quanto tu tentas resolver tudo sozinho. - Rhya bocejou.

- Como se atreveram a fazer aquilo com o meu amigo?! - disse um homem coberto de pelos loiros, os seus dentes afiados lembravam um leão. - Não vou perdoar-vos! Vou fazer-vos todos em pedaços!!

- Detesto a pessoa que te fez isso... - disse uma rapariga de cabelo rosa, uma pedra lilás incrustada na sua testa.

- Quem são estas pessoas?! - perguntou Finral, sobressaltado, ainda a segurar o agora mais calmo Asta.

- Vou apresentá-los. - disse Licht. - Eles são os três membros mais fortes do Olho do Sol da Meia Noite. Em combate são superiores até mesmo a mim. Melhor conhecidos como "Terceiro Olho".

- Mais fortes que tu?! - perguntou Finral, com um sorriso nervoso. - Ah... Isso é só um blefe, não é?

- Blefar é uma coisa tão aborrecida. - Rhya bocejou novamente, antes de olhar para Asta e abrir um sorriso divertido. - Se me dão licença... - Rhya esticou o corpo, estalando o ossos das costas. - Eu tenho outros assuntos a resolver.

Os sentidos dos mais jovens Touros Negros foram perdidos, num momento para o outro, os três caíram no chão. O sangue que cuspiam sujava o chão para o qual olhavam intensamente, porém... Os seus olhares não pareciam ter foco.

- Maldito! - exclamou Yami, recuperando o equilíbrio.

Droga! O meu ombro está atordoado! Que magia estranha foi aquela?! - pensou ele, apertando os dentes. - Mais importante ainda... Para onde é que ele foi? - pensou Yami, olhando para o túnel pelo qual suspeita que Rhya passou a uma velocidade exorbitante.

- Que previsível... - Licht suspirou e voltou a abrir os olhos. - O vosso reino é simbolizado pelo trevo... As folhas do trevo têm um significado, que são: sinceridade, esperança e amor. Eles os três têm nomes que são o contrário desses significados. - disse ele, enquanto Yami ouvia atentamente, mas desgostoso. - Quem acabou de sair era o Rhya, da Desonestidade. Os outros dois são... Vetto, do Desespero...

- Magia de Besta: Garra de Urso! - gritou Vetto, os dentes afiados num sorriso entusiasmado enquanto corria velozmente contra Yami, a quem partiu a katana após poucos golpes com as suas garras.

Com as mãos envolvidas em mana laranja, Vetto, em uma velocidade alarmante, fez Yami rolar pelos destroços que era o chão.

- Ahrr... - Yami segurava a lateral do seu tronco, onde estavam as suas costelas. Uma enorme garra parecia tê-lo rasgado. Um pedaço da sua carne rasgada parecia estar a pouco de se desapegar do corpo.

- Vamos! Quero ver a tua expressão de desespero!! - disse Vetto, o seu olhar desejava sentir o medo, a dor alheia.

- E Fana... do Ódio... - terminou Licht, que alargava o sorriso vendo Yami caído.

- Eu odeio-te... Não te vou perdoar... - disse Fana, monotonamente, alastrando as suas chamas ao redor da caverna. Ao som do crepitar das chamas, Fana deu a ordem à salamandra de fogo no seu ombro. - Mata-os... a todos.

Ordem dada, a salamandra cuspiu uma onda de fogo.

Perto da caverna...

As pegadas permaneciam na neve. Respirações pesadas soltavam ar quente pelo local gelado.

- Ah... - um suspiro ouviu-se. - Pensei em procurar um local mais seguro e quente, mas... - Noelle olhou para a frente. - Quanto mais eu ando, mais frio parece ficar! - queixou-se ela, em alto e bom som, enquanto arrepios passavam por todo o seu corpo. Em seus braços, Azuli estava encolhida.

Ela deu mais alguns passos, mas parou novamente.

