35#A gêmea da Guerreira Dragão do Mar
Capítulo 35 - Pecado por pecado
O som do coração a bater escutava-se por toda a caverna, a palidez de Azuli piorava a cada momento que passava. Respirar já havia se tornado uma luta para a menina que tremia encolhida.
- Azuli... - Noelle olhava em choque para a menina de capa, que tinha pousada sobre as pernas de Noelle a sua cabeça.
Isto já aconteceu tantas vezes... Ela já entrou neste estado inúmeras vezes quando criança, e eu... ainda não sei como lidar com isso... - olhando para Azuli, Noelle nada podia fazer para a ajudar. A impotência de ajudar a sua irmã recaiu sobre os seus ombros como uma maldição.
- Azuli, responde! O que tens? - perguntou Asta, exaltado, a preocupação que sentia passava para a sua voz. - Ela está pálida desde que lutou contra o monstro de lama... Devíamos tê-la impedido quando ainda era tempo! - disse Asta, entre dentes cerrados enquanto olhava para o estado deprimente da sua amiga.
O irmão Nozel era quem cuidava da Naomi quando ficava neste estado... Eu nunca descobri o que ele fazia que a punha melhor. - pensou Noelle, cabisbaixa, antes de sentir algo rodeá-la.
Um casulo de escuridão rodeava os três Touros Negros.
- Noelle, cuida da Azuli enquanto eu trato do sobrancelhas redondas. - Yami andou para a frente do casulo. - Asta.
- Sim, capitão! - Asta levantou-se em um pulo.
- Tu vais lutar com aquele mascarado egoísta com linhas na cara. - disse Yami, antes de se posicionar para o combate.
Com as veias dos braços e do pescoço saltadas, uma mana tenebrosa apoderou-se de Yami que, sob um manto de escuridão, sorriu.
- Vamos lá. Fazia tempo... que eu não usava todo o meu poder. - sob as rochas levantadas pela sua mana, Yami foi contra Licht.
Ao toque da ponta da lâmina na rocha, o chão que antes estava despedaçado, agora voava junto à restante poeira que as trevas levantaram.
O ataque causou um dano assustador, mas Licht não se abalou. Ao seu redor, várias esferas de luz flutuavam junto a si. Ainda ao som da destruição causada pelo capitão dos Touros Negros, seis feixes de luz foram disparados contra o mago das trevas.
- Magia da Escuridão: Barreira Obscura! - com a sua katana imbuída em trevas, Yami cortou o ar contra os feixes de luz e, consequentemente, contra Licht.
Teletransportado para longe, Licht observava o ataque de Yami desvanecer aos poucos.
A magia dele está a desaparecer com a minha... - pensou Licht, o seu rosto estoico. - Então esse é o poder da escuridão.
- Tu estavas a contar uma história antes. - durante os pensamentos de Licht, Yami apareceu à sua frente. - Deixa-me ouvir o resto.
Entre cortes, Yami falava enquanto Licht se esquivava.
- Qual é o teu verdadeiro objetivo? Esse grimório que tens é do reino Clover. Por que estás a atacar a tua própria terra natal? - mais uma vez, Yami desferiu um golpe em Licht, que se teletransportou para longe.
Criada uma espada de luz, Licht trocou golpes com Yami. Sob pressão, em um golpe, Yami travou a sua katana com a espada de Licht e empurrou-a com força, forçando Licht para trás.
Enquanto flutuava, um chicote de luz serpenteava perto de Licht.
- Mesmo sendo um forasteiro, deverias saber disso, não é? - perguntou Licht, sob o brilho da manhã que entrava pelo teto. - Sobre a injustiça deste reino distorcido. Tem muitas pessoas a morrer de fome, enquanto outros têm mais do que conseguem comer. Todos aqui são divididos com base na quantidade de mana que têm. Mas verás que até os que nascem com magia poderosa, sofrem preconceito... Por terem nascido no país errado, são magoados pela "justiça". - disse Licht. Antes de voltar a falar, um sorriso formou-se nos seus lábios. - Nós nascemos dessa injustiça... E viemos para corrigi-la.
