22#A gêmea da Guerreira Dragão do Mar

24-03-2025

Capítulo 22 - Yuno, desperta!

Para além do salão do Castelo Clover, Charmy podia sentir o calor que irradiava do final do corredor. Gritos angustiados e receosos podiam ser ouvidos pelo corredor vindos dessa direção. Apesar de tudo, Charmy continuava a seguir o cheiro, hipnotizada, mas isso mudou quando espreitou pera dentro da sala. A tremer, com suor a escorrer da testa, Charmy observava a cena que causava aquele balburdio.

- O que está a fazer, chefe?!! - perguntou um homem com uma farda branca, incrédulo. Ele parecia estar em conflito consigo mesmo, sem saber exatamente como proceder.

- A Capital Real está sob ataque! Precisamos evacuar o mais rapidamente possível! - outro homem, com a mesma farda branca que o anterior, tentou persuadir o chefe de cozinha a abandonar o castelo.

- Idiotas!! Como se um chefe de cozinha fosse parar de cozinhar pela metade e fugir!! Não importa as circunstâncias, a comida deve ser sempre entregue com excelência!! Isso é que é ser um cozinheiro de primeira!!! - gritou o chefe de cozinha, com uma expressão severa mas com a voz imbuída de uma paixão feroz.

O chefe, até este momento, esteve a preparar a comida em uma grande panela sobre o fogo, ajoelhado em sua frente. Brasas de fogo por vezes caíam sobre o homem, que usava um chapéu de cozinheiro chefe, mas o olhar atento e os movimentos calculados e minuciosos do chefe não vacilavam.

- Sim, mas os Cavaleiros Mágicos já saíram todos! Não há mais ninguém aqui! - informou um dos homens, a suar.

- O quê?!! O que diabos aconteceu para que todos fossem embora sem comer o meu prato principal?!! - o chefe levantou-se, exaltado, tirando a atenção da comida.

- Bem, é uma emergência nacional, senhor!! - o homem exclamou, inclinado para trás após a explosão do seu chefe.

- Estou a dizer-lhe, devemos ir logo... - o outro homem dizia, até ser interrompido por passos apressados.

- Esse prato principal ou lá o que seja... Deixe-me comê-lo, por favor!! - Charmy correu para a frente do chefe e sentou-se no chão, batendo forte as mãos no chão.

- Hã... Quem... Quem é esta baixinha? - perguntou o chefe, a olhar para Charmy, confuso. Ela está a usar o manto dos Cavaleiros Mágicos ... O que significa... Que ela deve ser uma das convidadas de honra da Cerimónia de Condecoração... Além disso... - o homem olhou mais atentamente para Charmy. - Esses olhos brilhantes e flamejantes!! Não é qualquer uma!! - Podes deixar, dama! - exclamou ele, entusiasmado, antes de se virar para a panela. - Só um momento!!Farei o melhor prato que tu já comeste!! - o chefe começou a lançar algumas chamas desordeiras para atiçar o fogo já existente.

- Sim!!!! - Charmy comemorou, e rodou com lágrimas de alegria, ao contrário dos outros dois cozinheiros atrás de si.

- Não, a sério, vamos logo sair daqui! - exclamou um dos cozinheiros que, assim como o outro, estava de queixo no chão, em choque pela escolha arriscada do chefe.

Nos diferentes distritos...

Todos os Cavaleiros Mágicos tinham defendido o povo e destruído os mortos-vivos com sucesso. Pilhas e pilhas de zumbis estavam em cada distrito, trazendo um ar doentio ao ambiente.

- Hmp... Já fizemos o suficiente. - disse Alecdora, a olhar para os montes de zumbis.

Isto... Isto foi realmente nojento, para não falar complicado também. - Mimosa suspirou de alívio por tudo ter terminado finalmente. - Não há condições de eu continuar sem magias de ataques. Definitivamente eu vou trabalhar nisso! - pensou ela, com convicção no olhar.

Preciso tornar-me mais forte para não precisar preocupar-me com isto. - pensou Yuno, ainda a olhar, atento, para a pilha de zumbis derrotados.

- O que eram estas coisas de qualquer forma? - perguntou Klaus, enquanto ajeitava os óculos.

- Ao que parece, eles não eram os nossos reais inimigos. - respondeu Hamon, com uma mão no queixo, a olhar para os zumbis caídos.

Shiren, mantinha-se em silêncio, a observar possíveis movimentos dos zumbis.

