19#A gêmea da Guerreira Dragão do Mar

24-03-2025

Capítulo 19 - Reunião na Capital Real

Na semana seguinte à exploração da masmorra, os Touros Negros estavam a lidar com problemas, bem..., mais exatamente, dois problemas.

- Laaá, vocês estão tão magrinhas! Comam, comam! - Charmy enfiava comida na boca de Azuli e Noelle.

Ora, eu bem que senti que elas haviam se metido em algum problema... Que teimosas...! - Vanessa remoía-se mentalmente, culpada pela condição das duas meninas, que ela via como suas irmãzinhas mais novas.

- Ehhh!!! - gritaram Azuli e Noelle, incrédulas, após engolir a comida. - Nós dormimos por uma semana inteira?!!

- Ahahah! Sim, o Asta ficou tão preocupado, que ia ver-vos a toda a hora. - disse Vanessa, com uma mão no rosto e uma garrafa de vinho ao lado. Vejo que a energia delas está a recuperar-se. Pelo menos isso... - pensou ela, contente.

O Asta?!! Ele viu-me a dormir?! Que horror, eu devia estar toda acabada! E sabe-se lá o que mais ele presenciou! - pensou Noelle, com os olhos em branco, enquanto apertava o garfo que segurava.

- Uou! - a água que Asta estava prestes a beber espirrou para o alto. - O que foi isto?!! - perguntou Asta, a gritar com os olhos saltados, enquanto a água descia pela sua cabeça e encharcava todo o seu rosto.

- Comecei a pensar que vocês nunca mais iriam acordar. Mas o doutor Owen receitou um xarope estranho que vos fez sair do estado esquelético e sem mana! - exclamou Asta, entusiasmado, enquanto punha as amigas a par do que aconteceu. - E a mana Vanessa teve todo o cuidado em medicar-vos à hora e as vezes certas.

- Obrigada, Asta, Vanessa. Vocês são realmente os melhores. - agradeceu Azuli, feliz, após parar de comer a enorme porção de comia por um momento.

- Obrigada pela preocupação, pessoal. - agradeceu Noelle, tímida, com um rubor rosa nas bochechas.

- Ora essa... - disse Vanessa, com um sorriso, enquanto olhava para as duas meninas que comiam a deliciosa comida que Charmi havia posto na frente delas. Se eu soubesse que isto teria acontecido, teria ido atrás de vocês. - pensou Vanessa, pesarosamente, enquanto se lembrava do momento em que Finral voltou momentaneamente à base e contou-lhe o que as meninas haviam lhe pedido.

- Também fiquei preocupado. Que bom que estão bem. - disse Gordon, sem que ninguém o pudesse ouvir.

- Descansar também é importante. - disse Magna, sorridente. - É que conquistar aquela masmorra gastou uma energia danada.

- Mas uma semana parece demais. - suspirou Noelle, que ainda comia.

- Chega de asneira. - disse Gauche, o que chamou a atenção dos demais. - Acham que a minha Deusa, a minha irmãzinha, Marie, gostaria de ouvir toda esta tolice? Falem de algo mais interessante. - disse ele, com sangue a escorrer pelo nariz, enquanto mostrava a foto da sua irmã. - Eu só tenho 3214 histórias no estoque.

- Quando é que vais contar-nos todas elas? - perguntou Finral, que estava sentado entre Gauche e Noelle.

- Como estão a sentir-se? Os buracos dos vossos estômagos já fecharam? - perguntou Luck, em pé, entre as duas. - Querem lutar comigo agora? Querem? - perguntou ele, aninado, a dar socos no ar.

- Não fechou por completo ainda. E eu estou com uma fome... - disse Azuli, com uma expressão engraçada, enquanto deitava a cabeça na mesa e um mini fantasma da Azuli saía da sua boca.

Ainda não...? - pensaram Magna e Vanessa, que observaram a montanha de comida que as duas meninas devoraram.

- Eu estou satisfeita. - disse Noelle, com os braços cruzados. Mas a sua afirmação foi detonada após a sua barriga roncar, fazendo-a corar.

De jeito nenhum. - pensaram Magna e Vanessa, que estavam sentados ao lado um do outro.

Pode-se chamar de coincidência, destino ou manipulação... Várias ovelhas com chapéu de chefe de cozinha e a Charmy chegaram com um monte de bandejas de comida, desta vez, não só para Azuli e Noelle.

- Pessoal! As ovelhas cozinheiras fizeram o pequeno almoço! - exclamou Charmy, que segurava uma bandeja acima da cabeça com os seus braços curtos.

- Que delícia! Está ótimo! - disse Asta, com estrelinhas brilhantes nos olhos e a boca cheia de comida.

- Vai com calma. - disse Noelle, preocupada, a entregar um copo de água a Asta, que estava engasgado.

- Obrigado. - disse Asta, com os olhos em branco e o rosto azul, enquanto lutava para respirar.

- Tu és um porco. - disse Noelle, em relação à forma indelicada de Asta comer. - Hm? - Noelle olhou para o outro lado, para Azuli. - Sinceramente... - disse ela, com uma gota de suor na testa. Azuli, após comer com muito apetite, estava a lutar por ar, ela também se engasgou. - Aqui. E come mais devagar a comida não vai fugir. - disse Noelle, a dar um sermão na irmã, que bebia a água.

- Obrigada, mana. - agradeceu Azuli, com um sorriso de olhos fechados, enquanto recuperava o fôlego.

- Ora, ora. Eles precisam de nutrientes, assim como tu. Devias comer mais, Noelle. Afinal, ficas-te um bom tempo sem comer. - disse Vanessa, bêbada, com uma garrafa de vinho nas mãos. - Querem um gole? - perguntou ela, a levantar a garrafa enquanto sorria.

- Isso nenhum de nós podemos! - exclamou Noelle, a impedir que Asta e Azuli continuassem a esticar os braços em direção à garrafa, deixando-os desanimados, embora não tenha durado muito.

- Que delícia!! - a comida era de chorar e implorar por mais, e era isso mesmo que Azuli fazia no momento com estrelinhas nos olhos.

- É assim que se faz, Laaá! Sabes mesmo como comer! - elogiou Charmy, a dar tapinhas no braço de Azuli, que estava ocupada a comer. - As ovelhas cozinheiras estão a adorar ver-te aproveitar a comida. - disse ela, enquanto as ovelhas estavam a dançar, felizes, a uns passos longe da mesa.

- Come, continua a comer por toda a semana. - disse Magna, com o seu característico sorriso dentuço.

Com toda a animação entre os Touros Negros sentados à mesa, ninguém deu importância à porta destruída.

- Acho que vou tomar o pequeno almoço e voltar para a cama. - disse Yami, para ninguém em especial, a fumar.

- Bom dia, Capitão! - Charmi acenou, alegre.

- Bom dia! - gritaram Magna, que se levantou imediatamente, e Asta, com a boca cheia de comida.

- Bom dia, Capitão Yami. - disseram Azuli, que voltou a comer de seguida, e Noelle, que bebeu sumo de laranja após desejar bom dia.

- Bom dia. - desejou Yami, aos demais, enquanto se sentava no banco, na ponta da mesa, perto de Azuli e Vanessa, que estavam nos lados do fim da mesa. - Ei, crianças! Já acordaram? Grande trabalho na masmorra. Ainda que não tenham feito praticamente nada. - disse Yami, a sorrir abertamente.

Isso não era um elogiu... Ou era? - pensaram os três, em dúvida, enquanto olhavam para o Capitão. - Se bem que... Nós só nos tramámos. A Mimosa é que fez o trabalho todo quando foi mais necessário. - os três olhavam para o nada, a refletir em tudo o que não fizeram, com uma aura escurecida ao redor deles. Nero, que estava em cima da cabeça de Asta, voou para longe, após reparar no ambiente em que os três entraram e no porquê.

- Bom trabalho, embora vocês os dois pareçam sempre múmias. Só não esperava que a princesinha fosse aparecer do mesmo jeito! Ahahahahah! - disse Yami, a olhar para cada um dos três, enquanto falava sobre eles. Mas no final, ele fixou o seu olhar tanto em Azuli como em Noelle.

