3#A gêmea da Guerreira Dragão do Mar

20-03-2025

Cap. 3 - O primeiro passo

Momentos atrás...

- Não precisas poupar força, vem, Asta! Buh-hah! - exclamou Sekke.

- Está na cara quem vai vencer, não tem como um miúdo da roça safar-se daquilo. - disse um candidato, desprezando Asta.

- Ah, meu. - suspirou outro candidato - Eu queria poder enfrentá-lo também.

- Quem ele pensa que é com aquele grimoriozinho podre? - perguntou um outro candidato, menosprezando Asta.

- Será que desta vez ele consegue usar magia? - perguntou o candidato ao lado, curioso.

- Plebeu caipira estúpido. - insultou um candidato.

- Tu não vais de modo algum entrar em um esquadrão, heheheh. - disse um candidato ao lado.

A ouvir estes comentários maldosos e arrogantes, estavam Yuno e Azuli. Ambos partilhavam uma convicção: de jeito nenhum Asta iria perder. Apesar de Azuli conhecer Asta há pouco tempo e não saber como ele planeava lutar sem magia, ela acreditava nele. Ela podia sentir, ela podia sentir um misto de emoções vindas do grimório de Asta: medo, ódio, frustração, anseios, esperança. Era desconhecido para Azuli o porquê dela estar a sentir emoções vindas de um grimório, mas ela mal podia esperar para ver Asta em ação. - Que curioso! - pensou Azuli.

- Dá o teu melhor para deixar as coisas mais excitantes.

- Está bem, aqui vou eu! - respondeu Asta. Já com o seu grimório aberto à sua frente, Asta retirou de lá uma grande espada negra enferrujada. Asta posicionou-se para atacar e, em uma velocidade admirável, ele atacou Sekke, nocauteando-o.

Que rápido! É uma magia de alta velocidade? - pensou William.

Não, ele só é um menino fisicamente forte. - pensou Yami, fumando o seu cigarro.

- Que força, ele até rachou o chão! Tenho de lutar contra ele um dia. - disse Azuli, que logo depois olhou para o Yuno que estava com um leve sorriso: E contra ti também, Yuno. Pode ser?

Yuno olhou para Azuli e respondeu: Um dia destes. - Yuno respondeu vagamente.

- Eu não quero entrar nos cavaleiros mágicos para evitar trabalho e só me dar bem. Eu estou aqui para dar tudo de mim e tornar-me no Rei Mago! - disse Asta com convicção.

Atualmente...

Aquele grimório... - pensou William, a olhar para o grimório de Asta.

- Ahh. - expressou Yami, com interesse na proeza de Asta. Ao seu lado, estava um Gordon espantado.

Sou eu que me vou tornar no Rei Mago. - pensou Yuno, expressando um sorriso mais aberto, desafiadoramente.

Ao ver Asta, Azuli, que outrora estava empolgada, agora está séria. O seu olhar, embora estivesse em direção a Asta, os seus pensamentos estavam longe dali.

Perguntas e suposições começaram a encher a arena, o que incomodou Asta.

- Quem é ele? - perguntou alguém.

- Ele falou em Rei Mago. - acrescentou outro candidato.

- Estejam calados! Eu já disse que vou ser o Rei Mago!!! Alguém vai encrencar?! - gritou Asta, muito alto, para todos ouvirem.

Com esse anúncio, risos espalharam-se pela arena. Novos insultos foram dirigidos a Asta.

- Deve ser vergonhoso ser tão idiota como este tipo. - disse alguém, enquanto outro candidato se ria.

- Desaparece daqui, seu pirralho idiota! - gritou um candidato a Asta.

- Quem é o pirralho idiota!? - Asta perguntou em direção ao grito anterior, enfrentando-o.

Com os capitães...

-É uma magia de criação? - perguntou Finral.

- Impressionante. - disse Gordon, quase inaudível.

- Pelas outras fases do exame, realmente não parecia que ele tinha muito poder mágico. - disse Finral, a olhar na direção de Yami.

- Ah, pois é, mas... ele não está a usar magia. - informou Yami, deixando Finral perplexo. - Bem, não é que ele não esteja a usar, é que ele não tem nenhum poder mágico. - disse Yami. Pensando bem, bem que eu tinha percebido que ele não tinha magia. - pensou Yami, lembrando-se da altura em que agarrou Asta pela cabeça. E mesmo assim ele quer ser Rei Mago? É sério isso? Esse miúdo é bem esquisito mesmo. - pensou ele, enquanto fazia uma expressão não muito amigável, olhando para Asta.