- Malditos!! Como ousaram atacar a minha irmã?!! As únicas que lhe podem tocar somos nós, as mulheres da Rosa Azul! - Sol gritava com os zumbis derrotados.

- Sol, não digas coisas que podem ser mal interpretadas, para. - disse Charlotte, virada de costas para Sol.

No distrito central, a multidão celebrava a vitória dos seus salvadores, e elogiavam-nos.

- Que poder tão incrível! - gritou um homem elegante, com um sorriso aberto.

- Longa vida aos Cavaleiros Mágicos!! - uma jovem mulher nobre gritou, com as mãos em forma de reza e um largo sorriso no rosto.

- O que foi? Isto foi tudo? - questionou Solid, divertido, com um sorriso aberto e um olhar arrogante.

- Isto não foi o bastante para me divertir. - comentou Nebra, sorridente.

Enquanto os seus dois irmãos supuseram a vitória sobre o inimigo, Nozel, Capitão dos Águias de Prata, com a sua experiência entendeu que ainda não tinha terminado por ali.

Que estranho... No que o inimigo estava a pensar ao mandar seres tão fracos? Quem é o verdadeiro adversário? - pensou Nozel, após analisar a situação. Ele olhou para o Castelo Real de Clover. - Era apenas uma estratégia... Quem eles estavam atrás... Era do Rei? - pensou ele.

Em algum canto, um homem estava, não a observar, mas a sentir todos os Cavaleiros Mágicos na região.

- Ao que parece... Todos entraram nas áreas marcadas. - ouviu-se a voz de um homem.

No momento seguinte, os Cavaleiros Mágicos viam-se em sérios problemas. Abaixo deles, em cada um dos cinco distritos, um grande portal negro abriu-se, engolindo-os. A visão do desaparecimento dos Cavaleiros Mágicos por um enorme portal negro, afligiu os cidadãos, que desconheciam a razão de tal ter acontecido.

- Muito bem... Exército dos Cavaleiros Mágicos... - a voz do mesmo homem ouviu-se, após os Cavaleiros terem sido levados das suas posições.

Longe da Capital Real, um portal negro abriu-se no céu, várias sombras caíram dele.

- Onde estamos? - perguntou Hamon, com suor a escorrer do rosto e um sorriso sempre presente, mas nem de longe um contente.

- ... Parece que estamos a várias centenas de quilómetros da Capital Real. - respondeu Shiren, calmamente, a olhar para o longe.

- Fomos apanhados!! - Sol entrava em desespero, com as mãos a segurar fortemente a sua cabeça.

- Sabia que o inimigo tinha um mago espacial habilidoso... Mas não deste nível! - comentou Charlotte, irritada por ter caído na artimanha do inimigo.

- Que erro ridículo!!!! - gritou Alecdora, indignado, com os braços abertos para o nada à sua frente.

Na Capital Real...

- Todos esses malditos Cavaleiros Mágicos caíram numa armadilha dessas? - uma mulher comentou, com um sorriso zombeteiro. - Que estúpidos!! Eu queria brincar um pouco com eles, mas... Agora seria inútil.

A mulher que falava, voava sobre a população, e olhava-os, sorridente, com malicia no olhar. Um grande chapéu pontiagudo preto com plumas violeta, as mesmas cores que revestiam o seu longo vestido de penas pretas e violetas.

- O quê? Quem é aquela? - um homem com aparência elegante perguntou a ninguém em especial. Quem o ouviu, olhou na mesma direção que o homem olhava e viu uma mulher a sobrevoar sobre eles sentada na sua vassoura.

- Então... Enquanto isso... Por que não pego um pouco dessa mana jovem? - a mulher lambia os lábios com cobiça e não desviava os olhos das pessoas que lhe despertavam interesse. - Magia de Maldição de Cinzas: Formação de Absorção de Cinzas. - disse a mulher, com o seu grimório aberto à sua frente, que irradiava um brilho cinzento escuro, como um amontoado de poeira, esticando o braço para o alto.

O tempo não havia parado nem acelerado, contudo, à medida que os segundos iam passando, as peles das pessoas mudavam rapidamente. O que antes eram peles jovens agora passavam a mostrar as marcas do tempo, estavam mais escurecidas, decoradas com manchas castanhas de idade, com linhas de expressão e pele flácida. Os cabelos haviam passado de belas cores vibrantes para branco, os quais pareciam que a luz do sol transparecia através deles, como se fossem fantasmagóricos, assim como os anos que passaram em segundos.

