18#A gêmea da Guerreira Dragão do Mar
Capítulo 18 - Dentro da câmara dos tesouros
- Muito bem, isto deve bastar. - disse Klaus, a ajeitar os seus óculos, enquanto olhava para Mars, inconsciente. Ele prendeu a parte superior de Mars com a sua magia de aço, impedindo-o de se mover.
- Já consegues mexer-te? - perguntou Noelle, a olhar para Mimosa.
- Sim. Já consegui recuperar-me bastante. - disse Mimosa, a sorrir de olhos fechados. - Tudo graças a ti.
- Huh! Eu não fiz nada. - disse Noelle, que virou o rosto para o lado, envergonhada pelo reconhecimento da sua prima.
- Oh, não! O meu manto! - gritou Asta, com rios de lágrimas a escorrerem pelo rosto. O seu manto estava todo rasgado no lado direito.
- A minha querida capa foi quase completamente destruída! - disse Azuli, a olhar para a sua capa degradê, que também tinha o símbolo dos Touros Negros.
- Quando voltarmos, a Vanessa pode consertá-las para vocês. - disse Luck, a sorrir enquanto olhava para os dois.
- Que bom. - disse Asta, ainda a pensar no seu manto destruído.
Quem diria... E pensar que precisaria ser salvo pelos Touros Negros...! - pensou Klaus.
- Essa magia limitadora vai ser o suficiente para o conter? - perguntou Azuli, no lado direito de Klaus, enquanto mastigava as ervas medicinais que Asta lhe ofereceu.
- Claro que é! A minha magia não é fraca ao ponto de um ferido poder livrar-se dela! Além disso, temos o grimório dele! - exclamou Klaus, exaltado, a olhar para Azuli.
- Pois, pois, deixa de ser tão mal humorado. - disse Azuli, ainda a mastigar as ervas.
Com ambos os esquadrões juntos, frente um do outro, Klaus falou.
- Nós fomos os primeiros a chegar. Porém, nós permitiremos que vocês também adentrem na câmara! - exclamou Klaus, a ajeitar os óculos.
- Quem morreu e te fez o Rei do Mundo, Quatro-Olhos?!! Agradeço muito, tá! - gritou Azuli, exaltada, da sua maneira, enquanto dava um passo em frente em direção a Klaus.
- Tu gostas de bancar o arrogante, né, Quatro-Olhos?! Pois muitíssimo obrigado, seu imbecil! - exclamou Asta, a dar um passo em direção a Klaus, exaltado.
- Pois muitíssimo de nada! E olhem como me dirigem a palavra! - exclamou Klaus, exaltado do mesmo jeito. - Agora, à câmara dos tesouros!
- Vamos! - exclamou Azuli.
- Sim! - exclamou Asta.
Todos andaram até ao grande portão e pararam em sua frente.
Como... é que nós entramos...? - pensaram os nossos três ruidosos, Azuli, Asta e Klaus, em sincronia.
- Deve haver algum código ou combinação por aqui... - disse Klaus, a olhar para o portão.
- Ok, dá o teu melhor! Usa todo o teu cérebro, Quatro-Olhos! - exclamou Azuli.
- Para de me chamar assim! - exclamou Klaus, a virar-se abrutamente para Azuli. - O meu nome é Klaus!
- Hm... - expressou Luck, que tocava o portão com uma mão, o que fez com que raios passasse pelo portão. - Parece que este portão é feito de magia, então... Asta, corta-a com a tua espada. Com um golpe, zwisshs! - disse ele, a olhar para Asta, enquanto apontava para o portão.
- Está bem! - exclamou Asta, a sorrir, com um punho levantado ao nível dos ombros.
- Huh! Tu não serias capaz de fazer isso! - implicou Klaus, após olhar para o grande e maciço portão, inclinado em Asta.
Com um olhar desafiante, Asta empunhou a sua espada, os braços já apresentavam veias saltadas pela força que ele colocava: Auurrraaa!! - gritou Asta, que cortava o portão, formando um triângulo.
- Feito! - exclamou Asta, satisfeito.
Após um brilho dourado os ofuscar, todos viam luzes reluzentes dentro da câmara.
- Uau! Este tesouro é imenso! - exclamou Azuli, maravilhada.
- Uouuu! Que demais! - exclamou Asta, com estrelas nos olhos. - É uma montanha de tesouros!
Todos estavam impressionados com a visão à sua frente. Nenhum deles podia esconder a sua surpresa, todos estavam de boca aberta. Curiosos, eles começaram a vagar por aí, mesmo a mergulhar nas montanhas de moedas de ouro e outros tesouros.
Mimosa, maravilhada, experimentou uma linda capa brilhante e girou com ela, com um espírito infantil.
- Que lindo! - disse Mimosa, a olhar para a capa com que rodopiava.
Noelle, ficou curiosa por uma esfera transparente.
- Para que será que isto serve? - perguntou Noelle, que envolveu a esfera nas suas mãos, por pouco tempo, pois ela começou a flutuar. A esfera modificou-se, assemelhando-se a uma bolha. - Oh! - ela surpreendeu-se assim que tocou na bolha. Realmente, a esfera de cristal havia se tornado em uma bolha.
- Oh! - Yuno também cedeu à curiosidade. Ele pegou em uma jarra, de onde uma pequena esfera verde brilhante saiu e começou a voar em sua volta, soltando brilhinhos cintilantes.
Asta pegou em um pequeno objeto entre os tesouros, e surpreendeu-se com a imagem projetada por ele.
- Ohh! - Asta gritou, com estrelas nos olhos. - É o Luck! Incrível!
- Yoohoo, Asta! - cantarolou Luck, no meio do tesouro, bem ao longe, com um objeto igual ao que Asta tinha. Ele aparecia no objeto de Asta, numa projeção azul, e vice-versa.
Azuli foi para o meio de uma montanha de tesouros, onde encontrou um objeto curioso.
- Hm... Onde é que eu já vi isto? - Azuli olhava para um objeto semelhante a um telescópio. Curiosa, ela experimentou e olhou pelo olho de vidro. - Oh!