- Hm... - era William, ele estava a olhar para Asta atentamente.

De volta aos três amigos...

As batalhas continuaram uma após a outra, Asta e Azuli ficavam cada vez mais impressionados, mas também preocupados. Ambos por razões diferentes.

- Nossa, a nobreza é forte mesmo. - disse um candidato plebeu com uma gota de suor na bochecha e um leve sorriso de incerteza.

- Eles têm muito mais poder mágico. E talento também. - disse outro candidato plebeu, no mesmo estado que o outro.

Com um rosto chocado e encharcado de suor, Asta observava as lutas, abismado.

- Ahhh, demais! - gritou Asta, empolgado.

- Pensando bem, talvez aquele nanico seja mesmo um inútil e não passe disso. - disse alguém, referindo-se a Asta.

Enquanto isso, Yuno estava encostado em uma parede de braços cruzados, ouvindo todos os comentários maldosos dirigidos a Asta.

- Tu és o Yuno, não é? - perguntou um desconhecido, despertando a atenção de Yuno. - Parece que estás com dificuldade em encontrar um oponente. Que tal lutares comigo? - perguntou o desconhecido. Esse desconhecido tinha um ar esnobe e parecia ser da nobreza.

Sem falar nada, Yuno apenas foi em direção ao centro da arena. Enquanto andavam, podiam ser ouvidos alguns comentários acerca do oponente de Yuno.

- Espera, aquele não é o...? - começou um candidato.

- Ele é o Salim? - terminou por falar outro, por cima da fala do candidato anterior. - Da famosa família Hapshass?!

- Hehehe, tu foste escolhido pelo trevo de quatro folhas, mas tu não fazes parte da nobreza. Vou mostrar que tu não te comparas aos nobres em status e poder. E é claro, em recursos, hehe. - disse Salim a Yuno, com um ar de superioridade. Yuno apenas olhou para Salim, calado.

- Preparar, começar! - gritou um homem.

- Deves entender que já é uma honra poder enfrentar o Salim de Hapshass. Lembra-te bem deste momento. - disse Salim, continuando a mexer na sua franja. - Tu vais poder contar isso quando voltares para o teu vilarejo.

Yuno apenas continuou a olhar para Salim, sem qualquer expressão no rosto.

Salim abriu o seu grimório, pronto para iniciar o seu ataque. - Pelo menos eu vou mostrar-te o ataque supremo de um nobre. O meu grande ataque: o Salim Crescente do Deus dos Raios! - Yuno apenas abriu o seu grimório, acompanhando as ações de Salim.

Uma bola de raios formou-se à frente de Salim, impressionando muitos dos candidatos, incluindo Asta e Azuli. Apenas os capitães estavam imóveis, sem esboçar qualquer reação.

- Heheh heheh. - continuou a rir-se, Salim, enquanto a sua bola de raios crescia. Yuno apenas olhava para toda a situação, talvez a analisá-la. - Hehehe, vou até pagar a tua passagem de volta. - disse Salim a Yuno, a sua parte sádica a vir à tona.

Lançado o ataque, ninguém esperava o que ia acontecer a seguir.

- Magia de Vento: Torre Tornado! - disse Yuno, ativando o seu ataque. Um tornado apareceu em frente a Yuno, chocando contra a bola de raios. Segundos depois, o tornado era imenso, ia até ao alto da arena, o vento era tanto que Salim começou a ser levado por ele.

- Haaaaaaaaa! - gritou Salim, a ser arrastado pelo vento.

Um tempo depois, Yuno parou o seu ataque, cessando o tornado e fazendo com que Salim e o seu grimório caíssem no chão.

- O nobre Salim foi derrotado! - disse alguém da plateia, espantado.

- Como assim? - perguntou outro.

- Meu! - Asta estava impressionado.

- O quê? - disse Nozel, calmamente, atordoado com o poder do plebeu.

- Incrível, eu quero ser amigo dele também. - disse Gordon, baixinho.

- É, nada mal. - disse Finral.

- É. - disse Yami.

Todos são tão incríveis! Mas eu não posso ficar aqui parada! Eu tenho que encontrar um oponente rapidamente! Ai não, já quase todos os candidatos lutaram! - falou Azuli, consigo mesma. Azuli ainda não tinha encontrado um oponente. Ela andava de um lado para o outro a tentar encontrar alguém que quisesse lutar contra ela.