Assustador! Será que ele está zangado por desobedecermos às suas ordens? Afinal, fugimos e participámos na missão sem permissão. Relaxa, até agora ele não disse nada... Tomara que continue assim...- pensou Noelle, a tentar comer para evitar o olhar de Yami.

Por que ele está a olhar assim para mim? Será... Poderá ser porque eu e a Noelle fugimos logo após ele recusar que nós fossemos na missão?! - pensou Azuli, com os olhos em branco, sem tocar mais na comida.

- Obrigado! - gritou Asta, ainda a comer, com estrelas nos olhos.

- Obrigada! - Azuli e Noelle tentaram parecer normais, sem levantar suspeitas de estarem preocupadas. Se nós não comentarmos nada, talvez ele até se esqueça. - pensaram ambas.

- Já conseguem andar, não é? - perguntou Yami, com o cigarro na mão. - O Quartel General dos Cavaleiros quer ouvir o relatório de vocês.

- Huh? - expressaram Asta, curioso, com comida na boca, e Azuli, que não sabia que lugar era esse.

- Hã?! - expressou Noelle, surpreendida. Aquela missão era tão importante assim, ou o Rei Mago está sem o que fazer? - pensou ela.

- O Quartel dos Cavaleiros?! - questionou Luck, empolgado, a olhar para Yami, de pé. Aposto que vão estar muitas pessoas fortes lá... Será que eu vou poder lutar...? - pensou Luck, com um leve rubor rosa, antes do seu pensamento ser interrompido por Yami.

- Tu causarás algum problema, Luck, não podes ir. - disse Yami, deixando Luck em choque. - Ao invés disso, coloquei-te em uma missão de luta com o Magna.

- Missão?! - perguntou Luck, animado. - Vamos esforçar-nos juntos, Magna! - exclamou Luck, excitado, com as mesmas estrelas douradas nos olhos que também o rodeavam, próximo a Magna, a quem oferecia um aperto de mão.

- Huh?!! Que estranho! És o verdadeiro Luck? Certeza que não és o Grey disfarçado?! - perguntou Magna, confuso com a atitude de Luck.

- Chuuu. - expressou Grey, ao soltar fumaça, a olhar para Magna.

- Ah, ele está ali! - exclamou Magna, a olhar para Grey.

- Eu, eu! Já que é assim, eu vou no lugar dele! - gritou Charmy, animada, a abanar o braço no ar. - Que tipo de coisas deliciosas estão no Reino Nobre? - questionou Charmy, com as mãos nas bochechas e baba a escorrer pela boca com o pensamento de comidas novas.

- Não, é óbvio que não podes ir. Tudo o que fazes é comer. - disse Yami, com o cigarro nos lábios, a olhar para Charmi.

- Laá?!! - com a resposta negativa do seu Capitão, Charmy saiu frustrada do refeitório.

- Capitão, eu preciso escrever uma carta para a Marie. Não posso ir. - avisou Gauche, com uma mão no ar.

- Ninguém te perguntou nada. - disse Yami, sem dar muita importância.

- Posso ir com eles? - Gordon fez uma pergunta, que ninguém foi capaz de ouvir.

No lado de fora da base...

- O Quartel General dos Cavaleiros...! Eu nem imagino como seja, mal posso esperar por vê-lo! - exclamou o Asta, a andar, com os olhos adornados com estrelas. - Vocês acham que vamos conhecer o Rei Mago?! Seria tão fixe!! - disse ele, entusiasmado, a andar na frente das meninas, de frente para elas.

- Seria muito bom se o Rei Mago nos recebesse em pessoa! Ele já pediu pessoalmente que fossemos a uma missão, talvez até já esteja à nossa espera! - exclamou Azuli, com os olhos a brilhar, enquanto acelerava o passo.

- Não sejam bobos. - disse Noelle, a colocar o cabelo para trás. - O Rei Mago é um homem muito ocupado, não tem tempo para desperdiçar com meros recrutas como nós.

- Atira esse pessimismo para longe. Nunca se sabe se ele não tem reparado nas nossas proezas em missão e se tenha interessado em nós! - disse Azuli, o entusiasmo a voltar à voz.

- O Rei Mago deve ser tão incrível! Ele é o homem mais forte do Reino Clover! Se ele nos reconhecer como fortes, é mais um sinal de como estamos no caminho certo para nos tornarmos grandes Cavaleiros Mágicos. E no futuro... Eu serei o Rei Mago! - disse Asta, a levantar o punho no ar, com um sorriso aberto no rosto.

- Sem dúvida. - disse Azuli, a andar. Eu tornar-me-ei a guerreira mais mais forte de todos os tempos e protegerei este reino. Independentemente de não chegar a ser reconhecida pelos meus irmãos. - pensou Azuli, determinada.

- Que sonho ousado. - disse Noelle, a olhar para Asta, que andava na sua frente. Mas darei o meu melhor também! Mesmo que não almeje um grande título, eu serei forte o suficiente para ser reconhecida pelos meus irmãos, caso contrário, mesmo que eles não me reconheçam ou à Naomi como legitimas princesas Silva, suas irmãs... Eu renunciarei... - pensou Noelle, após olhar para a felicidade e tranquilidade estampada no rosto de Azuli.

- Ei, meninas. - Asta chamou a atenção das duas, após parar de andar.

- O que foi, Asta? - perguntou Azuli, que se virou para o menino.

- Não me digas que já estás esgotado, Astúpido. - provocou Noelle, com os braços cruzados, a olhar para Asta.

- Nada disso. - disse Asta, a olhar para Noelle. - Eu nunca fui ao Reino Nobre antes, então não sei o caminho para o Quartel General. Alguma de vocês sabe o caminho para chegar lá? - perguntou Asta, a olhar para as duas companheiras, que se entreolharam, desentendidas. - Para além do mais, como nenhum de nós pode voar, vamos ter de caminhar sem descanso, desde que, neste momento, estamos muito longe do Reino Nobre, pelo que eu sei.

- Boa pergunta. - disse Azuli, a olhar para Asta, antes de virar a cabeça para Noelle. - Elle, sabes onde fica o Quartel General?

- Eu? Como haveria de saber?! - respondeu Noelle, a confrontar os dois com o olhar.

- Tu és irmã de um Capitão Cavaleiro Mágico, devias saber. - disse Asta, próximo a Noelle.

Com um rubor, Noelle afastou o rosto de Asta e respondeu: Não te aproximes tanto, Astúpido! E eu não tenho obrigação nenhuma de saber onde fica o Quartel General. Nenhum dos meus irmãos levou-me a conhecer o lugar, então não há como eu saber.

Sem nenhum dos três saber o que fazer, apenas ficaram a olhar uns para os outros. Só os cantos dos pássaros e o som das folhas podiam ser ouvidos.

- Regressamos e perguntamos a alguém da Base? - perguntou Azuli.

- Parece a única alternativa. - respondeu Noelle, com uma mão na cintura.

- Tomara que não cheguemos atrasados ao Quartel General. - comentou Asta.

Eles viraram-se, prontos para regressar à Base, mas uma sombra no meio dos raios solares apareceu de surpresa.

- Nero? - perguntaram os três, a seguir a trajetória de Nero até à cabeça de Asta.

- Vieste guiar-nos até ao Quartel, Nero? - perguntou Azuli, a olhar para o pássaro, que piscou preguiçosamente os olhos para ela.

Nero, apenas começou a voar pouco a pouco, pousando em ramos de árvores de vez em quando, à espera que os três a seguissem, o que fizeram prontamente, antes que perdessem Nero de vista.

Duas horas depois...

Azuli, Noelle e Asta, caminhavam em direção ao Quartel General dos Cavaleiros, enquanto seguiam Nero. Após uma longa caminhada, por fim, eles chegaram ao Reino Nobre.

- Ah, por que não pedimos boleia à Vanessa, ou então ao Finral. - queixou-se Noelle, a chutar uma pedrinha do chão da cidade. - Por que a Base dos Touros Negros fica tão longe do Reino Nobre? Tendo em conta que os cavaleiros mágicos têm de atender ao chamado de emergência prontamente, isso não dá jeito algum!