- Vejam só! A minha pele está tão macia! - a mulher tocava a sua pele entusiasticamente, com um sorriso de um canto do rosto ao outro.

Horrorizadas, as testemunhas que não foram afetadas fugiram para longe da mulher.

- Socorro! - uma bela jovem nobre gritou, assustada.

- Por favor, alguém a puna! - outra jovem aristocrática gritou, enquanto corria ao lado da outra menina.

Uma pessoa não ficou nada contente com essa cena inútil.

- Parem de pensar que são bonitas!! Suas porcas!! - gritou a mulher, enraivecida só de olhar para as duas belas jovens.

- Ahhhhhhhhh!! - as duas meninas perderam a sua juventude em um suspiro e caíram no chão, sem forças.

- Eliza!! - um jovem apanhou a menina antes que caísse no chão. - Acorda! - pediu ele, preocupado.

- Oh! Tu és lindo, sabias? - perguntou a mulher, com um sorriso manso, a olhar para a beleza exterior do rapaz. Ela então voou até ao rapaz na sua vassoura e agarrou-lhe o queixo, aproximando o rosto ao dela. - Diz-me, eu sou linda? Quantos anos me darias? Vamos, responde. - perguntou ela, com uma voz doce.

Quem estava aterrorizado com a mulher encostado a si, era o jovem rapaz, que tremia e suava, com nada além a dizer senão: Seu monstro! O que lhe fizeste?! - perguntou ele, assustado, com lágrimas nos olhos, preocupado com a sua amada.

- Quem é o monstro?!! - a mulher, enojada, apertou o queixo do jovem até ouvir algo a rachar. - Morre!!!

O momento da morte, não chegou como o esperado. Um forte tornado, apesar do seu tamanho médio, fez com que tanto a mulher como o rapaz voassem pelo ar, afastando-os um do outro.

- Quem diria... - a mulher olhava para a pessoa que o atacou, sem se virar completamente. - Então alguém conseguiu escapar da magia espacial...! - ela falou, séria, o que não durou depois que ela se virou por completo. - Olha só! Que esplêndido! Tu és o meu tipo! Ei, queres fazer algo divertido comigo? - perguntou ela, animada, com brilhos à sua volta e as mãos entrelaçadas perto do rosto.

- Afasta-te destas pessoas... Tia. - mandou Yuno, ainda em posição do ataque.

- Hehe... - a mulher riu-se, antes da sua expressão carinhosa mudar por completo. - Estás morto!! - gritou ela, com veias saltadas no rosto e os olhos abertos com um olhar intenso. - A quem estás a chamar de tia?!! - a mulher abriu o seu grimório e criou dezenas de esferas mágicas atrás de si, sem perder tempo em atacar quem a insultou.

Com a sua magia de vento, Yuno, com dificuldade, criava o seu caminho através das diversas esferas que se dirigiam a ele.

- São esferas amaldiçoadas com toda a classe de maldições dentro!! Não saberás o que te farão até seres acertado!! - gritou ela, animada, enquanto observava o menino a desviar das esferas, que apareciam uma atrás da outra.

Enquanto se desviava das esferas, Yuno falava com a mulher.

- Quem são vocês? Por que estão a atacar-nos?

- Quem diria... Achas que podes lutar enquanto falas? Está bem. És lindo, então eu conto! - cantarolou ela. - Estamos aqui para eliminar uma certa pessoa! Bem, quem tu pensas que é? - perguntou ela, divertida. - Não é como se eu fosse dizer-te! - a mulher, ainda divertida, atacou Yuno, acelerando a criação de esferas amaldiçoadas.

No Castelo Real de Clover...

- Onde está o Rei Mago?! - perguntou um homem, atrás de uma cortina branca translúcida, exaltado. - Estar próximo ao Rei deste país em uma hora destas... Deveria ser a prioridade do mago mais forte desta nação! Acredita-se que a autoridade dele se iguala à minha quando estamos em guerra, ou não? Eu sou o único e incomparável líder deste país! - gritou ele.

O homem que falava, vestia roupas elegantes e luxuosas. Era acarinhado e abraçado por duas lindas mulheres jovens, que vestiam nada mais que um leve vestido branco e uma maquilhagem carregada. Os três estavam sentados em uma grande cama redonda, que estava pousada em uma grande plataforma com o símbolo das três Casas Reais do Reino Clover.