- Oi, menina, queres lutar contra mim? - perguntou Azuli a uma menina.

- Ah, não, desculpa. Eu já tenho par. - a menina saiu com as suas amigas, que estavam ao seu lado, para outro lugar.

- Vamos embora. Ela é um desastre. - Azuli ouviu uma dessas meninas sussurrar.

- Ela só quer dar nas vistas. Olha só o modo como se veste. E aquelas madeixas? - Azuli ouviu outro sussurro das meninas.

Desde a confusão do teste de voar na vassoura, muitos candidatos evitavam Azuli. Eles não queriam tê-la por perto.

- Ah, o que eu vou fazer? Eu não posso desistir agora, estou quase a conseguir! - enquanto Azuli estava absorta em dúvidas e se lamentava, alguém a estava a observar. Ou melhor dizer, cinco pares de olhos estavam de olho nela.

Um deles pertencia a um jovem, que devia ser pouco mais velho que Azuli. Ele também era um candidato. O cabelo do homem era curto da cor azul claro, quase branco, os seus olhos eram rosas claros, e ele vestia um traje elaborado de aparência nobre.

- Com licença, menina. - pediu o homem desconhecido a Azuli.

- O que eu vou fazer agora? Tenho que encontrar alguém rapidamente! - dizia Azuli, em voz alta, enquanto olhava freneticamente de um lado para o outro, sem tomar conhecimento do homem que estava a falar com ela.

Vendo que a menina, que ele já sabia que se chamava Azuli por ouvir outros dois meninos gritar por ela mais cedo, não o havia notado, o homem continuou a tentar. Ele colocou as suas duas mãos sobre os ombros de Azuli, que estava de costas para ele, na intenção de fazê-la parar de se virar de um lado para o outro e virá-la em sua direção. Mas o que ele não esperava de uma menina tão pequena e aparentemente fraca fisicamente, em milésimos de segundo, ele sentiu um soco no queixo que o fez cair no chão a ver passarinhos à sua volta.

- Opa? O que foi isto? - Azuli estava desnorteada, sem entender o que tinha feito.

- Hmm, que lindos passarinhos. - disse alguém.

- Hm? - Azuli olha para o chão, de onde ouviu a voz. - Estás bem? O que estás a fazer aí deitado no chão? O exame ainda não terminou.- avisou Azuli ao rapaz.

O rapaz, tendo recuperado um pouco do choque inicial, pensou: Mas que sem noção! Como é possível alguém não perceber que deu um soco em outra pessoa! - agora levantado com a ajuda de Azuli, o rapaz começou a apresentar-se, esquecendo do ocorrido de momentos atrás: Ahah, eu só estava a observar o céu enquanto as lutas decorriam. Está um belo dia!

- Ah, então está bem. Tenho de ir, tenho um problema urgente para resolver! - respondeu Azuli, que bateu ambas as suas mãos no rosto para não perder o foco e, com os olhos a brilhar de determinação, foi embora rapidamente.

-Então, eu sou o Benjamin e queria saber se... Huh? - o rapaz, agora conhecido por Benjamin, estava prestes a convidar Azuli com um sorriso encantador no rosto e os olhos fechados, mas quando se deu conta ela já estava a metros de distância, o que lhe fez uma gota de suor. - Mas o quê... Espera, Azuli!!! - gritou Benjamin.

- Hm? - ouvindo o seu nome ser chamado, Azuli olha para trás, ainda a andar com pressa, vendo o mesmo rapaz de há instantes.

Vendo que ela estava apressada, Benjamin foi direto ao assunto: Azuli, queres ser a minha oponente?

- Sério?!! - gritou Azuli, com estrelas nos olhos. - Então vamos, vamos agora! - Azuli puxou Benjamin para o centro da arena.

No centro da arena...

- Preparados, comecem! - gritou um homem

- Acaba com ele, Azuli! - gritou Asta, a encorajar a menina.

Azuli sorriu e disse: Podes deixar!! - agora, voltando-se para o seu par, Azuli disse: Ah, eu esqueci-me de perguntar o teu nome.

- Eu sou o Benjamin White. É um prazer! - apresentou-se Benjamin. - E tu és a Azuli, verdade?