A sala dos tesouros ficou iluminada por imagens iguais à Azuli, com algumas diferenças. Todas tinham características diferentes: todas as suas roupas, embora semelhantes, eram de uma cor diferente; o que mais se destacava, eram os cabelos das meninas, que possuíam um brilho reluzente, semelhante a uma estrela, mas de cores diferentes. Variavam do dourado para o prateado, do vermelho para o azul, do rosa para o roxo, entre outros; a cor dos olhos combinava com a cor da roupa e do cabelo de cada versão.
- Um monte de Azulis!! - Asta gritou, com estrelas nos olhos. - Que fixe!!
- Yuno!! Queres lutar comigo?! Queres?!! - uma das versões da Azuli exclamou, entusiasmada, enquanto saltitava com um grande sorriso no rosto.
- Eh? Fica para outra altura. - disse Yuno, com uma gota de suor na bochecha. Que brilhante. Parecem estrelas. - pensou Yuno, a olhar para o cabelo rosa e roxo, que parecia uma constelação.
- Eu quero! - gritou Luck, ao longe, a balançar o braço.
- Que giro! O que é isso? - perguntou uma versão da Azuli, que pegou no objeto das mãos de Asta sem pedir, muito curiosa.
- Parece ser um comunicador! Olha! - exclamou Asta, com estrelas nos olhos, enquanto mostrava a função do objeto.
- Oi! - disse a versão dourada e prateada de Azuli, enquanto acenava para a projeção de Luck.
- E aí?! - Luck acenava através do comunicador, alegre.
- Noelle... - chamou uma versão azul escuro e preto, com um semblante triste.
- Hã? Azuli? - disse Noelle, desorientada. Por que há um monte de irmãs?! - pensou Noelle, que olhava em volta.
- Eu estou realmente perdoada? - disse a versão de Azuli, com uma voz chorosa e os olhos marejados.
- D-Do que estás a falar? - perguntou Noelle, com suor a escorrer pela testa. Não me digas que ela está a referir-se da sua ausência nestes anos?! Isto é mau! A Naomi ainda vai ser descoberta! - pensou Noelle, com os olhos em branco.
- Do que mais seria... De todos estes an... - ela foi interrompida por Noelle.
- Vem aqui um segundo! - Noelle agarrou-a como se fosse uma boneca e saltou para dentro de uma montanha de tesouros próxima, afundando ambas nela.
- Eh? Por quê tudo aquilo? - perguntou Mimosa, sem saber qual a necessidade de Noelle de saltar no tesouro, algo que está longe do comportamento normal de Noelle. Parece que ela realmente mudou muito desde que entrou nos Touros Negros. - pensou Mimosa, ainda a olhar para onde Noelle afundou.
- Ei!!!! Parem de desarrumar tudo!! Tudo isto pode ser tesouro nacional com poderosíssimos objetos mágicos! - gritou Klaus, com uma veia na testa, enquanto uma versão da Azuli parou, e ficou a olhar para ele com nojo.
- Quatro-Olhos maldito. - disse ela, a olhar com os olhos semicerrados para Klaus, que se inclinou para trás como se tivesse sido acertado por várias flechas. Logo após ter dito isso, ela desapareceu em pequenos brilhos verdes.
- Só um pouquinho não magoa ninguém, ô, Mestre dos Óculos! - gritou Azuli, ao longe. Ela havia parado de olhar para o caleidoscópio quando ouviu Klaus gritar. Ela desconhece que versões dela andaram por aí.
- A quem estás a chamar Mestre dos Óculos?! - gritou Klaus de volta, com os dentes cerrados, a olhar para Azuli que estava no topo de uma montanha de tesouros, agachado com um punho levantado.
- Então vai ficar Quatro-Olhos. - provocou Asta, que estava ao lado de Klaus.
- Para com isso! - gritou Klaus, inclinado para Asta, irritado.
- Quatro-Olhos. - provocou Asta, pausadamente, inclinado sobre Klaus.
- Maldito! - gritou Klaus, com os dentes cerrados.
- Viste só! Mestre dos Óculos! - disse Asta, ainda a encarar Klaus.
Enquanto os dois discutiam, os demais continuavam a vasculhar os tesouros, em busca de alguma coisa interessante. Mimosa rodopiava, desta vez, com duas capas cintilantes à sua volta, enquanto sorria, Noelle estava a ser elevada pela bolha que a tirou do fundo do tesouro, ela estava a fazer movimentos de natação na tentativa de comandar a direção para ir ter com Azuli, que estava a afastar-se para algum lado, a seguir Nero. Já Yuno, estava a seguir a esfera verde brilhante que saiu da jarra, que o conduziu a um rico pergaminho que estava sob um pedestal dourado em volta de vento. Curioso, ele abriu o pergaminho, na tentativa de lê-lo.
Que letras são estas? Nunca vi isto antes. - pensou Yuno, a olhar para o pergaminho aberto nas suas mãos.
Um momento depois de Yuno abrir o pergaminho, o seu grimório brilhou em verde, a ressoar com a magia do pergaminho, que também brilhava na mesma cor. Um brilho intenso espalhou-se pela sala dos tesouros, o que chamou a atenção dos demais.
Os ideogramas... desapareceram. - pensou Yuno, surpreendido.
- Que luz foi essa? A de agora. - perguntou Klaus, que andou até Yuno.
- Não faço ideia. - respondeu Yuno.
-Talvez tenhas ganhado um feitiço novo, Yuno. Eu aprendi que alguns magos podem ganhar novos poderes através de magias antigas quando elas se sincronizam com a mana do escolhido. Elas são guardadas, principalmente, em pergaminhos da antiguidade como este. - disse Mimosa, que tirou o pergaminho das mãos de Yuno e o observou - Que pena. Aqui não tem nenhuma indicação do que possa ser. Mas estou confiante que em breve saberás.
- Oh! Obrigada, Mimosa. Eu verificarei mais tarde. - disse Yuno, agradecido pela informação de Mimosa. Pensei que tinha destruído uma poderosa magia antiga, mas... se o que a Mimosa disse é verdade, então... afinal, eu tenho um novo poder. - pensou Yuno, aliviado.