- Vossa Majestade, nós, os assessores do Rei Mago, iremos protegê-lo. - disse Marx, ajoelhado diante do rei do país. Ahhrr!! Onde é ele se meteu?!! Ele é liberal demais! Saiu num momento de crise e ainda não há noticias dele! - pensou Marx, nervoso por ter que lidar com a situação do rei sozinho, e irritado, pelo Rei Mago ter ido a algum lugar.

Com o Yuno...

Os ataques continuam a vir! Ela tem uma enorme quantidade de mana! - pensou Yuno, enquanto tentava se desviar das esferas, sem sucesso. Três esferas amaldiçoadas acertaram-no.

- Ah! Estás a começar a ficar mais desleixado! Que efeito terá em ti desta vez? - perguntou ela, que se divertia com a ruína de Yuno.

Droga! Os meus olhos... Estou a ver tudo embaçado! - pensou Yuno, com uma expressão cansada e suor a escorrer pelo rosto. - Já não consigo sentir o meu corpo... E agora... Os meus ouvidos estão a falhar! Este é o poder dela...

Com uma esfera amaldiçoada nas mãos, a mulher, sorridente, continuou o seu ataque.

- Magia Amaldiçoada de Cinzas: Cinzas Destruidoras de Felicidade! Pouco a pouco... Enquanto tremes de medo... tu pagarás por me teres chamado de tia!

A esfera amaldiçoada acertou Yuno.

A expectativa criada sobre o grimório de quatro folhas... E ter sido admitido no esquadrão mais forte do reino, o Alvorecer Dourado... O que... eu queria exatamente...?

Pode ter um trevo de quatro folhas, mas esse plebeu está a ir na sorte. - criticou um membro do Alvorecer Dourado.

Humf! As habilidades dele não são nada comparadas com o resto do Alvorecer Dourado. - outro menosprezou.

Apenas espera. Ele logo cairá morto. - outro membro disse ao seu colega.

Estas são algumas criticas que Yuno ouviu pelos corredores do Alvorecer Dourado. Muitos membros desejam a queda de Yuno até ao lugar de onde saiu ou mesmo a morte. Independentemente de Yuno estar perto deles, muitos não tinham qualquer intenção de baixar a voz para preservar os sentimentos de Yuno, até mesmo a maneira preferida da maioria dos membros do Alvorecer Dourado era parar e rodear Yuno, e desabafar todos os pensamentos negativos que têm sobre o rapaz.

É irrelevante o que os outros membros dizem ou pensam... Eu treino apenas para que eu não perca nunca. - pensou Yuno. - Mas... Eu não fui capaz de vencer... - Yuno lembrou-se da luta contra Mars, na qual ele foi inútil para a derrota do mesmo, apenas conseguindo manter os seus aliados e a si mesmo seguros por um tempo. - Quem o conseguiu vencer... Foi um poder que consegui por acaso e que não consigo controlar. Além disso... essa magia parece não me escutar. Só consegui escapar da magia dimensional porque essa magia, o qual nem posso realmente chamar de meu, reagiu a essa força.

Não é como se nós tivéssemos qualquer expectativa sobre ele. - disse Alecdora, na lembrança de Yuno na recepção de condecoração.

Não... Não é isso... o que me frustra!! - pensou Yuno, zangado.

Yuno, ainda sem os seus sentidos, criou um tornado em direção à mulher.

- Kyahahahahah! A quem estás a mirar, hum? - perguntou ela, divertida, a observar as tentativas patéticas de Yuno de a atacar. - Precisas de mirar corretamente! Assim! - ela então disparou cinco novas esferas a Yuno, acertando-o. - Sabes, se implorares pela tua vida amavelmente, não me incomodava em perdoar-te. Diz: " Eu sinto muito, lady"!

Yuno, mesmo com as roupas em farrapos e vários hematomas e arranhões, mantinha-se de pé.

Não consigo... ver nada... Não consigo... sentir nada... - pensou ele, a cambalear, até que... - Este é... Aquele fluxo de mana! - Yuno, mesmo com os olhos brancos, sem puder ver nada, sentiu algo em si e à sua volta, algo mágico.

Diz-se que os magos cuja magia se baseia no vento são particularmente bons na deteção de mana. Com os seus cinco sentidos perdidos e por estar entre a espada e a parede, Yuno, com a sua aguçada concentração... mostrou uma surpreendente habilidade para detetar mana... E então, tentou ir mais além disso...