- Uouuuu! - exclamaram Azuli e Asta, com os punhos levantados ao nível do peito e estrelinhas e estrelas nos olhos, respetivamente, enquanto olhavam ao redor.

- Este reino não para de me surpreender! - exclamou Azuli, animada, a andar e a olhar pelas lojas e os prédios bem alinhados, tudo na cidade parecia bem organizado.

- Que incrível, eu nunca vi casas tão grandes! - exclamou Asta, enquanto andava pela extensa e larga calçada.

- É mesmo? - perguntou Noelle, surpreendida.

- O Reino Nobre tem um charme doce. Acho que não me cansaria de viver por aqui. - comentou Azuli, com a sua capa a tremular com os seus saltos animados. Esquecendo a parte que está cheia de nobres... - pensou ela.

- É charme elegante, não doce. Se algum nobre ouvir-te a dizer isso vão pensar que estás a gozar com eles e ainda tentam alguma coisa contigo. - avisou Noelle.

- Hã? Por que eles ficariam chateados por algo assim? - perguntou Asta, confuso. - Os nobres salvam o povo dos criminosos e inimigos. Eles são demais! - exclamou Asta, entusiasmado.

- É sério que estás a dizer isso, Asta? Ai, os nobres não são tão santos e gloriosos como as histórias e contos fazem parecer. Muitos deles só querem concluir a missão com sucesso, mesmo que para isso tenham de sacrificar vidas humanas desnecessariamente. - disse Noelle, a lembrar de vários comentários de nobres sobre as suas façanhas e dos "idiotas" que morreram no processo.

- Oh?! Como é?! Isso não pode ser verdade, como é que poderiam colocar em risco a vida de quem devem proteger? Não te estás a enganar, Noelle? Eles são praticamente os únicos que arriscam a vida pelo povo e o salvaram inúmeras vezes. - disse Asta, exaltado, sem querer acreditar no que Noelle lhe contou.

- Acredita, Asta. - disse Azuli, que foi para o outro lado de Noelle. - A maioria dos nobres só se importa com quatro coisas: fama, glória, poder e riqueza. Quanto a serem Cavaleiros Mágicos, o chefe de família de cada casa nobre ordena aos seus filhos que integrem a Ordem dos Cavaleiros Mágicos com o único propósito de alcançar glória e, consequentemente, aumentar o prestigio da família e subir de status social.

- Estou a ver... Eu tenho noção que os nobres ou pessoas mais fortes tratam as mais fracas como lixo... Mas não imaginei que essas pessoas eram as mesmas que constituíam os Cavaleiros Mágicos. - disse Asta, cabisbaixo, com os punhos tensos. Se bem que... O Quatro-Olhos tratou-me como um rato inferior no início, mas não foi tão mau como a Azuli e a Noelle dizem. Quer dizer que existe pior que o Quatro-Olhos...? - pensou Asta.

Após se entreolharem, Azuli e Noelle tentaram remediar o que fizeram com o espírito animado de Asta.

- Mas anima-te, futuro Rei Mago! - Azuli entrelaçou um braço no do Asta, feliz.

- Nós só temos de comparecer no Quartel daqui a 1h30, podemos comer um gelado ou alguma outra coisa em um café aqui perto. Eu pago. - disse Noelle, ao lado de Asta, mas sem entrelaçar o seu braço ao dele.

- Huh? Ah, isso soa bem! - disse Asta, a sorrir, contente, enquanto Azuli o conduzia em direção a Noelle, que guiava o caminho. - Mas de certeza que está tudo bem? - perguntou ele, em dúvida.

- Bem, é de bom grado chegarmos um pouco mais cedo a qualquer compromisso, mas não é necessário tanto tempo. Então não tem importância. - respondeu Noelle, agora ao lado de Azuli, a olhar de lado para Asta.

- Entendi. - disse Asta, lentamente. - Então, eu quero ir a um lugar onde se vende gelado! - exclamou Asta, desprendendo-se do braço de Azuli, e a andar na frente das meninas.

- Seria bom um gelado neste calor. - comentou Azuli, a olhar para o sol que queimava o cabelo dos habitantes de Clover.

- Ei. - Asta chamou a atenção.

- Sim. - disseram Azuli e Noelle.

- O que é um gelado? - perguntou Asta, inocentemente.

- Hã?! - exclamou Noelle, confusa, o que chamou a atenção das pessoas em volta. - Nem um gelado sabes o que é? A masmorra eu até entendo, mas um gelado?! Sério?

- Eu não sei de nada, tá! Tudo o que eu conheço são as maravilhosas comidas de batata da minha doce Irmã Lily! - disse Asta, com estrelas nos olhos com as mãos de reza, a imaginar a sua doce Irmã Lily.

- Não tem gelado no Reino Esquecido. - informou Azuli, com uma aura sombria azul noite atrás de si, desiludida.

- Nem os falsificados? São horríveis, mas sempre dá para provar o gosto bom no verão. - perguntou Noelle, a olhar para Azuli.

- Esses de jeito nenhum! Ninguém confia nesses gelados. Um dia, um miúdo foi comer um desses e saíram formigas de dentro do gelado. Foi divertido ver a caça ao urso, mas de resto nada prestou. - disse Azuli, com a cabeça em repouso nos braços atrás da cabeça.

- Urso? - questionaram Asta e Noelle, confusos mas curiosos, enquanto olhavam para a menina de capuz.

Eles seguiram caminho até ao café que Noelle escolheu e entraram, os dois plebeus estavam em êxtase por entrarem no café chique.

Pouco tempo depois, no outro lado da rua, a passar perto da grande fonte do centro, estavam três Cavaleiros Mágicos, a andar silenciosamente.

Espero que elas estejam bem. - suspirou uma menina.

- Algum problema, Mimosa? - perguntou Klaus, a ajeitar os óculos.

- Nem pude visitá-las quando passavam por um momento difícil. - suspirou Mimosa, pesarosamente.

- Referes-te à Azuli e à Noelle? - Mimosa assentiu, cabisbaixa.

Klaus continuou: Isso é tolice, a culpa do estado delas não é tua. Tu esforçaste-te ao máximo, esgotando cada gota de mana do teu corpo. Deste para além do teu melhor na missão. Se há algum culpado nisto tudo, sou eu.

- Klaus... - Mimosa olhou para Klaus, assim como Yuno.

- Eu falhei como vosso veterano. - Klaus parou de andar, cabisbaixo, o sol a refletir nos óculos. - Como estou há mais tempo na ordem de Cavaleiros Mágicos, e sendo um nobre, eu devia ser capaz de proteger-vos daquela e de outras situações semelhantes. Eu sinto muito.

- Klaus... - Mimosa olhou para o seu veterano. Que mudança... - pensou ela.

Yuno olhava para Klaus, a sua surpresa evidente no rosto.

Klaus Lunette, é o veterano de Mimosa e Yuno. Nascido de uma casa nobre de baixa classe, o seu poder ou mana não era um dos melhores. Era inferior à maioria dos nobres, sem contar, inferior a Mimosa Vermillion, princesa do ramo principal da Casa Real Vermillion, e a Yuno, um plebeu do Reino Esquecido, onde os mais pobres e fracos vivem, em resumo, os abandonados. Porém, em poucos meses, ambos demonstraram superioridade em relação a Klaus, tanto em termo de mana como na determinação. Ambos defendiam as suas crenças, ao contrário de Klaus, que seguia estritamente as ordens e temia desobedecer e desiludir o seu Capitão. E a última missão... A última missão acabou de vez com o ego dele. Ele não fez nada... Ou fez... Ele deu ordens. Ele batalhou inutilmente. Ele permitiu que os seus colegas se ferissem gravemente... E ainda, o que mais o magoou, ele foi defendido pelos seus novatos.

- Eu sinto muito por tudo o que vos fiz passar. Eu não sou digno de vos guiar como veterano. Não planeava contar-vos nestas circunstâncias, mas... Eu pedirei ao Capitão Vangeance que coloque outra pessoa encarregue de vocês! - gritou Klaus, para esconder a tristeza e a desilusão da sua voz.