- Não foi nada. - disse Mimosa, a sorrir.
- Ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai!!! O que pensas que estás a fazer?! - gritou Asta, com dor, enquanto Nero, que voltou de onde conduziu Azuli, puxava uma mecha de cabelo do baixinho. Após soltá-la, Asta perseguiu o pássaro. - Oh? - expressou Asta, em dúvida. Nero conduziu-o até uma parede com um objeto dourado nela. - Tem alguma coisa aqui? Ai, ai, ai, ai, ai! - Nero bicou a cabeça e a testa dele. - Mas é só uma parede!
Que grimório esquisito... - pensou Klaus, a olhar para o grimório de Mars. - Parece que foi costurado... Bom... Nós temos dois grimórios de quatro folhas... E um grimório imundo, que não se consegue saber nem o que está escrito nele... São quatro raridades.
- Deve haver alguma coisa interessante por aqui... - disse Luck, a olhar pela sala, ainda no topo de uma montanha de tesouros. - Hm? - Luck percebeu algo. Essa mana é... - pensou ele. - Pessoal, corram! - gritou Luck, alarmado.
Asta, que estava no outro lado da sala, Mimosa, que apenas foi atingida pela poeira da parede destruída, Noelle e Azuli, que estavam longe da cena e não podiam ser vistas, conseguiram sair impunes do ataque de diamante. Por outro lado, Yuno, Klaus e, nem mesmo Luck, reagiram a tempo e foram capturados pelos diamantes, que os prenderam ao chão.
Mars estava novamente no topo do gigante de diamante, mas, desta vez, envolto em fogo.
Não pode ser...! Em tão pouco tempo... Como é que ele se recuperou?!! - pensou Klaus, com os dentes cerrados e suor a escorrer pelo rosto. - A-Aquilo... É magia de recuperação de fogo?! Impossível... Ninguém deveria ter mais de um tipo de magia! Cada mago só é abençoado com a vida por um atributo mágico, dentre de qualquer um dos elementos básicos: fogo, vento, água e terra. Desta mana, são derivados os tipos de magia, sendo que só um pode ser usado... Magos só podem usar a sua própria mana, pois é no corpo deles que a mana se forma e adquire um atributo mágico pela genética. Este tipo está a quebrar as leis da magia ao possuir dois tipos de magia! Além disso, ele era claramente um mago de ataque, mas agora está a usar magia de cura. Não é possível!! Este é... o resultado da experiência do Reino Diamond?!
Tenho a certeza que serás um grande guerreiro, Mars. - a mesma menina de antes veio à mente de Mars. - Sinto muito, Mars... Não tenho outra escolha. Por favor, morre. - disse a menina, com chamas na mão estendida.
- O que pensas que estás a fazer, seu maldito?!- gritou Asta, que começou a correr até Mars, a empunhar a espada.
- Eu já compreendi o teu poder... Se essa espada pode trespassar qualquer tipo de magia... Vejamos do que ela é capaz contra magias mais rápidas que ela. - disse Mars, enquanto criava dezenas de espadas de diamante, e as fez girar ao lançá-las.
As espadas de diamante iam de encontro de Asta, que se defendia o melhor que podia. Porém, ele foi cortado diversas vezes.
Que velocidade! - pensou Asta, com os dentes cerrados. Como ele não era rápido o suficiente para as cortar naquela velocidade, ele apenas as rebatia. Em pouco tempo, ele estava cheio de profundos cortes e a respirar ofegantemente... O corte no ombro e a força que tinha que fazer para ser capaz de cortar as espadas de diamante, que faziam um grande impacto sempre que Asta as rebatia, fazia com que ele tivesse as veias saltadas e, consequentemente, ele estava suscetível a estas serem cortadas mais facilmente.
Sem conseguir dar conta dos ataques, Asta, preocupado em rebater as espadas, não se deu conta da proximidade do gigante de diamante, que lhe bateu com o braço de diamante, atirando fortemente Asta contra a parede, que ele partiu e ultrapassou, caído, inconsciente.
Em silêncio, Mars, ainda no topo do gigante de diamante, virou-se para os três Cavaleiros Mágicos que estavam presos, e foi em sua direção.
- Destruir... Eu devo destruir os fracos. - sussurrava Mars, enquanto preparava várias espadas ao seu redor para atacar os três, após tê-los envolvido ainda mais nos diamantes que os prendiam. Agora, iam até abaixo dos ombros dos três.
Isto é mau...! Preso, sem poder usar o grimório... Não há como escapar desta! - pensou Klaus, de dentes cerrados e a suar de nervoso.
Os meus raios não são o suficiente para quebrar este diamante. Se apenas pudesse usar o meu grimório... - pensou Luck, enquanto olhava para as espadas a formarem-se perto de Mars. O diamante em que ele estava preso, estava coberto de raios numa tentativa de destruí-lo.
Droga! O meu poder não é o suficiente para proteger-nos, muito menos para derrotar este tipo! - pensou Yuno.
- Hã? O que estás a fazer aí especada, Mimosa?! Sai daí! Rápido! - gritou Klaus, exaltado e... preocupado.
- Mimosa! Pega no Asta, procura as meninas e foge daqui! - gritou Yuno, enquanto fazia força para se libertar.
Mimosa, mesmo com medo, não tinha mais o que fazer senão... colocar-se à frente dos seus amigos.
- N-Não posso abandonar-vos. Eu também sou uma Cavaleira Mágica. Não posso abandonar os meus companheiros! - disse Mimosa, a olhar atentamente para todas as espadas que se formavam e para quem as criava.
- Não sejas tola! Reagrupa-te com os outros e foge! - gritou Klaus.
- Sem chance! Mesmo não tendo feitiços de ataque, eu não vou abandonar os meus companheiros! - gritou Mimosa, desta vez, determinada.