- Sim, é um prazer conhecer-te, Benjamin! Vamos esforçar-nos ao máximo, ok? - perguntou Azuli.

- Mas é claro. - disse Benjamin calmo, com metade do rosto sombreado. Ele agora tinha o grimório aberto, a postos para atacar e defender a qualquer altura. - Então, dou-te o primeiro ataque! Dá tudo de ti também!

Azuli não esperava ter de atacar primeiro, ela sentia-se mais confiante na defesa. Mas ela não podia voltar atrás agora. - Muito bem, aqui vou eu!

- Espero que Sua Graça, marquês Benjamin White, tenha consciência de contra quem ele está a lutar. - disse um nobre arrogante.

- Sim. Vai ser fácil derrotar aquela plebeia. - disse outro nobre arrogante.

- Ela nem sabe controlar os seus poderes. Posso até adivinhar que ela vai autodestruir-se com os seus poderes. - disse um nobre aos seus dois amigos nobres do lado. Todos eles se riram com o que eles próprios disseram.

Apesar de estar longe, Azuli conseguiu ouvir os comentários que circulavam pelos candidatos. A sua mão, que descansava em cima do grimório da sua bolsa amarrada em um cinto de couro castanho, fechou a fivela da bolsa de volta e deixou o grimório no mesmo lugar.

Concentrando o seu poder nas suas duas mãos, ambos os braços esticados aos lados do corpo de Azuli, ela anunciou: Esferas de água! - três grandes esferas de água foram em direção a Benjamin.

- Frio Antártico! - Benjamin lançou um feitiço em direção às esferas de água, congelando as esferas de água.

- Que droga! - disse Azuli.

- É só isso que tens? Onde está aquele poder avassalador de mais cedo? - perguntou Benjamin. - Vamos, eu quero ver do que és capaz, Azuli!! - com essa declaração, Benjamin invocou outro feitiço - Domínio do gelo: Expansão da Floresta de Gelo!

Um vento intenso instalou-se em toda a arena, fazendo com que muitos candidatos se escondessem atrás das paredes, e os mais corajosos e poderosos apenas usavam os seus poderes para se protegerem e conseguirem observar a luta.

- O que é isto? A arena está coberta de neve, todas as paredes estão cobertas de gelo! - Azuli expressou o que lhe ia na mente.

- Não baixes a guarda!- gritou Yuno para Azuli.

- Cuidado, Azuli!!! - avisou Asta.

Quando Azuli olhou novamente em direção a Benjamin, ela viu inúmeros projéteis a ir contra ela. Azuli esquivou-se dos vários projéteis, mas o que ela não esperava era que esses projéteis se transformassem em muros de gelo feitos de espinhos de gelo, congelando tudo o que tocavam.

- Ah!! - gritou Azuli. Ela foi espetada por, pelo menos, cinco espinhos: dois na perna direita, dois na barriga no lado direito, e um no rosto do lado esquerdo. Nos lugares onde foi atingida pelos espinhos, a pele dela ficou com uma camada de gelo que a queimava. Embora magoada, os ataques não paravam. Ela podia ouvir Asta e Yuno chamar por ela, mas ela não podia descansar agora.

- Cura do Espírito do Mar. - Azuli disse para si mesma em tom de voz baixa. Ela estava quase completamente curada, mas Benjamin tinha outros planos.

- Flechas de gelo! - invocou Benjamin. Nesse momento, centenas de compridas flechas de gelo pairavam no ar, a maioria apontada para Azuli.

O que se seguiu foi confuso.

A arena, que estava completamente congelada, agora estava repleta de água, uma água que parecia ter vida. Todos os candidatos repararam que as centenas de flechas de gelo também tinham se tornado em água líquida. Mas o que mais se destacava era a fonte de luz azul que emergia de Azuli. Todo o corpo de Azuli começou a brilhar em azul claro, à medida que o brilho ficava mais forte, as características de Azuli desapareciam até que só restou a sua figura completamente azul brilhante, que agora estava dentro de uma esfera de água.

Santuário do Dragão do Mar! - disse Azuli, mentalmente, dentro da esfera. Feito isto, toda a água criada por Benjamin dos seus ataques anteriores começou a juntar-se em volta da esfera de água de Azuli. Cada fita de água seguia um curso dos vários raios luminosos que vinham de Azuli, criando uma paisagem surreal.

Com os capitães...