- Não consigo entender a essência disso. - Yami despenteou o seu cabelo. - O que tu pretendes fazer com os que estão a cometer a injustiça não é o mesmo que eles estão a fazer? - Yami olhou sobriamente para Licht. - Tu... pelo menos tens noção disso?
Uma batida de coração ecoou pela caverna silenciosa.
- Sim, completamente... - admitiu o mago da luz, sorridente. - O vosso pecado... será punido com outro pecado! - o chicote começou a balançar-se violentamente.
- Então vou ter que esmagar o teu ego... Até gosto de gente assim, mas... - admitiu Yami, antes de apagar o sorriso que tinha e levantar a cabeça. - Vou contar-te uma coisa... - Yami saltou sobre tudo e todos. - Eu odeio gente da tua laia!!!
Entre o choque de poderes, novamente o chão não foi poupado. Uma enorme cratera foi aberta no chão, as suas rochas saltaram com o forte impacto até ao cimo da caverna, fazendo-a estremecer. Sobre uma delas, Yami pousava. Entre cortes de escuridão, entre flechas de luz, a poeira subia. E, cara a cara, o mago da luz e o mago da escuridão chocaram as suas lâminas, causando um poderoso choque de mana, que afastou as rochas que voavam.
Que luta é esta? - Asta olhava pasmo para o desenrolar da luta. As figuras do seu capitão e do adversário não podiam ser vistas, mas os ataques eram sentidos por toda a caverna. - Está num nível completamente diferente! Este é todo o poder do capitão Yami? Poderá mesmo alguém sem magia como eu... superar isso a treinar? - Asta apertou as suas espadas. - O capitão Yami, o capitão Fuegoleon, o Yuno... a Azuli... o Rei Mago...
Ele tem poder suficiente para bater de frente com o senhor Licht. - pensou Valtos, abrindo o seu grimório.
- Senhor Licht! Permita-me que o ajude!
Com um leve manuseio da sua katana, Yami cortou a bala mágica de Valtos e saltou para perto de Asta, mandando-o para o chão.
Ah, foi por pouco! - pensou Asta, de boca aberta e olhos em branco, caído no chão.
- Ei, miúdo! - chamou Yami, com a katana sobre o ombro. - Por que estás a bancar o cobarde aí? Eu deixei aquele maldito zumbi para ti. Eu não deixaria alguém que tu não conseguirias encarar. - Yami olhou para Asta. - Faz alguma coisa... com o teu jeito de lutar. - disse ele, atraindo o olhar admirado de Asta.
- Certo! - gritou Asta, empolgando-se novamente.
Ao ver Asta animado novamente e pronto para o combate, Yami olhou para trás.
- E vocês aí... - Yami olhou para as duas meninas.
O estado dela parece ter melhorado um pouco, mas ainda... Ainda há algo de estranho com a mana dela. - pensou ele. - E ao que parece... não é a única.
- Noelle, leva a Azuli daqui. As coisas podem começar a ficar feias.
Noelle olhava nos olhos do seu capitão, incerta sobre a ordem. Porém, o som do coração da sua irmã a bater junto à mana que a envolvia, tirou-lhe qualquer dúvida.
- Certo. - respondeu Noelle, levantando-se com Azuli em seus braços. - Acaba com ele, Asta!
- Podes deixar! - exclamou Asta, olhando de lado para Noelle com um sorriso no rosto, mantendo a sua postura de luta.
Noelle seguia caminho para o túnel da caverna em direção à saída. Enquanto isso, Asta cortava um disparo de mana de Valtos direcionado para as meninas.
- Eu serei o teu oponente! - este grito de Asta ecoou pelo túnel em que Noelle atravessava com Azuli.
Fiquem bem, Asta, capitão... - pensou Noelle, enquanto acelerava o passo para um local seguro.
Ao ver a luz branca no fim do túnel, não um apenas, mas dois corações batiam acelerados, a ansiedade de Noelle poder pousar a irmã e verificar o seu estado não cabia mais no peito.