Sempre me pressionaram para ser a melhor princesa e maga curandeira, então eu não tenho nenhum feitiço de ataque. Mesmo pertencendo ao Alvorecer Dourado, foi me dito pelo próprio Capitão Vangeance que esperava que eu fosse a luz da cura do Alvorecer Dourado... Para não me preocupar com as lutas... Apenas observar... Como é que eu pensei que isso fosse uma boa ideia?! Como eu pude pensar que poderia apenas ficar quieta sem fazer nada para além de observar os meus colegas serem feridos?! Como eu pude aceitar isso calada?! ... Afinal, eu sou da realeza... Isso tem um peso considerável para a força de um mago... Não foi isso que disseste, Naomi...?
Memória da Mimosa, nove anos atrás...
É inútil... Nada do que eu faço serve... Talvez... eu deva contentar-me com a magia da cura. O papá, a mamã, o Kirsch, e tanto a realeza como a nobreza dizem que a minha magia é supérflua e magnífica... - pensou Mimosa, com os seus seis anos. A triste menina estava encolhida, com os braços a abraçar os joelhos, atrás de uma rocha, enquanto olhava para o lago à sua frente.
- Mimosa! Estás aqui? - gritou a pequena Noelle de cinco anos, com as mãos envolta da boca, como se quisesse ampliar o som da sua voz.
- Mimosa! Somos nós! As tuas primas, Naomi e Noelle! Não precisas esconder-te! - gritou a pequena Naomi de cinco anos.
- Elas vieram... - disse Mimosa, suavemente. Mimosa levantou-se e saiu detrás da rocha que a escondia. - Primas, aqui! - gritou Mimosa, a agitar os braços em cima para chamar a atenção.
- Hã? - expressou Naomi, sem saber de onde vinha o som.
- Ela está ali. Vamos, Mimi! - disse Noelle, a agarrar a mão da desorientada Naomi e guiando-a até Mimosa.
As gêmeas estavam ao lado uma da outra, em frente a Mimosa, perto do lago.
- Sua cabeça oca! Por que vieste aqui sozinha?! É perigoso para nós, a realeza, andarmos por aí sozinhas! - disse Noelle, de braços cruzados, a olhar para Mimosa com um olhar severo, bem... o máximo que uma criança podia ter.
- Vai com calma, Elle. - disse Naomi, a sorrir tranquilamente para Noelle. Naomi conhecia Noelle, e sabia que a sua irmã estava preocupada com a prima, a única próxima das duas, a única amiga. - Tenho a certeza que há um bom motivo para isso. Além do mais... nós também viemos até aqui sozinhas várias, e várias vezes.
- I-Isso é diferente! - disse Noelle, a corar e a olhar para o lado. - Eu tenho-te a ti, mana.
Elas são tão próximas e verdadeiras... Queria eu que todas as relações fossem assim dentro da realeza... Verdadeiras e sinceras. - pensou Mimosa, enquanto olhava para as gêmeas, que falavam entre si, sem problemas, sem protocolos, sem maneirismos... sem falsidade.
- Mimosa... Oiii... - disse Naomi, a passar a mão à frente dos olhos de Mimosa, que parecia estar em outro mundo.
- Hã?! Ah... Desculpem, estava distraída. - disse Mimosa, com uma mão atrás da cabeça, enquanto sorria.
- Então... Por que vieste até aqui? É perigoso sair do Castelo Real Vermillion, ainda mais sem permissão. - disse Noelle, a olhar para Mimosa.
- Estás com algum problema? Alguém se meteu contigo, Mimosa?! - perguntou Naomi, pronta para fazer a vida negra seja a quem for. Mesmo sem controlo sobre a sua magia, pregar partidas não custava nada.
- Eu estou perfeitamente bem. Apenas precisava de um pouco de paz, longe de todas as aulas de etiqueta ou de experimentar vestidos sem fim, penteados até dizer chega, e sapados desconfortáveis. - suspirou Mimosa. Ela confiava nas suas primas, portanto não tinha qualquer problema em desabafar com elas.
- Nessa estamos juntas. Aliás, acabámos de escapulir desse tormento. - disse Naomi, a sentar-se na relva, descontraída, a aproveitar os raios de sol e a sentir o vento a bater na sua trança única.
- Não foi bem fugir, foi mais... Livrarmo-nos de um tormento causado por dragões malvados. - disse Noelle, de olhos fechados, a imitar Naomi, e a cair no chão sentada com as mãos para trás, enquanto aproveitava o sol e o vento que passava por ela.
- É praticamente a mesma coisa. - disse Naomi.
A sorrir, Mimosa caiu divertidamente na relva, tão descontraída quanto as suas primas.
- Mesmo que todo esse protocolo e deveres sejam chatos, isso não parece ser o bastante para que tu decidas de ânimo leve fugir do Castelo Vermillion. Menos ainda, quando temos uma celebração tãooo importante próximo. - disse Naomi, dando ênfase à celebração a que tinham a obrigação de comparecer.
- Realmente, não tem maneira de fugir de tudo. O próximo rei do Reino Clover está próximo de ser coroado, desde que o rei Augustos Sebastian Kira Clover adoeceu. Ai... - suspirou Noelle.
Após conversarem um pouco sobre a coroação que estava por vir e as consequências... Elas finalmente foram para o assunto principal, o que as fez estarem ali, juntas.
- Diz-me, Mimosa. O que tens? Sim, toda a vida de princesa é exaustiva e sufocadora, mas ainda assim, não é o bastante para estares tão triste ao ponto de desobedeceres as regras. Pelo menos, era o que eu achava. - disse Naomi, a olhar para o poço de escuridão através de Mimosa. Bastava Naomi olhar para Mimosa, que ela era capaz de ver a mana escurecida da prima. Um vislumbre de uma menina a chorar, semelhante à Mimosa, passava pela mente de Naomi.
- N-Não é nada. Olhem, o dia está tão lindo! Por que não nos disfarçamos e vamos comprar comida e guloseimas à capital real e fazemos um piquenique? O que me dizem? - desconversou Mimosa, com um sorriso, enquanto olhava para o céu.
Um silêncio seguiu-se. Nenhuma das gêmeas falava, o que fez Mimosa estranhar. Então, ela decidiu olhar para as primas, que a olhavam em silêncio, como se esperassem alguma coisa, pacientemente.