- O quê?!! - exclamou Mimosa, surpreendida.

- Hã?! - Yuno não tirava os olhos de Klaus. Para ele, a decisão de Klaus parecia exagerada.

- Que bom!

- Huh? - os três, do seu antigo momento comovente, passaram a sua atenção à voz.

- Oh! São a Noelle e os outros. - disse Mimosa, sorridente. Ela parece feliz. - pensou ela.

- Não toques, tu tens o teu, Astúpido! - gritou Noelle, ao longe.

- Parece animado. - comentou Yuno, a olhar para a cena.

Estragaram-me completamente o momento. - pensou Klaus, a ajeitar os óculos sobre a luz.

- O que aqueles tolos estão a fazer a divertirem-se?! Se estão em condições de brigar e gritar, deviam ir relatar o que aconteceu na masmorra connosco! - exclamou Klaus, irritado. E eu a preocupar-me por nada! - pensou ele.

- Ora, Klaus, não sejas assim. - disse Mimosa, a sorrir de olhos fechados. - Está um ótimo dia para comer um gelado! Por que não vamos até lá? Eu pago. - perguntou Mimosa, a andar lentamente em direção ao café.

- Por que estás a andar, Mimosa? Mimosa. Mimosa! Mimosa, volta aqui! Yuno. Yuno, não! - gritou Klaus, a perseguir Mimosa e Yuno que andavam, divertidos, em direção ao café. - Obedeçam! - Klaus corria... enquanto Mimosa falava alegremente do sabor que queria e perguntava ao Yuno o sabor favorito dele.

- Olhem, são os Dourados. - disse Azuli, a bater na cabeça de Asta, que quase pegava no seu gelado.

- Ai! - Asta pegou na sua cabeça, em dor. - Mas são tão cremosos...! - exclamou Asta, enquanto terminava de devorar o seu terceiro.

- É a Mimosa. - disse Noelle, levemente levantada para ver a prima melhor.

- Klaus, podes pedir os nossos gelados enquanto vou ter com a minha prima?

- Eh... - Klaus não conseguiu falar.

- Obrigada, veterano. - Mimosa foi-se, sorridente.

E o pagamento...? Não!!! Eu sou um nobre, e um homem! Eu posso pagar a conta de uma dama! - pensou Klaus, agitado.

Parece que está a ter um ataque psicótico. - pensou Yuno, que olhava as figuras que Klaus fazia.

- Noelle, pessoal, oi! - Mimosa corria enquanto cumprimentava os três amigos, a acenar.

Com todos os seis sentados à mesa, os Touros Negros a repetir outros gelados, eles iniciaram uma conversa que era um problema para todos naquela mesa. Honestamente, eles só comiam gelado, mas, por outro lado, parecia que o açúcar tinha subido à cabeça de todos, como se bebessem uma bebida alcoólica.

- Eu sou um triste. - disse Klaus, a deleitar-se, tristemente, com o delicioso gelado de caramelo. - Dentre de todos os nobres, eu sou um dos mais fracos. - disse ele, cabisbaixo.

- Estás a queixar-te do quê, Quatro-Olhos?! Eu tenho uma imensa quantidade de mana e nem controlá-la eu consigo. O único inimigo que posso derrotar, é a mim mesma. - desabafou Noelle, com o seu gelado de chocolate com ursinhos de caramelo por cima.

- Eu agora tenho uma varinha, mas é inútil usá-la na maioria dos meus ataques. Além disso, tudo o que eu posso fazer é usar uma parte da minha mana antes dela querer sufocar-me. - desabafou Azuli, com o seu gelado de morango e cauda de chocolate branco, a deitar a cabeça sobre o ombro de Noelle.

- Nada disso é para se queixar. Ter um monte de expectativas sobre os ombros e falhar é pior ainda. - suspirou Yuno, a lamber o seu gelado de baunilha com cauda de chocolate e ursinhos de caramelo.

- Vocês queixam-se, mas pelo menos têm feitiços ofensivos! Enquanto tudo o que eu sei fazer é gastar a minha mana à toa com aquela manifestação de mana ridiculamente consumista. - queixou-se Mimosa, a apertar o gelado com um rosto zangado.

- Ei, ei, pessoal. O único que tem razões para se queixar aqui sou eu! - exclamou Asta, que se levantou, com o seu gelado tutti-frutti na mão. - Eu não tenho uma única gota de mana no corpo, tudo o que tenho são espadas enferrujadas que dão um trabalho danado para manusear!

- Tu tens a antimagia, idiota! - gritaram todos.

Eles iniciaram uma discussão acalorada a partir desse momento de partilha de frustrações.

- Mamã, por que os Cavaleiros Mágicos estão a gritar? - uma criança apontou para os seis ruidosos.

- Não olhes, querida. Vamos. - a mãe segurou a menina e apressou-se para longe.

- Ugh! Como é que eles podem fazer isto comigo? Eu sou da realeza! - exclamou Noelle, irritada, mas envergonhada à mesma.

- Eu nunca tinha sido expulsa de lado nenhum, exceto no Castelo Vermillion. - comentou Mimosa, com um rubor. - Que vergonha! - Mimosa escondeu o seu rosto com as mãos.

- Este tratamento é inaceitável! Nós nem estávamos a falar tão alto! - exclamou Klaus.

- Mentira. - disse Yuno, que se lembrava perfeitamente do momento em que todos, incluindo ele, entraram em uma discussão sobre quem era o mais patético dos seis.

- Ora, seu traidor! - exclamou Klaus, próximo ao rosto de Yuno, com um punho levantado em incredibilidade.

Os únicos totalmente tranquilos eram Azuli e Asta.

- Nada melhor do que ser expulsa de um lugar para recordar os bons velhos tempos. - Azuli espreguiçou.

- Também acho. Isto trouxe-me boas lembranças. - Asta esticou os braços para os lados, a aproveitar o sol como Azuli.

Que calma... - pensaram todos, exceto Yuno.

Idiotas. - pensou Yuno, com olhos infantilmente semicerrados.

- De qualquer forma, temos de ir agora para o Quartel General. - disse Klaus, a recompor-se. - Se demorarmos podemos atrasar-nos.

Passado uns minutos...

- Deveria ser por aqui... - disse Klaus, desorientado, a ajustar os óculos.

- Aparentemente, nem tu sabes tudo, Quatro-Olhos. - disse Azuli.

- Isso é bem verdade. - disse Klaus, calmo.

Parece que ele gostou de ser chamado de Quatro-Olhos desta vez. - pensou Yuno.

Ele está muito mais gentil com a Azuli e o Asta. - pensou Mimosa, feliz.

- Por aqui! - gritou um homem, a chamar a atenção dos Cavaleiros Mágicos. - Olá a todos! Sejam bem-vindos, jovens.

- Oh! - três expressaram surpresa ao ver o homem na sua frente.

- Jamais pensei que o senhor nos receberia pessoalmente! - Klaus estava agitado e ajoelhou-se logo que percebeu a figura que estava à sua frente.

Mimosa e Noelle seguiram o exemplo de Klaus, e ajoelharam-se, solenemente.

- Por que estão tão agitados? Quem é o tio? - perguntou Azuli, na frente do sorridente homem loiro.

- Idiotas! Esta pessoa é o atual Rei Mago, Julius Novachrono! - gritou Klaus, com suor a escorrer pela testa, nervoso pelos três recrutas plebeus não demonstrarem o devido respeito ao Rei Mago.

- O quê?!!!!! - Asta gritou, com os olhos em branco e o queixo quase a bater no chão, em choque.

Yuno, assim como Asta e Azuli, ficou em choque, de boca aberta, mas ajoelhou-se diante o Rei Mago.

- Ei! Azuli! Vem aqui também! - gritou Klaus, nervoso, enquanto forçava Asta a ajoelhar-se.

Este tipo... - pensou Yuno.

... é o Rei Mago?- terminou Asta, ajoelhado com os dois joelhos no chão ao invés de um, como o resto.

- Ora, não é necessário tudo isso. - disse Julius, que segurava Azuli perto de si, pelos ombros, delicadamente, impedindo-a de sair e ajoelhar-se. - Nada de cerimónias, entrem, por favor.