Apesar da neve sobre o solo, a temperatura era agradável.
Após transformar a neve sobre a grande rocha em água e em seguida tê-la retirado da mesma, Noelle deitou Azuli nela.
- Naomi... - sussurrou Noelle, olhando para a trémula Azuli.
Ao observar a sua irmã naquele estado, as recordações em crianças que assombraram Noelle por anos a fio regressaram à mente da menina de cabelos prateados.
- Gostava de poder ajudar-te... Mas não sei como. - falou Noelle, com pesar. Olhar para a sua irmã era angustiante. - O irmão Nozel seria capaz de ajudar, só que... neste momento, tu és apenas uma desconhecida para ele... A probabilidade dele saber o que fazer é... Eu não sei. - Noelle afundou o rosto nos joelhos levantados.
No silêncio, Noelle segurava veemente as lágrimas, não as permitindo rolar pelo rosto.
Dentro da caverna...
Asta rolava pelo chão.
- Ahahahahahahah! - riu-se Yami, divertido, as lágrimas já vinham aos olhos. - Num só soco! Tu és interessante mesmo!!
- Baixaste a guarda. - disse Licht, com um sorriso, lançando um chicote até Yami pelas costas do homem.
- Eu que o diga. - disse Yami, envolvendo em escuridão o chicote de Licht.
O meu ataque foi absorvido... E agora, não consigo mover-me. - pensou Licht, segurando o chicote negro. A única coisa que se mexia era a roupa.
- Magia de Escuridão: Buraco Negro! - anunciou Yami, depois de absorver o ataque de Licht nas trevas. - E Magia de Escuridão: Lâmina Negra Imbuída em Trevas! - a lâmina da katana, com uma extensão de trevas, chegou ao peito de Licht.
Do ombro direito até abaixo da cintura de Licht, um corte profundo fez o sangue jorrar.
- Capitão Yami!! - gritou Asta, de pé e os punhos cerrados na altura do peito, a admiração era perceptível através das estrelas que adornavam os seus olhos enquanto olhava para o seu capitão.
- Ahahahahahah! Aprende com o mestre!! - gritou Yami, divertido, enquanto apontava para Asta.
- Pegaste-me. - admitiu Licht, pousando no chão. - Aproximadamente cinco metros. Tenho a certeza que existe um limite quanto à expansão, mas... Jamais pensei que existiria uma magia capaz de absorver a minha e sobretudo, capaz de me imobilizar... - sangue escorria da boca de Licht enquanto falava. - Magia de escuridão... Que incrível! O único poder que representa uma ameaça natural para a minha magia de luz! Contudo, a magia de escuridão é extremamente lenta. A velocidade da magia de luz é absoluta. Nesse sentido, também são opostos. Por isso usas a escuridão para cobrir a tua arma... E criar assim um estilo de luta que compensas com um reforço mágico.
Acendendo um cigarro, Yami olhou para Licht. E, lentamente, apontou o dedo ao oponente.
- É isso aí!! - confirmou Yami.
- Por que está a gabar-se?! - gritou Asta, com os olhos em branco.
- Olha só, tu não consegues usar magia de cura? Então usa logo e cura-te. Bom... - Yami segurou a sua katana imbuída em trevas. - Enquanto isso eu vou grudar em ti e fatiar-te inteirinho.
- Eu reconheço... - o suor escorria pelo rosto pálido de Licht. - Tu és a segunda pessoa que possui um poder capaz de vencer-me. Mas, desculpa, eu... - as páginas do grimório dele passavam. - Não posso perder mais tempo contigo.
- Hã? Como é que é? Segunda pessoa? - perguntou Yami, com as sobrancelhas franzidas.
- Eu tenho um grande inimigo que me deu esta ferida aparentemente incurável. - Licht levantou a mão enfaixada grossamente por um tecido preto, fazendo o papel de uma luva. - O Rei Mago, Julius Novachrono. - revelou ele, a tempo do grimório parar em uma página. - Este é o meu feitiço mais poderoso. - disse ele, uma grande esfera de luz a formar-se entre as mãos. - A sua velocidade torna-o impossível de se esquivar... Será inútil tentar fugir do seu alcance supremo! O teu final chegará quando este feitiço te alcançar, capitão dos Touros Negros.