- Talvez... eu deva voltar. - Noelle olhou para o redor. A neve branca enfeitava todo o seu campo de visão, mas o que a preocupava não era unicamente não saber o caminho pelo qual seguir. Um ardor fazia-se sentir por toda a sua perna e especialmente nos tornozelos. - Se ao menos eu pudesse... - começou ela, incerta, a sua visão a procurar algo ao redor. - Se calhar se eu for para um local alto eu possa ter uma ideia para onde ir!

Recuperando a força, Noelle segurou firmemente Azuli e começou a andar pelo caminho que achava ser a direção do topo da montanha onde estava.

Alguns minutos se passaram e Noelle arrastava os pés pela neve. O seu calçado não era de longe o mais adequado para andar pela neve, a sua roupa fina seguia o mesmo propósito de verão que o calçado. O vento frio da montanha passava sem problemas pela roupa de Noelle, fazendo-a tremer com o frio que deixava a sua pele gelada.

O frio era um problema, era verdade. Mas o gelo que se instalou no momento seguinte fez Noelle pular e cair no chão. Para surpresa de Noelle, tanto ela como Azuli, que se mantinha aconchegada no abraço da irmã, escorregavam pelo chão gelado.

- Gelo?! - Noelle reparou o que estava abaixo de si assim que sentiu que as suas roupas começavam a ficar coladas ao gelo. Ela levantou-se cuidadosamente, apesar de tremer, levantando Azuli consigo. - O que havia aqui antes? Uma lagoa? - especulou Noelle, ao olhar a extensão do gelo. - Hum... Uma lagoa alpina? Estou rodeada de montanhas agora... - Noelle olhou mais pelo local, abraçando Azuli ao mesmo tempo que a sustentava.

- Princesa?

- Hum? - Noelle olhou para trás, mas não viu nada nem ninguém.

- Noelle.

- Hm... Sou eu... Mas de onde vem esta voz? - perguntou Noelle, abraçando Azuli mais fortemente com o braço esquerdo enquanto procurava a sua varinha no bolso do vestido com a outra mão.

- Princesinha... - uma voz divertida chamou, atraindo rapidamente a atenção de Noelle. - Opa! Não é preciso tanta agressividade. - o homem bocejou após desviar da esfera de água de Noelle.

- Tu! - Noelle apontava a sua varinha para o homem, o seu desprezo era visível no seu olhar. - Foste tu quem tentou matar a minha irmã na outra vez! - mais uma vez, Noelle lançou uma esfera de água contra o homem, que se desviou sem problemas.

- Essa visão está muito distorcida. - disse o homem. - Vamos começar do início... Eu sou o Rhya, membro do Olho do Sol da Meia Noite... - disse ele, desviando-se de outra esfera de água. - Assim não vai dar... Magia de Gelo: Prisão de Gelo.

Dezenas de lâminas de gelo comprometiam o bem estar de Noelle e Azuli. Ao redor de ambas, várias lâminas perfuravam-lhes a pele de leve enquanto as pontas brilhavam com o leve brilho do sol. Todo o corpo inferior das meninas estava mantido preso por um bloco de gelo, impedindo a sua fuga.

- Se me permites dizer, princesa... A menina, domada, é uma graça. - provocou ele, com um sorriso atrevido nos lábios enquanto Noelle olhava para ele com raiva. - Onde estávamos... Ah, verdade... - ele bocejou. - Como eu dizia, som membro do Olho do Sol da Meia Noite, o meu nome é Rhya, o desleal. E bem, quanto à tentativa de assassinato da tua irmã, não sei a quem te referes, a não ser que... te estejas a referir à Azuli. Ela não é tua irmã de verdade, sabias? E se eu fosse a ti voltava para a vida de princesa no palácio. Deves ter uma vida majestosa dentro das paredes protegidas do castelo... Pelo menos até que nós destruamos este país e o seu reino. - novamente, ele bocejou antes de olhar para Noelle com um olhar aborrecido.