- Vamos, vamos, apressa-te! Apressa-te e implora pela tua vida! Se não o fazes, matar-te-ei agora mesmo! Kyahahahahah! Quero saber de muitas coisas sobre ti! Estás a ouvir-me?! Vamos, apressa-te! - a mulher falava, e falava, mesmo que Yuno não a pudesse ouvir... ou podia.

Ah... Que barulheira. Cala-te. Não me interessas. Apenas... Ele... E agora, ela também... - Yuno lembrava-se de Azuli, que o conhece há pouco tempo, a salvá-lo e defendê-lo de ataques verbais ou mágicos de várias pessoas, especialmente quando ela o visitava no Alvorecer Dourado só para conversar ou passear, e Asta a salvá-lo da espada de diamante. - Não quero perder contra eles! Nem contra Asta! E agora, muito menos contra a Azuli!

- Ainda não terminei! - gritou Yuno, e, no mesmo instante, um intenso brilho verde subiu aos céus e espirais de vento contornaram e rodearam Yuno.

- Hã? - a mulher olhou para onde o vento se reunia, atónica. A mana... está a reunir-se?! Esta sensação... Ele... - agora, com os olhos postos no poder contra o qual ela lutava para não ser puxada, ela estava a suar de nervoso. - ... controlou a mana?! - ela desviou o olhar para o grimório, que estava perto do espírito do vento, que parecia uma pequena fada. - Esse grimório!! - disse ela, em um sussurro trémulo. O lendário trevo de quatro folhas?!! O mestre disse que dois grimórios de quatro folhas haviam sido despertados na nova geração, mas... A miúda que ameaçava o mestre já morreu, mas agora, este rapaz...

- Só vou dizer-te uma coisa... sobre mim. - Yuno começou por falar, elevado no ar pelo vento que a fada conjurava e manipulava. - Eu sempre serei um mau perdedor!! - gritou Yuno, em fúria, enquanto lançava uma enorme esfera de vento contra a mulher, destruindo pelo caminho alguns telhados dos prédios que tiveram o azar de estar no caminho da fúria da magia do espírito do vento.

Enquanto a mulher estava a ser atirada pela esfera de vento para longe, Yuno estava em cima de um telhado, a olhar para o pequeno espírito.

Estou a ver... Este espírito tem estado a enviar-me sinais de mana constantemente... Estava a contar tanto comigo mesmo, na minha visão e audição, que não pude notar. - Yuno olhava para o pequeno espírito do vento, que sorria docemente para ele. - Mas sendo este o espírito do vento e eu não possuo outra magia para além de ataque... Não entendo por que eu estou a melhorar... - Yuno olhava para a sua mão, e notava que conseguia enxergar cada vez melhor, ouvia cada vez melhor e sentia o resto do seu corpo mais uma vez.

Ao longe, a mulher continuava a ser arrastada pela esfera de vento.

Isto é mau!! Se eu não usar a magia que roubei para proteger-me, então... - a mulher pensava, angustiada, enquanto gritava de dor por estar a ser cortada constantemente.

Na cozinha do Castelo de Clover...

- Tãoooooo... Deliciosa! - Charmy estava a comer toda a comida disposta em uma mesa, comida essa que o chefe tinha preparado para a recepção.

- Como comes bem, baixinha! - elogiou o chefe, entusiasmado. - Vamos! Devora, devora, devora tudo! - disse ele, com um punho levantado.

- Sim! - concordou Charmy, mais que disposta a comer tudo.

O que estes dois estão a fazer em um momento de crise nacional?! - pensaram os dois cozinheiros, estupefatos com a visão à sua frente.

Charmy comia, feliz, até ser interrompida abrutamente por uma parede a ser destruída, assim como o Capitão Yami fazia na Base.

- Hã? - os três cozinheiros expressaram, em alerta. Porém, o chefe parecia mais confuso do que em alerta.

- Uggh... - uma velha estava caída no chão, a tentar levantar-se, mas devido à fraqueza ela não era capaz, apenas tremia enquanto tentava.

Após piscar os olhos uma vez, apesar de atrasado, parece que uma luz se acendeu sobre o chefe de cozinha.

- Uma bruxa!! Estamos sob ataque!! - o chefe gritou, com suor na têmpora.

- Por isso lhe disse que precisávamos de correr! - um dos cozinheiros gritou, enquanto olhava para a bruxa.