- Claro que não!! - reclamou Asta, com estrelas nos olhos enquanto balançava a sua espada no ar. - Não subestimes o capitão Yami!!!
- Não, aquilo é perigoso mesmo. Aquela magia é insana. - disse Yami, olhando para a magia enquanto expirava o fumo do cigarro que tinha em mãos.
- O quê?!!! - exclamava Asta, a voz tornando-se mais fraca à medida que o significado das palavras do seu capitão tornavam-se evidentes.
- Rapaz, tu também... Farei com que devolvas o grimório que usaste para magoar o Valtos. - avisou Licht, o seu feitiço a ganhar mais força e brilho.
Como era de se esperar... É um trevo de quatro folhas mesmo... O seu poder é alucinante... Atacá-lo de surpresa seria inútil, ele simplesmente esquivaria de qualquer ataque à velocidade da luz. O que é que eu faço? - pensou Yami, concentrado, até os seus olhos ficarem em branco. - Vou deixar o destino decidir!
Cidade de Nean...
Às portas da igreja, em meio a abraços e palavras saudosas, pais e filhos reencontravam-se. No interior da igreja, os feridos mantinham-se em tratamento.
- Irmã! - gritaram as crianças, preocupadas.
- Velha!!! - gritou Gauche, ajoelhado ao lado da cama onde Theresa estava a ser curada por três magos de cura. O brilho azul do poder combinado de cura iluminava toda a sala. - Bruxa velha, era para seres uma monstra anciã imortal!!
É incrível que ele esteja a aguentar... - pensou o mago de cura atrás de Gauche, com uma gota de suor na bochecha, enquanto curava o rapaz. - As feridas dele... Evitaram perfeitamente qualquer tipo de ferida fatal numa zona vital... Que diabos!!
- Velha...
- Gauche... - Finral aproximou-se um pouco de Gauche. - Tu também estás muito ferido, tens que te preocupar com os teus ferimentos. - disse ele, calmamente.
- Cala essa boca!! - gritou Gauche, enervado.
Uou! Eu sou teu veterano... Esqueceste-te?! - pensou Finral, com um sorriso chocado.
- Acorda, sua velha!! Acorda!! - gritou Gauche.
- Que irritante...
- Velha! - gritou Gauche, surpreendido.
- Está calado... seu imbecil... - mandou Theresa, a sua voz tão forte quanto a sua condição lhe permitia. - E escuta-me.
- Irmã! - gritaram as crianças, contentes.
A sua fraqueza não lhe permitia muito, mas Theresa esforçou-se em estender a sua mão ensanguentada até à bochecha de quem gritava tão ruidosamente pelo seu despertar.
- Leva contigo... a minha magia... - com um toque, a restante mana ardente de Theresa passou para Gauche. - Tu... vais salvá-los, não é? Azuli, a princesa... o Asta e os outros...
- Velha... - falou Gauche, suavemente, ao ver os olhos de Theresa fechar. O seu olho contendo o espelho mágico brilhava em fogo com a absorção da mana de Theresa.
Choros suaves entristeciam a sala onde Theresa descansava.
- Eu... não acredito... Quem te mandou morrer? - perguntou Gauche, incrédulo. - Trás ela de volta! - mandou Gauche, apertando rudemente o manto de um dos magos que curava Theresa.
- Mas... - o mago tentou falar.
- Faz alguma coisa!! - Gauche apertou mais forte o manto, dificultando a respiração do mago.
- Senhor Gauche... - chamou o mago, roucamente, o suor escorria pelo rosto.
- A Marie vai ficar triste!! - gritou Gauche, sem aceitar a ideia da morte de Theresa.
- Ela está viva. - revelou o mago, apressadamente, provocando o silêncio da sala.
- Hã? - Gauche olhou bem para o mago com cara de parvo, sem entender.