- São vocês... Vocês andam a sequestrar as pessoas de Clover com magias poderosas para as usarem contra o reino? - perguntou ela, olhando intensamente para Rhya.

- Ah... - Rhya olhou de boca aberta para Noelle, parecendo em choque. Após uns momentos para se recompor, Rhya encarou Noelle. - Não sei do que estás a falar. Nós não somos do tipo que sequestra alguém. - disse ele, ao que recebeu um olhar desafiador de Noelle. - Este caso não conta como um feito do Olho do Sol da Meia Noite. São coisas da Sally, aquela menina não vive sem os seus experimentos.

Ele parece dizer a verdade, mas não importa agora! Tenho que dar um jeito de fugir daqui! - pensou Noelle.

- Não, não. - uma rajada de vento tirou a varinha das mãos de Noelle, fazendo com que os dedos de Noelle sofressem cortes das lâminas de gelo.

As lâminas avançaram! - pensou Noelle, pasma.

- Estamos tão bem a conversar. - Rhya pousou na neve. - Estava até a pensar em levar-vos às duas para o esconderijo da organização, serão minhas convidadas. - sorriu Rhya, o seu olhar interesseiro. - Podemos até tomar uma cerveja, que tal te soa, hum? - disse ele, com um sorriso até sentir o frio subir pelo seu corpo.

- Oh?! - expressou Noelle, confusa.

De onde veio aquele gelo? - perguntou Noelle, mentalmente. À sua frente, onde anteriormente encarava Rhya, agora picos de gelo de cinco metros de altura decoravam o local.

- Hum? - a aparição dos picos de gelo foram estranhos, mas a prisão gelada ao seu redor estilhaçar-se pô-la confusa. Sem a prisão a prender as duas meninas, Noelle caiu com Azuli nos braços. Tremer era tudo o que fazia agora.

- O sossego parece ter chegado ao fim... - concluiu Rhya, aborrecido, enquanto sacudia o seu manto parcialmente rasgado pelos picos de gelo.

- Rhya, o desleal, se não ouvi erroneamente. - falou o mago do gelo.

- Isso mesmo, esse sou eu... E tu és... - disse Rhya.

- Benjamin White, membro dos Pavões Corais. - apresentou-se Benjamin.

- Benjamin... - chamou Noelle, a sua expressão mostrava que ela estava confusa. - Como... chegaste aqui? - perguntou ela, com a voz trémula.

Benjamin olhou para as duas raparigas seriamente.

- Contarei mais tarde, neste momento... tenho algo em mãos para tratar. - ele olhou para Rhya.

Que rapaz mais chato... - Rhya olhou para o cabelo azul esbranquiçado do rapaz que refletia a leve luz do sol. - Pela sua aparência ele deve pertencer à elite do reino, uma família que predomina os magos de gelo ou outras vertentes dele.

- És o homem que tentou matar a minha amiga Azuli, não é verdade? - perguntou Benjamin, pergunta essa a que não obteve resposta, somente um olhar aborrecido. - É tudo o que eu preciso saber.

O grimório branco com adornos azuis claros de Benjamin começou a folhear as páginas.

- Domínio do Gelo: Era Glaciar. - disse Benjamin, o seu olhar gélido, um reflexo da mana que o seu grimório emanava ao seu redor enquanto tudo ao redor se transformava em camadas grossas de gelo.

- Tsc... Que chato. - disse Rhya, para si mesmo, ao ver tudo congelar. Lá vai ter que ser... - pensou ele, com a mão atrás da cabeça.

Dentro da caverna...

- Parece que te divertiste, Yami... - disse um homem. - Mais forte que os capitães cavaleiros mágicos, disseste... Isso eu quero ver. - disse Jack, o estripador, lambendo a sua lâmina verde ligada ao braço com a sua língua anormalmente comprida.

- Ihhh... Logo agora que eu ia despertar todo o meu poder. Por que fizeram isso, capitães fedidos? - perguntou Yami, a sua expressão nada dizia para além de estar entediado, apesar do rasgo na lateral do seu tronco.