O Rei Mago... Onde é que eu já o vi antes? - pensou Azuli, a olhar de perto para o Rei Mago.

Esse olhar... Um olhar que parece atravessar a alma... O meu espírito parece sofrer quando o olho... - pensou Julius, enquanto sorria para Azuli, que tinha um olhar desconfiado.

Os nossos Cavaleiros Mágicos seguiram Julius até ao cimo de uma torre, com vista para um verdejante jardim.

- Bem feito. Fico feliz que puderam tomar isto. - disse Julius, com o grimório de Yuno aberto em suas mãos. - Este feitiço é, provavelmente, uma das relíquias mais importantes daquela masmorra.

- Consegue ler? - perguntou Yuno, curioso, com um olhar infantilmente semicerrado.

- Mais ou menos. - respondeu Julius.

- A relíquia mais importante... Que máximo! - disse Asta, agitado.

- Entendi... Eh!! - Julius sorria enquanto olhava para o feitiço, fascinado, com estrelas nos olhos bem como à sua volta.

Ele está bem animado... - Klaus pensou enquanto ajeitava os óculos. - Acho que os boatos acerca do Rei Mago ser um fanático por magias, eram verdade.

Mantendo a mesma empolgação, Julius aproximou-se de Yuno: Então, tu poderias mostrá-la?! Por favor, vai!

- Sinto muito, mas eu não sei como consegui ativá-la na masmorra... Depois daquilo não consegui mais ativá-la. - disse Yuno, calmamente.

- Hã?! Estou a ver... Bem, é uma pena. - disse Julius, com uma lágrima cómica no olho.

Dentro dos quatro grandes elementos, o espírito do vento, Sylph... Então, o escolhido desta Era, foi ele. - pensou Julius.

- Tudo o que posso dizer... É que esta magia crescerá junto a ti e, um dia, irá tornar-se numa grande força. Cuida bem dela. - disse Julius, ao entregar o grimório ao dono.

- Sim, senhor. - respondeu Yuno, por pouco não sendo interrompido.

- Rei Mago! No meu grimório também apareceram escritas estranhas! - Asta mostrou o seu feitiço novo a Julius, com estrelas nos olhos pela empolgação.

- Ei, que falta de educação. - repreendeu Klaus, só para ser parado por Julius.

Julius inclinou o rosto para perto do grimório: Isso é... Hummmm...

- Isto é... - disse Asta, em antecipação, ansiosamente.

- Não consigo ler nada. Nunca vi essas escritas na vida. - disse ele, com uma mão a apoiar o queixo.

- Ahh! - Asta caiu de lado no chão, em desilusão.

- Eu nunca vi algo assim escrito nos documentos. - disse Julius.

- Olhe, sai isto! - exclamou Asta, a tirar a espada nova do grimório.

- Uau! É uma segunda espada antimagia?! - perguntou Julius, entusiasmado.

- Hehehe, eu consegui fazer funcionar! - disse Asta, enquanto olhava para Yuno, com um sorriso vitorioso. Yuno, por outro lado, olhava infantilmente de olhos semicerrados para Asta, sem dar importância.

- Antimagia... Posso... Posso pegá-la? - pediu Julius, com estrelas nos olhos, a apontar para a espada.

- Mas é claro! - Asta entregou-lhe a espada, como um servo entregaria uma espada ao seu Lorde.

- Obriga...da?!!! Eita, que pesada! - Julius assustou-se com a força que tinha de fazer só para segurar a espada antimagia.

- Está tudo bem, Rei Mago?! - perguntaram Asta e Azuli, preocupados.

- Acho impressionante que consigas manusear esta espada. - disse Julius. Hã...?! Está... a absorver a minha mana?! - pensou ele, espantado.

- Entendi... - Julius sorriu. - Obrigado, aqui está. - ele estendeu a espada para Asta. - Esta espada só pode ser usada por ti, que não tens mana.

- Como sabe que eu não tenho mana?! - perguntou Asta, pasmado. - É por conseguir cortar magia?

- Essa é uma boa pergunta. - Julius sorriu.

- Rei Mago, aqui! - Azuli arrastou Noelle consigo até ao Rei Mago.

- Hm? - Julius desviou o olhar para as meninas. - As meninas têm alguma coisa também?

- Sim! Aqui, veja, por favor. - Azuli abriu o seu grimório na página do novo feitiço que apareceu.

Um grimório de trevo de quatro folhas... Já é o segundo que um jovem desta geração desperta. - pensou Julius, antes de Azuli ter aberto o grimório. - Ora vamos cá ver. - disse Julius, a inclinar-se para ler o grimório nas mãos de Azuli. - Que escrita é esta...? Além do mais, por que o feitiço não parece certo? - pensou ele, intrigado.

- Elle, o teu grimório. - disse Azuli, a olhar para Noelle.

- Certo. - Noelle abriu o seu grimório, ao lado de Azuli.

Dois brilhos, azul bebé e azul esbranquiçado, misturaram-se ao branco cintilante, e ressoaram entre si.

- Oh?! - Julius, para além de surpreendido, absorveu cada detalhe da cena que pôde na sua mente, incrédulo.

Dois grimórios, os grimórios das gêmeas, abertos naquelas páginas em específico, brilharam, cada um na respetivamente cor de mana da portadora, porém, em um determinado momento, os dois grimórios ressoaram junto das duas irmãs e do Cristal de Azuli, que resplandecia um intenso, mas delicado, brilho branco, no alto.

Que arrepio. Que energia é esta? - pensou Asta, apreensivo, com a pele arrepiada apenas por olhar o brilho do Cristal. Embora ele não reparasse, o seu grimório estava a piscar em vermelho sangue na bolsa de grimório.

Eu vejo magia a resplandecer de dentro do Cristal e das meninas, mas não a sinto! Algo não está certo. - pensou Klaus, a tapar os olhos pelo brilho.

Guardiã de Clover... Parece que todos os três estamos no bom caminho. - pensou Yuno, com um sorriso, apesar de não conseguir enxergar bem.

Como é isto possível? Por que eu não sinto mana alguma vindo delas? - pensou Mimosa, a proteger-se da luz e do vento que se iniciou.

- Já vi o bastante. - disse Julius, que prendeu o Cristal, que causava rajadas de ventos e resplandecia um brilho ofuscante por toda a torre, com a sua magia de contenção. - Pelo que pude ver... Hã?! - ele olhou para cima. Mas que... - pensou ele.

O Cristal estava contido na esfera de contenção, e não saiu de lá, mas a questão não era essa.

- Alguma coisa errada, Rei Mago? - perguntaram Noelle e Azuli, em sincronia, ainda com o feitiço ativado, ambas a olhar para o Rei Mago, preocupadas.

- Ahahah! Bem, que sincronia! Se eu pudesse adivinhar o futuro, diria que vocês eram gêmeas. Ahahah! - riu Julius, divertido. Mas por dentro... O Cristal manteve-se ativo e ultrapassou a minha magia temporal de contenção... - pensou Julius, a olhar para o Cristal, que repousava nas mãos de Noelle, enquanto Azuli estava ocupada em fechar ambos os grimórios.

O leve brilho que envolvia Noelle e Azuli desapareceu assim que o poder do Cristal e dos grimórios cessou.

- Conseguiu descobrir que feitiço era aquele? - perguntou Azuli, curiosa.

- Nós não tivemos tempo de o experimentar, só o que sabemos é que não conseguimos ir mais longe que isto. - disse Noelle, a olhar para o Rei Mago.

- Isto consome mana demais. - disse Azuli, que olhou para Noelle. Ao ativar este feitiço, elas puderam compreender um pouco mais de como ficaram no estado esquelético e sem mana anteriormente.

- Ai, eu admito... - suspirou Julius. - Eu jamais vi essas escritas... Muito menos, uma só magia compartilhada por duas pessoas nos seus grimórios.

- Muito bem, teremos de descobrir por nós próprias. Obrigada, Rei Mago. - disse Azuli, a sorrir.

- Muito obrigada por tentar. - agradeceu Noelle.