- Ela não morreu. - continuou o mago.
- Sua velha! Queres parar de me confundir?!! - gritou Gauche, na beirada da cama de Theresa.
- Eu sou uma velha monstra, esqueceste-te? Não vou morrer tão facilmente... Fica tranquilo, e vai ajudar os teus companheiros, seu complexado... - disse Theresa, fechando os olhos novamente, mas sem abandonar o seu leve sorriso.
Atrás de Gauche, as crianças na sala aproximaram-se dele.
- Leva a minha mana também! - disse Luka, com a mão sobre o peito.
- O senhor vai conseguir, não é?! - gritou um menino, corado.
- Leva a minha magia também! - exclamou um menino, a mão sobre o peito.
- Por favor, Gauche, salva a princesa! - gritou Marco, ainda vestindo o manto de Noelle.
- Por favor... Usa a minha mana também. - pediu Neige, levantando-se do banco onde um mago o curava.
- Tu és... - Gauche reconheceu o rapaz cabisbaixo.
- Eu sei que fui violento com a tua irmã e, por favor, desculpa-me por isso. - pediu ele, antes de colocar ambas as mãos sobre o peito de Gauche. Uma considerável fonte de mana foi absorvida pelo espelho mágico do olho de Gauche. - Mesmo se eu for, não vou servir para nada. Cuida da Azuli por mim... - pediu ele.
- Maninho... - Marie aproximou-se de Gauche, que olhou para ela. - Vês? As pessoas sobrevivem ajudando-se umas às outras. - disse ela, com um olhar orgulhoso enquanto passava a sua mana rosa ao irmão.
- Marie... - Gauche olhava para a sua pequena irmã, surpreendido. A memória do dia em que escapou a prisão, do dia em que o seu capitão o recrutou para o esquadrão, passou brevemente pela mente de Gauche. As palavras do seu capitão encachavam na sua realidade atual. - Eu entendi o que devo fazer. - disse ele, determinado. - Finral!
Eita! - pensou Finral, antes de se virar para o seu companheiro.
- Leva-me para aquela caverna de novo!
- Tens a certeza? - preguntou Finral, com um sorriso nervoso e olhos fechados.
Isso é jeito de falar com o teu veterano?! - pensou Finral.
- Mesmo que voltes... O que podes fazer com a tua magia de espelho? Acho melhor esperarmos pelo reforço do quartel general e de outros grupos do exército de magos. - sugeriu Finral.
- Ocorreu-me uma coisa... E se não me engano... Sei que podemos vencer! - exclamou Gauche, convicto.
Cedendo, Finral começou a analisar a atrapalhada em que se iriam meter.
- Não vamos conseguir atacar de surpresa com a minha magia espacial. Magos poderosos têm um campo de força ao redor deles, protegendo-os de situações fatais. Não temos como chegar perto. Além do mais, eu já transportei muitas pessoas por muito tempo hoje, só temos uma oportunidade de transportar-nos até lá.
- Está bem. - Finral olhou para Gauche, confuso. - Conto contigo! - exclamou Gauche, curvado com as mãos nos joelhos.
Na caverna...
- Desculpem pela demora... Mas o momento do fim chegou.
Um pedaço do sol parecia ter sido conjurado. Tamanha intensidade, tamanha luz, tamanho poder... A temperatura havia aumentado drasticamente em poucos instantes.
- Hãaaa?!! Por que é tão lento?!!! - gritou Asta, ansioso.
- Eu tentei preparar a defesa... - disse Yami, enquanto um casulo negro os envolvia lentamente. - Mas ele vai acabar por nos matar mesmo. - disse Yami, com o cigarro nos lábios.
- O quê?!!! E como é que o senhor fica tão calmo?! - perguntou Asta, chocado. - Certo!!! Eu vou tentar rebater o ataque!! - exclamou Asta, com a sua primeira espada levantada.
- Nesse caso, só a espada vai sobreviver. - disse Yami.
- Então o que eu devo fazer?!!!