- Nesse estado, tu falas bastante... - disse uma voz calma. - Apenas espera, e algum dia eu vou acabar contigo, estrangeiro. - disse Nozel, com o seu mercúrio a proteger as suas costas, ao mesmo tempo que estava a postos para atacar.

- Olha só quem fala! Vê se vais cortar esse cabelo. - retrucou Yami a Nozel.

- Sinceramente, tu és ridículo por dependeres de nós. - disse Charlotte, as suas videiras com rosas azuis ao seu lado.

- Doce como um elefante, né? - retrucou Yami, o cigarro na boca.

- Hum... - o homem de cabelo flamejante olhava para os três rapazes caídos a sangrar. - Parece que chegámos a tempo de impedir uma tragédia... A Noelle e a Azuli ficaram na Base dos Touros Negros?

- Também é bom teres voltado à vida, esquentadinho. E quanto a essas duas... - Yami olhou nos olhos do homem seriamente. - Tsc... Receio o pior.

- Não me digas que elas... - Nozel começou por falar.

- Calma aí, capitão trancinha. Até onde eu sei elas estão vivas. O que acontece é que... Um dos membros desses desgraçados aí pode ter ido atrás delas. E no estado em que elas estão... temo que não possam resistir por muito tempo. - respondeu Yami, um olhar sombrio a instalar-se no seu olhar.

- Hã... Não importa quantos desses vermes apareçam, não são páreos para nós.- disse Vetto, com um sorriso arrogante.

- Eu vou matar quem magoar o Licht. - disse Fana, com a sua voz monótona do costume. O seu olhar parecia não ter vida.

- Vamos começar logo. Eu vou fatiar todos vocês! - disse Jack, levantando a sua lâmina verde.

- O Olho do Sol da Meia Noite... - reconheceu Charlotte.

- Nós temos muito o que vos perguntar. - disse Fuegoleon.

Ao contrário dos outros capitães, Nozel tinha a mente noutro lugar.

Um pouco afastado da caverna...

- Ben... - uma voz fraca chamou.

Sobre o gelo, o sangue outrora vermelho escurecia à medida que o tempo passava.

- Ben... - Noelle arrastava-se com Azuli até Benjamin.

- Ora, que magia interessante. - Rhya pegou no grimório de Benjamin. - O seu design é tão delicado... Nunca apostaria que ele fosse dar tanta luta. - disse ele, com o canto da boca ensanguentado. Apesar do sorriso em seu rosto, pelo corpo de Rhya, gelo se alastrava. - Que chato... Terei que pedir à Fana que me safe desta. - disse ele, observando a maneira que o seu corpo piorava.

Noelle continuou a arrastar-se em direção ao rapaz. O gelo colava-se à pele avermelhada de Noelle, tornando inevitável que o puxão não rasgasse a pele dela, fazendo-a criar um rasto de sangue.

Benjamin... - Noelle olhava com pesar para o amigo da sua irmã. - A cabeça dele está a deitar muito sangue... E o seu olhar parece morto... - Noelle avançou um pouco mais. - Aguenta mais um pouco, por favor! Alguém... O capitão Yami já deve vir ajudar-nos em breve... - pensou ela, esperançosa.

- Que surpresa... - comentou Rhya. - Uma princesa a humilhar-se por alguém. - Rhya fingiu espanto. - É honrável o teu esforço, mas sabes... A esta hora, os teus companheiros, assim como o teu capitão, devem estar no mesmo estado que ele, senão pior. Uma morte terrível... É isso que a realeza e os humanos merecem.

"Os humanos"? - pensou Noelle, confusa. Raciocinar era algo difícil com a dor atordoante que sentia. A sua visão tornava-se embaçada aos poucos, mas o seu foco mantinha-se. - O que ele quis dizer com isso?

Antes de fechar os olhos cansados, o olhar de Noelle pousou num brilho quente e aconchegante.

Que bom... - pensou a princesa, pousando a cabeça no gelo.


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