Com um suspiro, Mimosa cedeu.
- Muito bem, há um pequeno problema. - disse Mimosa, cabisbaixa. Quando olhou para as primas, elas apenas esperavam que ela continuasse, em silêncio. - Desde que eu despertei a minha magia, eu consegui controlá-la perfeitamente e estou feliz com isso, mas... Embora todos elogiem o meu poder, eu queria poder fazer mais... Eu queria ser capaz de proteger as pessoas. Não quero ser protegida a vida toda, não quero ficar quieta a satisfazer todas as ordens dos meus pais, do meu futuro marido, ou de qualquer outra pessoa da realeza ou nobreza só por capricho, como se eu fosse apenas um peão, uma marionete. Eu queria ter total controlo sobre a minha vida... Não quero acabar como a Lady Finesse, que vai casar com um total desconhecido, ou como a Lady Catherine, que teve todas as suas ambições de se tornar uma forte e benevolente Cavaleira Mágica frustradas, apenas para ser entregue a um homem velho para procriar filhos varões fortes com a sua genética e magia. - neste momento, a pequena Mimosa de seis anos estava a derramar lágrimas sobre a relva, enquanto apertava a relva com as mãos, que começavam a ficar com os nós brancos.
Para sua surpresa, Mimosa sentiu dois fortes abraços. Ao abrir os olhos, ela testemunhou as suas primas a partilhar da sua dor. Elas também derramavam lágrimas.
- Podes contar sempre conosco, Mimosa. - disse Noelle, a abraçar a sua prima.
- Não importa o que aqueles velhos aprontem, nós sempre te apoiaremos. Mesmo que tenhamos que fugir para longe, juntas. - disse Naomi, a abraçar a sua prima.
- Obrigada! - exclamou Mimosa, a chorar de felicidade. Um sentimento de pertença e de amor apoderou-se de Mimosa, enquanto estava a ser abraçada pelas primas, que a compreendiam e apoiavam.
- Vem, eu vou mostrar-te uma coisa. - disse Naomi, entusiasmada, levantada, a estender a mão direita a Mimosa.
- Eh... Onde? - perguntou Mimosa, sentada no chão.
- Vamos para o nosso porto seguro. Um local mais privado, onde ninguém nos incomode. - disse Noelle, a estender a mão esquerda a Mimosa.
Sob a luz reluzente do sol, Mimosa aceitou as mãos que a ajudaram a levantar-se, e a guiaram até um local longe dali, escondido, atrás de várias árvores.
- Por aqui. - disse Naomi, ainda a guiar Mimosa pela mão. As três estavam de mãos dadas, a Mimosa estava no meio.
- Oh! Que lindo! Parece surreal, algo que só existe em contos de fadas. - disse Mimosa, a olhar ao redor, para as árvores com folhas que pareciam cair em cascata, formando uma espécie de cortina, pirilampos a voar entre as compridas folhas, uma lagoa no centro da floresta que refletia a luz do sol, e várias flores azuis, quase roxas, com as pétalas dispostas como se fossem os raios do sol, dispersas por todo o lado.
- Muito bem! Ninguém pode espiar-nos nem escutar a nossa conversa. - disse Noelle.
- Ah, querem dizer-me alguma coisa importante em privado. Então é isso. Podiam ter dito. - disse Mimosa, a olhar para as duas. - Mas... por que não podiam ter me dito a onde estávamos antes? - perguntou Mimosa, em confusão, com a cabeça inclinada para o lado.
- Nós não queríamos chamar à atenção. Isso é tudo. - disse Naomi. - Vamos lá ao problema! O poder ofensivo!
- Sim. Eu não tenho qualquer habilidade ofensiva. As pessoas costumam apenas dominar ou magia de cura ou magia de ataque. Nunca os dois. - disse Mimosa, cabisbaixa.
- Nada disso! - gritou Naomi, assustando Mimosa, que deu um pulo.
Depois diz que sou eu que grito. Idiota. - pensou Noelle, a olhar de lado para a irmã.
- Apesar da minha crença de que não há diferença entre uma plebeia e uma princesa, nós nascemos com uma clara vantagem. Que é... - disse Nomi, que deu a palavra a Mimosa, apontando para ela.
- A quantidade de mana e o talento. - respondeu Mimosa.
- Exatamente! Nós nascemos com uma imensa quantidade de mana, que, gostemos ou não, coloca-nos automaticamente acima de qualquer plebeu, pelo menos, em princípio. - disse Naomi. - Independentemente de uma pessoa possuir um grande talento, capaz de gerar poderosos feitiços, sejam eles ofensivos ou de apoio, como a cura, existe diferentes manifestações de mana que acho que podem resolver o teu problema... Pelo menos, para ajudar em alturas em que corras risco de vida.
- Oh! Como sabes disso? - perguntou Mimosa, curiosa.
- Lógico que fomos à biblioteca real do Castelo Silva e lemos os livros sobre magia. De que outra forma saberíamos? Não podemos falar com a realeza sem sermos afugentadas nem aproximar-nos das pessoas fora do castelo. - disse Noelle, com um olhar mal-humorado pelas restrições que têm.
- À biblioteca real...? - Mimosa ficou pensativa. Pensando bem, a mamã e o papá nunca me permitiram ir à biblioteca, ou mesmo ter livros no meu quarto sem que eles os aprovassem. Nunca fui permitida de ir à biblioteca seja de qual das Casas Reais fosse, embora eu seja uma princesa do ramo principal da família. Por quê tantas restrições? Eu só queria adquirir conhecimento. Por que sempre me mantiveram longe do conhecimento de outras habilidades, fora a cura? - pensou ela.
- Bem, para ti deve ser muito simples, já que o teu controlo sobre a mana é espantoso. A manifestação de mana chama-se, Bala Mágica. Vem aqui. - disse Naomi, que guiou Mimosa até uma grande rocha, no centro do local.