Não é mana o suficiente!! - pensou a bruxa, ao olhar para os três homens, que estavam de boca aberta a olhar para ela.

A bruxa que destruiu a parede, é nada menos que a mulher que Yuno derrotou com o poder do espírito do vento. Para amenizar o impacto do ataque da esfera de vento e curar as feridas que lhe causara, a bruxa sentiu-se obrigada a usar a magia que roubara das pessoas, assim, salvando-se. Mas, isso trouxe um efeito devastador para a bruxa, uma pessoa que aprecia a jovialidade acima de tudo. Neste exato momento, ela estava em um estado envelhecido, coberta de rugas e cabelo branco. Quem a visse, adivinharia que ela teria em torno de oitenta anos.

- Deem-me... Deem-me... - a bruxa repetia, com o chapéu a tapar o seu rosto. Devo roubar mais, senão... - pensou ela.

Dar-lhe?! - Charmy pensou, duvidosa, mas em alerta. - Ela quer... A minha comida?!! - pensou ela, a colocar-se à frente da sua comida protetoramente. - Nãaaaaaoo!! - gritou Charmy.

- Dá-me! - a bruxa mandou, novamente. Ela começou a manifestar o seu poder, pronta para roubar a mana de todos os presentes na sala.

- Nãaaaaoo! - gritou Charmy, a gesticular não com a cabeça, ainda entre a comida e a bruxa.

Precavido como ele era, Yuno voou em direção à mana familiar que sentia, até chegar perto de uma torre do Castelo Clover, que tinha uma parede destruída.

Essa mana... Eu sabia! Aquela mulher continua viva! - pensou ele, com os dentes cerrados. - Hm?! O que é isto?!

Na torre...

- Dá-me!! - a bruxa, com os braços esticados para o lado e uma expressão assustadora, continuava a pedir por mana a Charmy.

- Já disse que não. - disse Charmy, com uma expressão em branco e uma voz monótona, o que fez com que a bruxa anulasse o seu poder e ficasse estática, suor a escorrer lentamente do rosto. - Magia de Criação de Algodão: Golpe da Ovelha Adormecida. - disse ela, tão séria quanto antes.

E, mais uma vez, a bruxa foi golpeada e atirada para outro canto do reino... A questão é... Ela deixou a vida escapar por entre os dedos... ou a vida ainda tem muito o que lhe mostrar?

Com a demonstração de poder sublime de Charmy, que salvou a vida dos cozinheiros, eles estavam de queixo no chão, espantados pela força da baixinha.

- Uoooou!! - os três cozinheiros exclamaram, impressionados.

- Isso... Isso foi espantoso!!! - o cozinheiro de cabelo curto exclamou, de boca aberta, a olhar por onde a bruxa foi atirada.

- O que vos pareceu?!! A paixão da minha comida aumentou o poder da baixinha!! Alegra-me que tenhas gostado! - o chefe estava muito contente pela sua culinária ser mais do que um mero prato cheio de comida, mais do que isso, era uma força para os Cavaleiros Mágicos.

- Irei segui-lo pelo resto da minha vida, chefe de cozinha!! - anunciou o cozinheiro de cabelo longo, impressionado com o seu chefe.

- Não importa quem seja... Ninguém toca na minha comida! - após toda a tensão de pensar que lhe iam roubar a comida, Charmy limpou o suor da testa enquanto suspirava. Mas, como nem tudo é perfeito, de algum modo, o prato de comida de Charmy voou em direção ao buraco na parede. - Láaaaaaaaaa!! - Charmy corria em direção à comida, branca que nem um fantasma.

Para a felicidade de Charmy, o prato com comida foi sustentado pelo vento criado por Yuno, que voava com o espírito ao seu lado.

Uma criança? - pensou Yuno, em dúvida.

- Comida!! - Charmy ainda corria atrás da sua preciosa comida.

Aquela magia tremendamente forte... Foi desta criança? - Yuno olhou melhor para a menina. - Oh! O manto dos Touros Negros! - reparou Yuno, agora que a sua visão estava quase completamente recuperada.

- Comida!! - Charmy gritava ainda enquanto corria.

Sem dúvida foi esta criança. - concluiu Yuno.

- Aqui tens. - Yuno entregou a comida a Charmy com o seu vento, que o olhou, deslumbrada, antes de pegar a comida.

- M-M-Muito obrigada!! - Charmy agradeceu a olhar para o lado, envergonhada. O meu príncipe salvador de comida chegou! - pensou ela, feliz.