- Não têm de quê. Afinal, vocês mostraram-me um feitiço extraordinário hoje! - exclamou Julius, com o seu característico olhar entusiasta por magia e os punhos levantados ao nível do peito. - Estou em pulgas por vê-lo em ação! De todos os modos, a missão da masmorra foi um sucesso. Parabéns pelo bom trabalho. - felicitou Julius, a todos os presentes.

- Não há mal termos falhado em trazer os tesouros, especialmente o ouro? - perguntou Mimosa, preocupada, pois essa era uma importante questão para a economia do reino.

- Ahah, não, isso não é o mais importante! O que importa é terem expulsado os invasores de Diamond e terem saído de lá vivos. Quanto ao ouro, em breve, uma equipa de busca fará esse trabalho. - disse Julius.

- Oh, certo. - disse Mimosa, com um peso fora dos ombros.

- Uhhh... P-Posso perguntar-lhe uma coisa? - perguntou Asta, a suar de nervoso.

- Hm? O que foi? - perguntou Julius, simpaticamente.

- Como alguém... - começou Asta, hesitante.

Yuno prestou atenção, já a prever o que viria a seguir.

- ... se torna no Rei Mago?! - perguntaram os dois, um passo à frente em direção a Julius.

Julius surpreendeu-se com essa pergunta, mas passou instantaneamente: Ahahahha! Entendi. Vocês os dois querem tonar-se no Rei Mago. Como Cavaleiros Mágicos, não esperava menos ambição.

- Vocês estão a ser desrespeitosos ao perguntar isso diretamente ao Rei Mago! - exclamou Klaus, consternado, a ajeitar os óculos. - Escutem, o Rei Mago deve ter um coração nobre, confiança nas pessoas, ...

- Não. - Julius interrompeu Klaus, virando a atenção para ele. - É mérito. Não se protege ninguém com orgulho e só se ganha confiança com mérito. Só existe uma coisa que as pessoas querem do Rei Mago... Méritos que provem que ele é o melhor. Produzam méritos. E sejam devotos em construir a vossa reputação. Isso é tudo. Aqueles que não conseguem isso, jamais conseguirão chegar ao topo.

Os punhos dos dois meninos estavam cerrados, a tremer.

- Era exatamente o que queríamos ouvir!! - disseram Asta e Yuno.

Os vossos novatos têm determinação no olhar, William, Yami. - pensou Julius, a sorrir.

Mérito... - pensou Azuli, a pensar em tudo o que ouviu. Estava longe do que ouviu quando criança pela realeza. Não me interessa ser Rainha Maga, comandar as tropas do Reino Clover não é do meu interesse... Com o meu poder, eu tornar-me-ei forte... Forte o suficiente para proteger as pessoas que eu amo e o povo de Clover de qualquer ameaça, de qualquer incidente. - pensou ela.

Noelle olhava para Azuli, que estava séria, a olhar para o Rei Mago, mas não exatamente. Era notório que a mente de Azuli estava longe daqui. O seu olhar fixo e distante estava preso à sua ambição... Ser a Guardiã, a protetora, de todo este país, das pessoas que o habitam, das pessoas que ama.

Se a Naomi realmente desejar ser algo tão grandioso e honroso, então eu não poderei ficar para trás. Não posso ser fraca e ser protegida pelos outros, muito menos por ela. Mas... ainda não sei qual é o meu objeto, a minha ambição neste mundo. Ser reconhecida pela família é um desejo, um objetivo, não uma ambição. Não é o suficiente. - pensou Noelle.

- Ahahahah! Então, na verdade, hoje é a cerimónia de condecoração para os Cavaleiros Mágicos que receberam um número impressionante de estrelas. Por favor, compareçam! Aliás, foi justamente por isso que eu marquei no dia de hoje a esta hora! - disse Julius, alegre.

- O quê? - perguntaram todos, a olhar para o Rei Mago, em surpresa.

Após caminharem por um corredor guardado por vários magos de manto cinzento, eles chegaram a uma porta dupla grande.

- Vocês... Acham que conseguem obter melhores resultados que eles? - perguntou Julius, que abria a porta lentamente enquanto olhava para os jovens Cavaleiros Mágicos.

Por que nós tínhamos que nos encontrar tão cedo?!! - pensaram Azuli e Noelle, agitadas, enquanto olhavam para três pessoas em específico.

Julius avançou para o centro da sala, e olhou as pessoas da sala.

- Então, darei início à cerimónia de condecoração. - anunciou Julius.

No Reino Clover, os Cavaleiros Mágicos recebem ranques que indicam o seu real poder. Há cinco ranques gerais ao todo, com o Rei Mago no topo. Por hierarquia, segue-se a ordem decrescente: Rei Mago, Grão Cavaleiro Mágico, Cavaleiro Mágico Sénior de 1 a 5, Cavaleiro Mágico Intermediário de 1 a 5, e Cavaleiro Mágico Júnior de 1 a 5. Se os Cavaleiros receberem um determinado número de estrelas até à cerimónia anual, recebem do Rei Mago um novo ranque.

- Com sete estrelas, Leopoldo Vermillion, dos Reis Leões Carmesins. Eu outorgo-lhe com o título de Cavaleiro Mágico Intermediário de 2ª classe. - disse Julius, que retirou uma medalha de mérito trazida por Marx e entregando-a a Leopoldo. - Como usa magia de fogo como o seu irmão mais velho, Capitão dos Reis Leões Carmesins, a sua magia de chamas é esmagadora. Só tome cuidado para não exagerar. Ahahahah!

- Não há necessidade de misericórdia para com o mal. - disse Leopoldo, sério.

- Com seis estrelas, Sol Marron, dos Cavaleiros da Rosa Azul. Eu outorgo-lhe o título de Cavaleira Mágica Intermediária de 3ª classe. - Sol pegou a sua medalha. - É uma mulher dinâmica, a sua magia de terra é impressionante. O seu espírito é de facto livre.

- A única capaz de me vencer é a minha irmã, a capitã. - disse Sol.

- Com seis estrelas, Solid Silva, dos Águias de Prata. Eu outorgo-lhe o título de Cavaleiro Mágico Intermediário de 3ª classe. As suas habilidades mágicas são incríveis, mas seria bom mostrar menos poder e mais trabalho em equipa. - disse Julius.

- Eu vou levar isso em consideração, senhor. - disse Solid, com um olhar esnobe, mas calmamente e respeitoso.

- Com nove estrelas, Nebra Silva, dos Águias de Prata. Eu outorgo-lhe o título de Cavaleira Mágica Sénior de 3ª classe. A magia de névoa com a qual faz ilusões é esplêndida. Não brinque com o inimigo mais do que o necessário, ou pode ser apanhada de surpresa. - disse Julius.

- Muito obrigada pelo aviso. - agradeceu Nebra, com um ar esnobe.

- Com sete estrelas, Hamon Caseus, do Alvorecer Dourado. Eu outorgo-lhe o título de Cavaleiro Mágico Intermediário de 2ª classe. A sua aparência engana e torna imprevisível que use "aquela magia", que deixa o inimigo confuso.

- Os meus agradecimentos, Vossa Majestade. - agradeceu Hamon, com a mão no queixo.

- Com oito estrelas, Shiren Tium, do Alvorecer Dourado. Eu outorgo-lhe o título de Cavaleiro Mágico Intermediário de 1ª classe. Ao contrário da sua magia magia eloquente, o jovem é um Cavaleiro reservado. Seria interessante se se posicionasse mais.

- Entendido. - respondeu Shiren, categoricamente.

- Com onze estrelas, Alecdora Sandler, do Alvorecer Dourado. Eu outorgo-lhe o título de Cavaleiro Mágico Sénior de 2ª classe. Impressiona-me com a sua magia flexível e diligente. Mas às vezes, pode tirar um pouco do peso sobre os ombros. - disse Julius.

- Sou grato pelas suas palavras, Vossa Majestade. - agradeceu Alecdora, sério.

- E por último, mas não menos importante, gostaria de condecorar mais uma pessoa. - anunciou Julius, a sorrir de olhos fechados.