- O que uma rocha faz aqui, no meio da floresta? Ela não parece natural... A superfície é totalmente lisa e os lados são perfeitos. - disse Mimosa, que estudou rochas, pedras, e outras coisas relacionadas à natureza. Apesar que não fosse muito difícil adivinhar que aquela rocha não era natural. Mana ressoava dela.
- Não te escapa nada. - disse Noelle, num dos lados de Mimosa. - Essa rocha foi feita por um artefato mágico que eu e a Naomi pedimos a uma pessoa de confiança que conhecemos um dia. Só não me perguntes quem é. É segredo. Ou então temos que devolver o artefato mágico ao dono.
- Certo, se pões nesses termos, eu não pergunto. O que devo fazer? Como manifesto a minha magia para um ataque ofensivo? - perguntou Mimosa, ansiosa por aprender a atacar.
- Em primeiro lugar, tens de manifestar a tua mana para fora. - disse Noelle.
- Certo. - Mimosa, com os olhos fechados, manifestou a sua mana para o exterior do seu corpo. - Feito!
- Em segundo lugar, tens de juntar as mãos, como se fosse uma concha, e concentrar a tua mana em um único ponto. - disse Naomi.
Mimosa seguiu o que lhe foi dito. A sua incrível habilidade de controlar mana, permitiu-lhe conseguir de primeira. Uma pequena energia concentrava-se no centro das suas mãos.
- Concentra-a e expandia. - disse Noelle, suavemente.
- Por fim, para concretizar o último passo, basta... - disseram as gêmeas, em sincronia.
Fim da memória...
Enquanto testemunhava a preocupação dos dois meninos para com Mimosa, Mars era atormentado por memórias. Uma menina chamava o nome de Mars com o doce sorriso. Em outra cena, a mesma doce menina, disse as seguintes palavras: Por favor, morre. Tudo o que se pôde ver no momento a seguir, foi sangue espalhado pelo chão. A menina tinha a barriga furada em um pico alto de diamante.
- Chega. - disse Mars, em um sussurro. - Morram! - gritou ele. Várias espadas foram em direção aos Cavaleiros Mágicos.
- Basta... libertá-la. - disse Mimosa, calma, atenta aos movimentos de Mars.
- Ahhhh! M-Morr... Ahhhhh! - Mars dizia, enquanto era engolido por um poderoso feixe de luz, que era, na verdade, uma enorme concentração de poder de Mimosa.
A sala foi engolida por um brilho verde claro, em um tom de esmeralda, que ofuscou todos os presentes na sala. Quando o brilho se foi, Yuno, Klaus e Luck estavam caídos no chão, os diamantes já não os prendiam.
- Consegui? - questionou Mimosa, a olhar para onde Mars estava anteriormente. - Meninos? - Mimosa correu em direção aos rapazes caídos. Ela decidiu sentir a pulsação de cada um e analisar se alguém tinha uma ferida grave. - Fico feliz que estejam todos bem! - exclamou Mimosa, para ninguém em particular.
- Hm...
- De onde veio isto? - Mimosa foi à procura da fonte do gemido. - Está aí alguém? Asta? Azuli? Noelle? São vocês? Por favor, respondam! - gritou Mimosa, ansiosa, enquanto vagava por aí.
- Mimosa! - ouviu-se um grito fraco, ao longe.
- Estás aí? - uma voz fraca ouviu-se. - Podes vir aqui?
De quem são estas vozes? Pode ser uma armadilha. Mas... eu já não vejo a Noelle e a Azuli há algum tempo. Podem estar em sarilhos! - pensou Mimosa, preocupada e apreensiva com o que devia fazer.
Após sentir uma oscilação de mana de Noelle um pouco ao longe, Mimosa dissipou a apreensão e as dúvidas e correu até onde sentiu a sua prima.
- Noelle! Noelle, estás aqui? Responde! Eu não consigo ver nada, está muito escuro! - exclamou Mimosa, que entrou em uma sala sem iluminação ao fundo da câmara dos tesouros.
- Mimosa... - a voz de Noelle foi ouvida, fracamente.
- Oh!! Noelle! O que vos aconteceu? - perguntou Mimosa, horrorizada pelo quão pálidas e esqueléticas as duas meninas estavam sob a luz da mana de Mimosa. Ela foi acudi-las rapidamente. - Magia de criação de Planta: Cesta de Flores de Cura dos Sonhos! - Mimosa criou um berço que envolveu Noelle e Azuli, curando-as de quaisquer feridas. - Temos de regressar o mais rápido possível! Não se preocupem, eu vou arranjar um bom médico para todos vocês! - exclamou Mimosa, convicta.
- Obrigada... - disse Noelle, antes de fechar os olhos, fracamente, quase que não dava para ouvir, mas Mimosa foi capaz de ouvir.
- Descansa por ora. - disse Mimosa, suavemente. - Hm? - Mimosa ouviu um barulho. - És tu, passarinho. O que queres? Estou ocupada. Tenho de ajudar os meus amigos. Ah! O que é isto?!
A masmorra começou a tremer e o teto e as paredes começaram a desabar.
- Tenho que ir rápido! - disse Mimosa, antes de se deparar com a entrada impedida. - Logo agora! Queres que eu vá por aí? - perguntou Mimosa, que olhava para Nero a guiar-lhe o caminho. - Vamos!
- Yuno, Klaus! Estão bem? - gritou Mimosa, ao ver os dois amigos de pé, a segurar o Asta, inconsciente, com cada um dos braços envolta dos pescoços de Yuno e Klaus.
- Estamos bem, mas temos de sair daqui rapidamente. - disse Yuno.
- Sim. - concordou Mimosa. - Por favor, coloquem o Asta na Cesta de Flores para curá-lo. - assim o fizeram Yuno e Klaus.
- São a Noelle e a Azuli?! O que aconteceu? - perguntou Luck. - Vocês não podem morrer antes de eu vos matar! - disse ele, preocupado.
- Por que a pirralha está esquelética?! Ei, o que aconteceu à tua empolgação?! - gritou Klaus, ao ver a péssima condição de Azuli, a pirralha irritante que o desrespeitava. Azuli não lhe respondeu.