- Hum... Não te rendas até ao fim? - disse Yami, incerto.
- Deixe de tentar bancar o bonzão! - disse Asta, com os olhos em branco, enquanto agitava a sua espada, exaltado.
Yami soltou o fumo do cigarro.
Para ser sincero, não há nada que possamos fazer agora. - pensou Yami, olhando para o poder estremecedor.
- Segura as pontas e aguenta firme. É o que temos para hoje. - disse Yami.
- Adeus... Yami Sukehiro. - despediu-se Licht, um leve sorriso satisfeito a adornar os seus lábios.
- Ai não! Caramba! O que é aquilo?!! Nós viemos parar no lugar errado?!! - exclamou Finral, saindo do portal e tapando o olhar da luz logo em seguida.
- Olha aquilo! - exclamou Gauche, o olho visível apenas um pouco cerrado.
- Aquela é a magia do Yami e... Que enorme!! Isto ficou fora de controle!! - gritou Finral, exaltado, enquanto Gauche já tinha um espelho mágico à sua frente, rapidamente se teletransportando para a frente do casulo negro através dos seus espelhos.
- Magia de Luz: Raio do Castigo Divino! - nesse momento, o ataque começou.
- Olha só quem chegou. - Yami abriu um largo sorriso.
O que... - os pensamentos de Licht giraram furiosamente em um segundo.
- Magia de Espelho: Reflexo Absoluto!! - gritou Gauche, revelando o seu olho esquerdo, e tornando o pequeno espelho à sua frente num enorme espelho retangular.
A sombra de Licht foi engolida pelo seu poder.
A parede da caverna nada mais havia se tornado senão poeira enquanto o feixe de luz se esvaía e se juntava aos raios de sol da manhã. As cores do arco-íris caíam pelas gotas de água tocadas pelos fragmentos de luz de Licht.
- Não importa o quão grande ou forte ela seja... Um espelho sempre vai refletir a luz!! - gritou Gauche, enquanto Licht caía ao chão destruído.
Fora da caverna...
- O que foi isto?! - perguntou Noelle, pondo-se em pé e pegando na sua varinha. - Será que eles estão bem? - Noelle olhou ao redor, procurando possíveis ameaças.
Estou longe de ter toda a minha mana recuperada, mas ainda devo manter a Naomi segura. - pensou Noelle, após uma breve olhada para Azuli. - O Asta está com o capitão... O capitão Yami é forte, não deixaria que nada lhe acontecesse... Pois não?
A preocupação de Noelle revezava entre os seus companheiros em batalha, entre os que foram à procura de tratamento médico e entre Azuli. Altos e baixos caracterizavam o estado de Azuli. Noelle não entendia, não importava o quanto ela tentasse puxar pela cabeça, ela não encontrava nenhuma lembrança da sua infância que servisse para ajudar a sua irmã. Observar o estado de Azuli mantinha-a sob controle, a sua irmã estava à sua frente, mas a felicidade era afastada pela preocupação que a afligia.
O olhar de Noelle sobre Azuli fez com que ela notasse o brilho no interior da capa da menina adormecida. Esticando o braço até à capa, Noelle espreitou por ela, procurando pela fonte do estranho brilho.
Um broche? - Noelle pegou delicadamente no broche azul. - Se bem me lembro, é o broche com que a Naomi abriu a passagem para a casa do avô dela. - pensou ela, tocando no broche. - Hã? Parece que faltam alguns cristais. - ela passava os dedos pelos espaços em forma de diamante nos cantos das quatro pontas do broche.
Noutro local...
Numa sala rochosa, iluminada pela luz verde do tubo em que Sally se encontrava adormecida, mergulhada num líquido estranho, três figuras olhavam para a jovem.
- Só de imaginar que alguém seria capaz de magoar a Sally... - disse um homem de dentes afiados, os seus olhos não desviavam de Sally.
- Eu odeio-os. - disse um voz monótona. - É imperdoável. - disse a rapariga.
- Isso é muito chato. Parece que esta é mesmo a nossa vez. - disse outro homem, após um longo bocejo.