- Não há problema. - respondeu Yuno, com os olhos infantilmente semicerrados.

- Hm... Ei... P-Podes dizer-me o teu nome? - perguntou Charmy, tímida, sem olhar nos olhos de Yuno.

Acho que aquela magia tensionou muito o meu corpo. - pensou Yuno, com o corpo a tremer. - Tenho que controlá-la melhor...

- Lá?!! - exclamou Charmy, em dúvida, que rapidamente foi substituída.

Yuno, sem forças, empurrou Charmy para baixo, sem intenção. Felizmente, ambos caíram na lã macia da ovelha cozinheira de Charmy, que havia se posto a jeito atrás dos dois.

- Láaaaa... - Charmy estava corada e de boca aberta, estupefata, por estar deitada tão próxima do seu príncipe, que tinha o braço em cima da menina enquanto estava desmaiado. - Bem... é melhor comer isto! - decidiu Charmy, em relação à comida que ela segurava acima da sua cabeça.

Com Azuli e os demais...

Eu fui treinada desde pequena pelo Otávio, o meu avô, com as mais diversas magias e estratégias de campo de batalha, pelo menos foi o que eu pensei, mas... Uma luta real... Sempre soube que seria diferente, mas não tanto assim. - pensou Azuli, com o olhar atento para o seu novo adversário. - Estas malditas feridas parecem não sarar... Pelo contrário, com o passar do tempo elas abrem-se mais e mais, a dor está cada vez pior! O Asta está quase sem fôlego por ter dado tudo de si, do seu espírito e corpo, na luta contra os zumbis. E agora... - Azuli olhou para Noelle, que ainda protegia a menina, que se recusava a fugir por alguma razão, e Leopoldo, que se colocou na frente de Noelle, protetoramente. Os dois estavam a enfrentar um zumbi lamacento, um elemento que não era propicio para nenhum dos tipos de magias dos dois.- Aqueles dois também se envolveram em problemas. - ela voltou a olhar para o homem que manipulava os zumbis. - Mesmo que eu tenha muita mana, não a sei usar com eficiência, especialmente quando me deparo com alguém que nem mesmo luta por si, mas sim por pessoas mortas que têm diversos tipos de magia.

- O grimório de quatro folhas não vai valer-te de nada! Essa tua falta de controlo de magia... Vai ser a tua ruína!! Uma inútil que nem consegue manipular o seu poder... Não posso crer que o mestre tenha criado tanta consideração por uma fedelha destas! Ahahahahahah! - exclamou ele, para o céu, como se ninguém estivesse por perto.

Irmãzona... Homem estúpido! A irmãzona pode até nem ter a melhor magia ou controlo sobre ela, mas foi ela quem me protegeu! - pensou a menina, irritada, a olhar para o homem mau e depois para a sua protetora, que sangrava muito mais do que a menina se lembrava da última vez.

- Como se não bastasse... Essa tua espada antimagia... É inútil se não puderes tocar no teu inimigo! - exclamou o homem, com um largo sorriso e veias vermelhas nos olhos, para Asta, que ofegava atrás de Azuli, que se colocou entre Asta e os oponentes, após o menino não conseguir correr mais dos raios, apenas podendo cambalear, sem forças.

Eles não estão nada bem! Tenho que me despachar e ir ajudá-los! - Noelle pensou, com os dentes cerrados, enquanto Leopoldo apenas conseguia aquecer a lama o suficiente para borbulhar, mas não para a destruir. - Mas primeiro, eu tenho de ajudar o Leopoldo nesta luta. Somos só nós agora! - pensou ela, determinada.

- Tu disseste: "...Luta contra nós, sem truques!", não foi? Eu controlo cadáveres e venço só ao observar o vosso corpo morrer! Esse é o meu jeito de lutar!! - gritou ele, divertido.

Raios! Esse tipo que nem sequer vê as pessoas como humanos! Não quero perder para ele!!! - pensaram Azuli e Asta, a olhar determinadamente para o homem.

- O que foi? Que olhos são esses?! - perguntou o homem, com o nariz empinado, a olhá-los por cima, não só pela diferença de alturas. - Nem pensem em empolgar-se, seus pirralhos de merda! Mata-os, Alfred! - mandou o homem.

O-O meu corpo não se mexe... - pensou Asta, a olhar para a explosão de raios que Alfred preparava.