Todos os capitães observavam com atenção, em especial, para o que estava a acontecer neste momento.

- Minha nossa! Para além de ser fofa ainda tem todo este poder! - disse Finral com determinação e esperança. - Capitão Yami, que tal trazê-la para o nosso esquadrão, hein?

- Hm. - disse Yami com o cigarro na boca, pensativo.

- Yami, pensas em levá-la para o teu esquadrão? - perguntou William.

- Hm, por que queres saber? A rapariga nem terminou de ultrapassar o seu limite e já estás a desistir dela? Isso não parece com algo que tu farias. - provocou Yami, com um sorriso aberto e divertido.

- Claro que não. Eu só estava curioso. Ainda não decidi. - disse William.

- Hm, ela tem um grande potencial. Já para não falar da quantidade de mana que irradia dela. - disse Fuegoleon, para todos ouvirem.

- Que palhaçada! De nada serve possuir tanta mana se não é capaz de a controlar! - disse Nozel, irritado.

- É exatamente para isso que nós servirmos! Sob a nossa proteção, o nosso dever é guiá-los e fazer aflorar os seus potenciais! - disse Fuegoleon, sério e com entusiasmo.

- Que idiotice. - disse Nozel. - Façam o que quiserem. - cedeu.

De volta à arena...

O feitiço de Azuli estava completo. Agora um santuário do dragão do mar estava à frente de todos com Azuli ainda dentro da esfera brilhante, dentro do santuário, longe da vista de todos. Um vento de intensidade média foi causado pelo feitiço.

- Que máximo! - exclamou Asta, com os punhos fechados e estrelas nos olhos. Enquanto Yuno ficava impressionado calado, apenas a observar.

Benjamin, que observava tudo o que acontecia em silêncio, com os olhos tapados pela sua franja e com o brilho do seu grimório a sombrear o seu rosto em um tom gélido disse, em um sussurro: Congela.

O feitiço era simples. Benjamin já o utilizara em várias ocasiões. Consistia em congelar tudo e todos... até aos ossos. Apenas ele e um pequeno número de magos podia reverter as consequências deste feitiço. Podia-se considerar que este era o seu último recurso. O que jamais falhou. Foi por isso que...

Benjamin olhava para a estranha estrutura esférica de água gigante que estava à sua frente a ser congelada rapidamente até que... dezenas de dragões azuis escuros feitos de água circulavam pelo santuário, despedaçando todo o gelo e devolvendo o santuário ao seu estado original. Isso chocou Benjamin. Não... Ele estava para além de chocado, ele estava irritado, ele sentia descrença.

No momento seguinte, os candidatos ficaram agitados.

- O que está a acontecer? - perguntou uma jovem, receosa.

- A esfera de água está a desmoronar! - exclamou um candidato com medo.

- O que fazemos agora? - perguntou alguém.

Com os capitães...

- Como eu disse, esta rapariga só causa confusão. - disse Nozel.

- Devemos pará-la e ajudar os outros candidatos! - disse Charlotte, pondo-se a postos para ajudar os candidatos.

- Calma aí! - disse Yami para os outros capitães, que agora olhavam para ele. - Observem com atenção. - Yami olhava para onde Azuli estava, os capitães seguiam o seu olhar.

Com Asta e Yuno...

- Yuno!! Será que a Azuli perdeu o controle de novo? Devemos ajudá-la imediatamente! - Asta estava pronto para correr em direção a Azuli, mas foi parado pelo Yuno pelo gola da camisola.

- Acho que não será necessário, Asta. Olha ali. - disse Yuno, olhando para onde Azuli estava. Azuli agora brilhava com menos intensidade e as suas características eram visíveis novamente, o seu grimório agora estava aberto à sua frente, virando de página para um novo feitiço.

Minutos atrás...

- Flechas de gelo! - invocou Benjamin. Nesse momento, centenas de compridas flechas de gelo pairavam no ar, a maioria apontada para Azuli.

Memória de Azuli....

- De novo! - ordenava uma voz severa.

- De novo! - ordenava a mesma voz.

Uma menina estava em farrapos e a respirar pesadamente, quase sem conseguir manter-se em pé. Hematomas podiam ser vistos na pele exposta: rosto, braços e pernas.