Mais uma pessoa...? - pensou Nozel, desconfiado. - Todas as pessoas convocadas já foram chamadas, não sobra ninguém. Não pode ser... Não creio que algum daqueles novatos ou Noelle seja condecorado, especialmente a miúda problemática. - pensou ele, a olhar para Azuli.

Começo a achar que ele nasceu com aquele olhar medonho. - pensou Azuli, com uma gota de suor na testa, enquanto olhava de volta para Nozel.

Tsc... Só em sonhos. - pensou Nozel.

Eu só me lembro de ganhar duas estrelas nas missões que fiz com Klaus e Yuno, então não podemos ser nós. - pensou Mimosa, curiosa para saber quem será o condecorado.

- A pessoa a ser condecorada, com seis estrelas, é uma das nossas convidadas especiais... - todos olharam para os seis jovens Cavaleiros, que estavam parados ainda à frente da porta, deixando-os, na sua maioria, nervosos ou desconfortáveis. - ... e também uma Cavaleira Mágica novata, mas que realizou proezas que beneficiou todo o reino. Por favor... Azuli... - Julius olhou para Azuli, com um largo sorriso maroto. - ... avança.

Azuli estava confusa... no mínimo. Ela olhava com cara de parva para o homem loiro que sorria para ela.

- Tem certeza... de que sou eu...? - perguntou Azuli, devagar, a apontar para ela. Ela parecia estar atónica. O Rei Mago apenas manteve o sorriso a olhar para Azuli.

- Vamos, Azu! - exclamou Asta, a segurar no braço da menina de capuz, alegre.

- Muda essa cara. - Yuno segurou o outro braço de Azuli e, assim como Asta, conduziu-a até à mesa, frente ao Rei Mago.

- Azuli, dos Touros Negros, eu outorgo-te o título de Cavaleira Mágica Júnior de 3ª classe. - como Julius reparou que Azuli estava meio atónica, ele segurou em uma mão dela e pousou a medalha na sua palma, mas sem soltar nenhuma das duas ainda. - Embora estejas na Ordem dos Cavaleiros Mágicos há cerca de dois meses, as tuas ações independentes fora das missões beneficiaram o reino. Ao acumular provas contra um grupo terrorista, ao descobrir uma joia antiga, roubada há gerações , que causara diversos problemas à população inteira de uma cidade, ao proteger o povo e as aldeias de gangues criminosas, e ao ofereceres ajuda para curar e alimentar aldeias empobrecidas, à beira do fim... com os teus próprios bens e habilidades mágicas... Como Rei Mago, nada mais justo, do que reconhecer as tuas ações bondosas e o teu espírito encorajador.

Palmas estrondosas vinham do fundo da sala, chamando a atenção indesejada dos demais Cavaleiros e Capitães.

- Bom trabalho, Azuli! Uuuuh! - celebrou Asta, feliz pelo sucesso da amiga. Mesmo ele, não tinha conhecimento de que Azuli tinha feito tanto pelo reino fora das missões.

O som pareceu despertar Azuli do seu transe.

- Hã...? Ah, o-obrigada, Rei Mago! - agradeceu Azuli, em êxtase. Nível Júnior de 4ª classe... O meu primeiro passo até à minha ambição. - pensou ela, a olhar para a medalha como uma criança maravilhada.

- Ahahaha! Foi tudo pela tua devoção, pequena Azuli.

- Eh?! Não sou pequena, tenho 1,60 cm! - exclamou Azuli, irritada, a deitar fumaça pelas orelhas.

- Mas, bem... Tu continuas pequenina. - brincou Julius, divertido com a reação da menina, que parecia mais pequena ainda com aquela capa.

- Não sou não, tu é que és muito alto! Quero dizer... o senhor, o senhor é que é muito alto! - exclamou Azuli, de bico dos pés, a apontar para Julius.

- Ahaha! Está tudo bem, tu podes tratar-me por "tu", pequenina. - disse Julius, alegre, a dar carinho no cabelo de Azuli, como se ela fosse uma criança.

- Rei Mago... - Marx queria repreender Julius por dar tal confiança a uma Cavaleira Mágica comum.

O que está a acontecer?! Como é possível ela aproximar-se tanto das pessoas tão facilmente?!! - pensaram todos os seus amigos, boquiabertos.

- Muito bem. Foi uma grande cerimónia. Agora, sentem-se e disfrutem da receção! - disse Julius, sentado no seu trono, sorridente. - Ah, é verdade... Presumo que já se tenham apercebido... Hoje temos convidados especiais! Deem-se bem com eles!

A receção começou e todos começaram a conversar e a servir-se do bufê.

- Um compromisso surgiu, então partirei agora! Divirtam-se, pessoal! Ahahahaha!- Julius acenou em adeus.

- Tsc... Estes olhares alheios estão a incomodar. - comentou Klaus, com uma gota de suor na bochecha. Não é nem um pouco divertido. - pensou ele. - Como podemos relaxar assim?

Realmente, muitos estavam de olho nos convidados, até dois dos capitães.

Há quem tenha ficado desconfortável, outros nervosos, outros a querer fugir dali... Mas há quem se divertia...

- Onde está? Espero que tenha aqui! - exclamou Azuli, ansiosa.

Mas o que de tão importante ela procurava tão devotamente?

- Estás a chamar muito à atenção, mana. - disse Noelle, baixinho, perto de Azuli.

- Não estou nem aí! - cantarolou Azuli, em alto e bom som, ao pensar no bolo.

- Devias experimentar esta carne! É boa demais! - gritou Asta, com estrelas nos olhos.

- Não, eu quero um bolo em específico. - disse Azuli, que começou a procurar o bolo.

- Eu sei do que estás à procura, mas não vai ter aqui, ou não te lembras. - disse Noelle, a atiçar a memória de Azuli.

- Hã? Ah, pois é... Ohhh. - Azuli ficou desiludida pelo seu cremoso bolo de chocolate não estar na receção... Nem na receção, nem em lado algum... O único lugar onde esse bolo era servido, era... - Maldição! - disse ela. Azuli tinha uma aura escura sobre si.

- Aqui, prova. Pode não ser o teu bolo, mas garanto-te que também é cremoso. Nunca comi nada assim! - disse Asta, a entregar um prato com um doce com creme, que realmente tinha bom aspeto.

- Obrigada, Asta. Vou experimentar! - disse Azuli, entusiasmadamente a pegar no bolo, que o seu atencioso amigo lhe ofereceu.

- Uouuuu! É bom mesmo! Vai passar para o número dois na lista de bolos preferidos! - exclamou Azuli, com estrelinhas brilhantes nos olhos enquanto devorava o bolo.

- Não é?! - concordou Asta, feliz, enquanto devorava a sua fatia de bolo.

- Eles destacam-se bastante. - disse Klaus, a ajeitar os óculos. - Como esperado dos grandiosos Azuli e Asta!

- Não, eles só são idiotas, mesmo. - disse Yuno, também a olhar para os dois amigos estrondosos.

- O que estão a comer? - Mimosa chegou até eles.

- Mimosa, oi! Prova este bolo aqui. - disse Azuli. - Elle, tu também. - Azuli apresentou-lhe um prato com uma fatia de bolo, que Noelle aceitou de bom grado.

- É demais! - exclamou Asta.

- Oh, obrigada. - Mimosa pegou o prato que Azuli ofereceu. - Ah, é realmente muito saboroso. Parece que o creme derrete na boca.

Embora eles se divertissem, ignorando toda a atenção, alguns mantinham a sua vontade de se mostrar superior.

- Camponeses imundos. - disse Alecdora, com nojo só de estar na presença de plebeus vulgares. - Por que o Rei mago convidou essa escória?

- Não consigo sentir mana alguma no plebeu. Devem ter tido muita sorte para conseguir conquistar aquela masmorra. - disse Nebra.

- Olha só como estão vestidos. Aquela plebeia deve ter seduzido os inimigos para que eles fossem embora. Heheheheh! Uma nojenta como ela não deveria ter ganhado condecoração alguma. - comentou Solid.

- Que forma mais deselegante de comer. Hohoho! - comentou Hamon.