Respira fundo. A mana nem sempre pode ser controlada. Em uma pessoa bem treinada, ela é uma mais valia, mas em uma mal preparada já é outra história. - a voz de um homem podia ser ouvida, mas não no momento presente. - Em momentos de crise, tensão e dúvida, deixa que seja a mana a guiar-te, não tu a ela. A mana liga-nos à natureza... É um poder com consciência própria, ela se moverá como achar certo, como achar seguro para o seu recipiente.

Oxalá estejas certo... Otávio... - pensou Azuli, com um suspiro, enquanto um poderoso feixe de relâmpago se dirigia em sua direção e de Asta.

- Essa não!! - exclamou Noelle, preocupada, enquanto manipulava um redemoinho de água, inspirado no tornado de vento de Yuno, e rodeava o zumbi com poder de lama e Leopoldo, que se aproveitava dos ataques calculados de água para queimar o zumbi até desmembrá-lo, membro a membro.

Sem palavras, o homem apenas olhava, pasmo, para onde o zumbi flutuava anteriormente.

O meu Alfred foi feito em cinzas... Em um segundo?! - pensou o homem, incrédulo. - Aquele homem... É ele... - ele olhava para o homem que se aproximava.

Droga! Não pude deter o ataque... Nem mesmo fazer o que o avô contou! - Azuli olhava para o chão, com os dentes cerrados. - Eu ia mesmo... Pôr a vida do meu companheiro em risco por uma possibilidade de acerto mínima...?! - ela rodeou o corpo de Asta com os braços, segurando-o para não cair. O corajoso menino não escapou da exaustão após tanto esforço, e desmaiou assim que tocou a cabeça nas costas da sua amiga, que o protegia. - Que espécie de pessoa sou eu?! - pensou ela, com os dentes cerrados e sangue a escorrer das suas feridas, que acabaram de abrir mais e se tornar mais profundas.

- As minhas desculpas por intrometer-me na tua luta. Pensei que seria uma lástima deixar uma mulher como tu morrer aqui. Perdoa-me! - desculpou-se Fuegoleon, com uma mão no ombro direito de Azuli, o que não estava furado pela esfera de poder do homem.

Fuegoleon... - pensou Azuli, a olhar para o primo em silêncio. - Não te esqueças, Azuli... Ele não sabe quem és na realidade. Agora, talvez até para sempre... tu és a Azuli. - pensou ela, amargamente.

- És uma plebeia com uma quantidade de mana tremenda... - Fuegoleon, antes de continuar, olhou nos olhos de Azuli, que engoliu em seco. - ... Mas sem o controlo necessário sobre ela. - ele posicionou-se em frente a Azuli, que agora segurava Asta nos braços pela frente e abraçava-o. - Estou impressionado que tenhas chegado até aqui, o mesmo para o menino. Odeio admitir, mas parece que o julgamento do Yami foi melhor que o meu. Azuli, é assim que te chamas? Ouvi dizer que querias converter-te na nova Guardiã deste país.

- O quê?! Converter-se em Guardiã? Quem iria querer essa tolice novamente?! Nem mesmo é um título real! Aquela mulher morreu por ninguéns como vocês e ainda foi menosprezada pelo povo que tanto amou. Ahahahahah! - gozou ele. - Pensando bem, é um ótimo destino para ti!

Ignorando o homem, Fuegoleon continuou.

- Sabes qual é a verdadeira história da Guardiã deste país? - perguntou Fuegoleon a Azuli, que estava confusa, porém curiosa por Fuegoleon tocar na história que já ouviu sobre tantas vezes. - É bem mais antiga do que possas imaginar. A mulher que o nosso oponente se refere... Terei todo o prazer em contar-te um dia destes no meu palácio, assim como todo o resto da história. Em todo o caso... Para avançar um pouco na história... Tu e eu somos rivais também. - anunciou Fuegoleon, com um sorriso, a olhar para Azuli, que se mostrava surpreendida, com um brilho radiante no olhar, como se Fuegoleon tivesse despertado algo dentro dela nesta conversa.

- Já entendi... Este homem... - disse ele, para si mesmo. O Capitão dos Cavaleiros Mágicos dos Reis Leões Carmesins... Fuegoleon Vermillion... - terminou ele, na sua mente.

- A partir de agora, deixa o resto comigo!!! - em chamas, Fuegoleon envolveu Azuli e Asta nas suas chamas protetoras, como se eles fossem filhotes de leões.


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