- Vocês não estão sós, amigos. Estão a ouvir? - Mimosa também tinha esperança que eles acordassem e de que tudo não passasse de uma ilusão. Mas ela sabia que o primeiro passo que tinham de dar, era sair daquele lugar. - Temos de sair daqui rapidamente e procurar um bom médico para elas as duas. A minha magia não dá conta da condição delas.
Ao ouvir a afirmação de Mimosa, Mars parece recordar-se de algo.
Memória de Mars, há uns anos atrás...
- Mars, o treino está doloroso? - perguntou a menina que tem vindo à sua mente.
Mars limpou as lágrimas dos olhos e virou-se para a menina.
- Quando as coisas complicarem, lembra-te dos rostos das pessoas que amas. Nós nascemos para proteger as pessoas deste reino que amamos tanto. - disse a menina, a olhar para a janela com grades. Depois sorriu de olhos fechados para o pequeno Mars, que também sorriu com a motivação.
- Quando nos tornarmos fortes o suficiente para proteger este reino, poderemos sair. Tu deves conseguir primeiro, Mars. Que sorte. - disse a menina, virada para a janela, assim como Mars. - Afinal, tu és o mais forte de todos nós.
Envergonhado, Mars respondeu, tímido: Eu vou esperar por ti quando isso acontecer.
- Hã? - expressou a menina, a olhar para Mars, que estava a olhar para a janela.
- Vou esperar até que tu também saias, Fana. - disse Mars.
- Sim. Vamos para o mundo exterior juntos. - disse Fana, contente.
- Este é o vosso último teste. Matem-se. - um homem disse. - O único sobrevivente irá para o mundo exterior como o nosso guerreiro mago. Caso recusarem, serão eliminados.
Não muito tempo depois desse anúncio, os adolescentes começaram a lutar entre si. Um foi contra Mars, que o matou de imediato. As próximas horas, nada mais foi senão carniçaria. Corpos de jovens, com os seus 15 anos acabados de completar, estavam estendidos no chão sangrento.
- Sinto muito, Mars... - Fana estava de pé, um pouco longe de Mars com o seu grimório aberto, com um ataque em mãos.
- Fana... - sussurrou Mars, a olhar para a menina.
- Não me resta escolha... - disse ela. - Por favor, morre. - ela correu para Mars.
Para se proteger, Mars, encolhido, inconscientemente, ativou o seu poder no que resultou no seu maior pesadelo. Fana, a sua amiga, estava empalada no espinho de diamante.
A respirar fundo, Mars libertou o que sentia: Ahhhhhhhhhhhhhhh! - ele gritou até não sobrar fôlego.
- Parece que o sobrevivente foi Mars. - um homem disse.
- Então vamos implantar as pedras mágicas nele. - disse outro homem.
- Vamos dar-lhe os poderes da Fana, já que ela foi a última que ele matou. - disse um homem.
- Agora nós temos, finalmente, o guerreiro mago supremo. - disse um homem, que começou a rir, acompanhado do outro homem.
Fim da memória...
- Eu... estou bem sozinho. - um sussurro ouviu-se - Porque sou dono de uma magia extremamente poderosa. Quem não tem magia, quem não a controla, quem não sabe atacar, é fraco. E os fracos perecerão.
- Oh?! - expressou Mimosa, a olhar para a fonte da voz, abafada pelo ruído da masmorra a desabar.
- Ele... - disse Klaus.
- Ele ainda se mexe. - disse Luck.
- Isso não tem cabimento! Uma iniciante como tu não tem como vencer-me!! - gritou Mars, a olhar para Mimosa. - Morre! - Mars lançou uma gigante espada de diamante na direção de Mimosa e, consequentemente, dos demais.
Nenhuma magia do meu grimório vai ser rápido o suficiente. Eu não posso deixá-los morrer aqui! Tenho de proteger ambos! - pensou Yuno, determinado, enquanto as páginas do seu grimório abriram em uma específica, ativando um feitiço que ofuscou a sala inteira.
- Oh... - Yuno olhava em volta, confuso. Quando olhou para cima, viu que a gigante espada estava prestes a acertá-los, assim como alguns destroços do teto. Tudo estava em câmara lenta, quase parecia que o tempo tinha parado. Yuno olhou para o lado e viu um ser pequeno com asas a bocejar. Ele observava tudo silenciosamente, em choque.
O pequeno ser com asas, soprou um pó esbranquiçado para a enorme espada, despedaçando-a com uma facilidade amedrontadora. Para além de destruir a espada, os destroços do teto que iam cair sobre eles, foram feitos em pó.
- Oh! - todos expressaram, surpreendidos e confusos com o que viram. Para além de Mars ter sido atirado contra a parede com extrema força, criando uma cratera na parede, a espada foi destruída em pedacinhos.
O Yuno fez aquilo? O que aconteceu? - pensou Klaus, confuso, a olhar para Yuno.
- Yuno, o que tu fizeste? - perguntou Klaus.
- Aquilo foi magia? O que fizeste? - perguntou Luck, empolgado.
- Não faço ideia. - disse Yuno, simplesmente.
- Não sabes? - perguntou Klaus, incerto.
- Tinha uma coisa pequena, e... - disse Yuno, a olhar para os lados.
- Coisa pequena? - questionou Klaus, novamente.
- Não... - disse Yuno, a desistir de explicar uma coisa que nem mesmo ele sabe.
- Deves estar cansado. Vamos conversar depois. - Klaus colocou a mão no ombro de Yuno, que estava virado de costas. - O que importa é que nós o derrotámos de vez.
A olhar para o seu grimório aberto, Yuno reparou em algo intrigante.
- São os caracteres daquele feitiço de antes... - disse Yuno, baixinho a olhar para o grimório. Com esse comentário, Klaus olhou para o grimório de Yuno, curioso.
- Ah! - expressou Mimosa, que quase foi atingida por um pedregulho.
- A masmorra está a desmoronar mais rapidamente. - disse Yuno, alarmado. - Arca do Vento Celestial! - exclamou Yuno, com o seu grimório aberto. - Subam todos! - gritou Yuno, do alto da sua arca de vento.