- Novamente! Concentra o teu poder no teu interior, sente toda a tua mana fluir pelo teu corpo, e liberta-a! Só dessa forma poderás ganhar controle sobre o teu poder! - gritou a voz de um homem. O homem vestia-se bem, parecia até um nobre. O que mais se destacava de toda a roupa preta, era um medalhão prateado em forma de diamante de quatro pontas com um diamante em um azul ainda claro incrustrado em uma das pontas. Ele devia ter cerca de 30 anos, era muito elegante e irradiava uma aura intimidante ao seu redor, as cicatrizes no rosto ajudavam nesse aspeto.

- Estou a tentar, estou a tentar! - disse a menina cansada.

- Com esse astral jamais conseguirás controlar o teu próprio poder. - disse o homem.

A menina, com um semblante frustrado não desistiu, ela continuou a praticar dia e noite, mesmo que fosse às escondidas do seu avô. Até que uma noite... ela conseguiu.

- Eu consegui? - perguntou a menina, sem acreditar. - Eu consegui!! - saltitava a menina, feliz.

Ao longe, dois homens espiavam a cena.

- Parece que ela está a progredir. - disse um homem encapuzado, calmamente.

- Sim. - o outro respondeu, simplesmente. Mas quem o conhecia era capaz de notar um sorriso quase impercetível.

De volta a Azuli...

Maldito velho! Obrigada. - pensou Azuli. Ignorando a ameaça iminente das flechas, Azuli fechou os olhos e concentrou-se, seguindo os ensinamentos do seu velhote. Concentrando-se, Azuli foi capaz de controlar os seus poderes.- Santuário do Dragão do Mar! - disse Azuli, mentalmente, dentro da esfera de água. - Muito bem, está na hora! - pensou Azuli.

Atualidade...

Benjamin ainda não tinha desistido, agora com um olhar sádico, lançou um dos seus ataques mais destrutivos. - Raio de Nevasca!- Um enorme feixe de luz branca com um tom gélido azul claro foi disparado contra Azuli.

Azuli - Reino do Dragão do Mar!

Ninguém viu, ninguém sentiu, mas todos sabiam. Toda a arena e eles próprios estavam dentro do Reino do Dragão do Mar. Dragões feitos de magia nadavam livremente por todo o santuário. Todos eram capazes de respirar, eles estavam revestidos de uma magia protetora do próprio feitiço, menos um: o oponente de Azuli, Benjamin. Assim que Azuli conjurou o seu feitiço, o feitiço de Benjamin foi devorado pelos dragões do mar.

Benjamin, sem desistir, continuou a tentar congelar todo o santuário, mas sem sucesso. No momento em que ele conjurava um feitiço que perturbava a ordem do santuário, os dragões eram atraídos para a fonte do distúrbio.

- Desistes, Benjamin? - perguntou Azuli. Concedendo também proteção a Benjamin e permitindo-o respirar no santuário.

Todo o mundo esperava ansiosamente pela resposta de Benjamin, que estava de cabeça baixa e uma expressão não muito contente.

- Impressionante, realmente és impressionante. - elogiou Benjamin, agora com uma expressão serena. - Muito bem, eu desisto.

-Fim da partida! A vencedora é Azuli do vilarejo Kai! - gritou um homem.

Azuli desfez o feitiço e toda a água desapareceu.

Agora, frente a frente, Benjamin disse algumas últimas palavras antes de ir embora.

- Espero que estejamos em bons termos e que nos voltemos a encontrar um dia. - disse Benjamin.

- Sério? Não estás zangado por te ter vencido? - perguntou Azuli.

- Não é algo que me faça odiar-te. Eu vou tornar-me mais forte e aí vamos lutar novamente, com tudo o que tivermos! - Benjamin disse com um punho cerrado, convicto no que estava a dizer.

- Muito bem, Azuli!! - exclamou Asta, abraçando a sua amiga.

- Fizeste um bom trabalho. - disse Yuno com um sorriso.

- Muito obrigada, rapazes!! - disse Azuli, a abraçar os dois enquanto saía do centro da arena e ia para perto dos restantes candidatos. Enquanto andavam, Asta comentava sobre a luta dela enquanto Yuno apenas ouvia e assistia a cena diante dele.

- Foi só esses dois aparecerem que ela esqueceu-se de mim! - lamentou Benjamin, com lágrimas cómicas.

As poucas lutas pendentes decorreram sem problemas.

Ao pôr do sol, William anunciou: Isso conclui o exame. Agora, os candidatos que forem chamados, deem um passo à frente.

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