- Aqui não é o lugar deles... Aqueles ratos imundos que desconhecem o seu lugar. - comentou Solid.

- Olhem só, eles estão a comentar um monte de nós! Ainda bem que já estou acostumado. - disse Asta, com a boca cheia de comida.

- Eles são tão amargos! Devíamos oferecer-lhes bolo? - perguntou Azuli, com creme nos lábios enquanto falava com Asta.

Mas... Que compreensivos! - pensaram Klaus, pasmado, e Mimosa, a corar com as mãos à frente da boca enquanto olhava para os dois amigos.

Yuno olhava infantilmente com os olhos semicerrados para Asta e Azuli.

- Falando em plebeus, vocês também têm um no vosso esquadrão. - Leopoldo aproximou-se da mesa onde estavam o grupo do Alvorecer Dourado. - Aquele portador do grimório de trevo de quatro folhas... que acabou por lhe subir à cabeça. Se fosse eu na missão da masmorra teria feito um trabalho muito melhor! - disse ele, com confiança... até demais.

Nessa altura, Yuno, Mimosa e Klaus prestavam atenção na conversa.

- Tu tens muita confiança, não é... seu verme do Reis Leões Carmesins. - Alecdora confrontou Leopoldo, desafiadoramente. - Pois fica a saber que não depositamos nenhum tipo de expectativa naquele inferior. Nós apenas representamos a vontade do Capitão Vangeance...!

- Ei, tu não devias... - Klaus foi interrompido.

- Tu também, Klaus. - Alecdora olhou para Klaus de lado. - Não sentes vergonha de estar aqui com a tua falta de habilidade?

- Tsc... - Klaus estava irritado, mas não sabia como reagir.

- E Mimosa! - chamou Alecdora. - Ouvi dizer que ficaste incapacitada antes mesmo da batalha começar. Tu és uma piada para a família Vermillion.

- Oh... E-Eu sinto muito... - Mimosa estava desconfortável, mas não só. Ela sentia-se encurralada, presa em uma jaula com animais ferozes, e ela era a presa.

Veias começavam a tornar-se visíveis no rosto dos nossos queridos ruidosos, Azuli e Asta, que viram o quão magoados e desconfortáveis os seus amigos estavam com toda a conversa que rolava.

- Ora, ora. A pior inútil de todas... és tu! Não é, Noelle?!! Ahhhh! - Solid, que outrora estava prestes a despejar sumo em cima da cabeça de Noelle, agora estava em cima de uma mesa, uma mesa quebrada... Que ele quebrou.

- Ups! Foi mal aí, não te vi! - gritou Azuli, para a realeza e patético Solid.

- Sua plebeia inú... Ah! - Solid tropeçou na toalha da mesa. - O que... - Um bolo caiu na cara dele.

- Oh! Que pena. Era um ótimo bolo. - disse Asta, ao ver o bolo desperdiçado no rosto de Solid.

- Pessoal... - disse Noelle, quase em um sussurro, emocionada. Não só pela sua irmã a defender "acidentalmente", mas também por Asta não se intrometer ao descuidar-se e derrubar o bolo em Solid "sem intenção".

- Solid, recompõe-te. - mandou Nebra, a olhar para Solid, que afastava o bolo do rosto com as mãos, com nojo. - A isolada da família Silva... Tu tens muita coragem de vir até aqui. - disse Nebra, com uma mão no queixo e um sorriso provocador.

- Irmã Nebra... - sussurrou Noelle, a tremer de medo.

- Às vezes imagino... Como seria se tivesses morrido junto à Naomi. Com certeza, a família Silva... - dizia Nebra.

Noelle, que há um segundo estava a tremer de medo, tinha uma expressão diferente.

- A Naomi não morreu! - gritou Noelle, com os punhos cerrados com força. - E talvez tenhas razão, eu seria muito melhor se não tivesse pesos tão irritantes que só me puxam para baixo quanto vocês os três, infelizes! - gritou ela, enervada.

- Sua cretina! - Nebra preparou-se para lhe bater, contudo... - Tira as mãos de mim, seu verme imundo!!

Yuno olhava sem expressão para Nebra, despreocupado, enquanto segurava a mão da mulher.

- Seu... - Nebra caiu no chão, após Yuno soltar a sua mão do nada.

- Que humilhação, já chega. - disse Nozel, a andar em direção a Noelle. - Só porque aumentaste um pouco o teu poder, já te achas digna... Ou vieste aqui apenas para sujar o nome da família Silva? Este não é...

- Acho que não é ela que está a fazer isso. - todos olharam para Azuli, que interrompeu Nozel, sem dar importância. - É só um palpite. - terminou Azuli, a olhar para a Nebra e o Solid caídos e humilhados.

- Quem pensas tu que és para me interromp... - dizia Nozel, irritado.

- Desculpa, sinto muito, mas não me interessa a vossa birra. - comentou Azuli, ao lado da abalada Noelle. - Como um Capitão Cavaleiro Mágico, pensei que tinhas melhor senso, trancinhas. - provocou Azuli, a olhar nos olhos de Nozel.

- Tsc... Não te metas em assuntos que não te dizem respeito, plebeia! - disse Nozel, a paciência já quase no limite pela audácia da menina problemática.

- Hmmmmm... Recuso. A Noelle agora é minha irmã, então qualquer assunto que a magoe, também é problema meu. - disse Azuli.

- Não sejas ridícula! Esse fracasso não merece família! Tudo o que ela trás é a morte! - disse Nozel, com os dentes cerrados.

- Irmão Nozel... - Noelle começou a lacrimejar. Lembranças de todos os anos que passou na incerteza da morte ou da sobrevivência da sua amiga e irmã gêmea, todas as vezes que se sentiu culpada pela morte da mãe que sequer pôde conhecer... Noelle não aguentava muito mais tempo... Ela queria... Ela ia embora...

- Tsc... Noelle, não precisas sair por causa deste otário! - disse Azuli, que segurou o braço de Noelle enquanto a sua outra mão estava cerrada em um punho. Eles continuam exatamente os mesmos...! Mesmo depois de todos estes anos... eles acusam Noelle da morte da nossa mãe... Noelle... O que ela tem sofrido nas mãos deles dia após dia, tortura psicológica vezes e vezes sem conta, ao dispor dos caprichos destes, destes...! - Malditos... - sussurrou Azuli, cabisbaixa, os nós dos dedos já brancos. Mesmo sendo forte, Azuli ainda tinha uma ligação com os irmãos Silva, ela não não era capaz de motivar a si mesma, muito menos alguém, neste momento, a sua condição psicológica travava o que ela estava prestes a dizer há momentos.

- Como foi que disseste, plebeia? - perguntou Nozel, calmamente, a aproximar-se de Azuli.

- Primo Nozel! Por favor, já chega! - implorou Mimosa, que estava farta de toda esta provocação, estendendo os braços para os lados, como se para proteger Azuli e Noelle de um ataque.

- Sai! - ordenou Nozel, autoritário.

Yuno preparava-se para ativar o seu grimório... Só em caso de necessidade.

- Ei! Seus idiotas! - Asta saltou para cima da mesa, chamando a atenção para si. - Para serem chamados aqui, pensei que seriam incríveis, mas... Vocês não são nem um pouco diferentes do resto!! - gritou Asta, zangado. - Plebeus, ratos, vergonhas, fracassos... Dane-se essa história de ser adequado ou não!! Esperem só para ver, eu, com certeza, ... Hã... - Asta foi engolido por um monte de areia.

- Já chega, escória... Tu não tens direito de falar! Silêncio! - exclamou Alecdora, que lançou o feitiço.

- Eu não vou me calar!! - gritou Asta, enquanto cortava a areia com a sua espada antimagia.

- Ele...?! - disse Alecdora, incrédulo.

- Ei, deixa-me terminar! Eu vou acumular méritos... Eu tornar-me-ei o Rei Mago... E calarei a boca de cada um de vocês!!! - declarou Asta, com a espada pronta para qualquer futuro ataque.

Asta... Eu ainda tenho de ultrapassar esta questão... para poder ser livre de me expressar como tu... - pensou a menina de capa.


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