Ao ver as dúvidas no rosto de Mimosa, que não parecia disposta a parar de colocar mana no seu feitiço de cura, Luck ativou o seu feitiço das botas de relâmpago e pegou-a ao colo, e saltou para cima da grande arca de Yuno. Graças a isso, Mimosa foi capaz de elevar o Cesto de Flores facilmente, e mandar mana constante para o feitiço, concentrada.
- Estamos prontos, Yuno! - exclamou Klaus.
- Mimosa, cuida desses três. - disse Yuno, apressado.
- Com certeza! - disse Mimosa, nunca a desviar o olhar ou a perder o foco da cura dos seus colegas.
- Salvem... - Asta falava fracamente.
- Não fales agora. - avisou Mimosa.
- Salvem-no,... por favor... - disse Asta, fracamente, a referir-se ao Mars.
- Do que estás a falar?! - perguntou Klaus, incrédulo, a olhar para Asta. Deve estar a delirar. - pensou ele. - Ele tentou matar-nos!
- Nós.... ugh... Viemos conquistar esta masmorra... Não... matar... um inimigo. - disse Asta, antes de fechar os olhos.
Yuno cedeu à vontade de Asta e foi em direção a Mars com a sua arca.
- Seria um desperdício deixar alguém forte assim morrer aqui. - disse Luck, alegre.
Contudo, as circunstâncias não estavam a favor do desejo de Asta. Vários pedregulhos caíram na frente da arca, impedindo-os de chegar até Mars, que estava tão perto.
- É tarde demais! Não vamos conseguir. Vamos embora! - exclamou Klaus, a tossir pela poeira que baixou do teto.
Sem outra opção, Yuno começou a trilhar o caminho para a saída, enquanto desviava-se dos pedregulhos que caíam.
Onde é a saída? - pensou Yuno, desesperado, a olhar ao redor. - A Mimosa não pode usar a Flor Mágica de Sinalização agora. - pensou ele, a olhar para Mimosa, concentrada a usar toda a sua mana em curar Asta e a manter estável a condição de Azuli e Noelle.
- Segue pela direita. Eu vou guiar-nos. - disse Luck, que tinha habilidades sensoriais fenomenais, fora do comum.
- Certo! - exclamou Yuno, sem duvidar das habilidades do Touro Negro, Luck.
- Esquerda. - disse Luck.
- Certo!- Yuno fazia o que Luck coordenava.
No meio do caminho houve contra tempos, mas Luck e Klaus conseguiram destruir os enormes pedregulhos que ameaçavam cair sobre eles. Eles não abrandavam a sua fuga.
- Continua reto. - disse Luck.
- Certo! - disse Yuno.
Nós somos companheiros! - Luck lembrou-se dos gritos sincronizados dos três novos Touros Negros.
Não vamos deixar... - pensou Luck, a olhar atentamente ao redor para qualquer ameaça.
... os nossos amigos morrerem! - pensou Mimosa.
Vamos sair daqui... - pensou Klaus.
... vivos! - pensou Yuno, determinado.
Embora nem sonhassem, todos os quatro partilhavam o mesmo sentimento.
Yuno acelerou até à saída, desviando-se de todos os obstáculos.
Com a sua magia, Klaus abriu caminho para a saída, que estava impedida por destroços.
- Conseguimos sair. - comentou Mimosa, aliviada.
- Foi divertido! - disse Luck, a sorrir.
- Ora... - Klaus ajeitava os óculos, após ver a empolgação de Luck.
- Ainda não acabou. Devemos garantir a sobrevivência da Azuli e da Noelle. - disse Yuno.
- Sim! - exclamaram os demais.
A arca de Yuno voou para bem longe, em direção à capital real, que Mimosa indicou para irem.
- Meu... Demos sorte deles criarem um caminho de saída para nós. - disse Lotus, na sua carruagem de fumaça, cheia de tesouros. - Graças ao triunfo deste velho, eles nunca perceberam que estávamos por perto este tempo todo.
Enfim, o importante é que estás vivo. - pensou Lotus, a olhar para o inconsciente Mars em cima do tesouro.
No sonho de Mars...
Sinto muito, Mars... - Fana estava de pé, um pouco longe de Mars com o seu grimório aberta, com um ataque em mãos.
Fana... - sussurrou Mars, a olhar para a menina.
Não me resta escolha... - disse ela. - Por favor, morre. - ela correu para Mars.
Para se proteger, Mars, encolhido, inconscientemente, ativou o seu poder no que resultou no seu maior pesadelo. Fana, a sua amiga, estava empalada no espinho de diamante.
A respirar fundo, Mars libertou o que sentia: Ahhhhhhhhhhhhhhh! - ele gritou até não sobrar fôlego.
Por quê...? - questionou Mars, a olhar para cima, perto do corpo de Fana. De repente, Mars sentiu um quente toque na sua bochecha. - As minhas feridas.
Se eu não fizesse isso, tu não terias... - disse a menina, dita como morta, que havia envolvido ambos na sua magia de cura do fogo, curando o corte de Mars. Antes de poder terminar de falar, ela perdeu as forças, e caiu.
Fana!!!!! - gritou Mars, angustiado, a abraçar o corpo da amiga.
Fim do sonho...
- Estás acordado, Mars? - perguntou Lotus, ao ver os olhos abertos do rapaz.
- Lotus. - cumprimentou Mars, ao sentar-se no tesouro que estava na carruagem, a voar.
- Fizeste um bom trabalho. - elogiou Lotus, de pé. - Graças a ti, consegui todo este tesouro. - Lotus gesticulou para o tesouro que estava na carruagem. - Agora, o nosso povo, inclusive as minhas filhas, vão poder comer coisas deliciosas. - disse ele, de braços cruzados.
Eu lembro-me de tudo... - pensou Mars, a comtemplar o pôr do sol, envolto do céu multicolorido.
Vai ver o mundo lá fora... Por mim também... - disse Fana, na lembrança, com um sorriso feliz no rosto, mas lágrimas que diziam o contrário.
- Lotus. - Mars chamou a atenção do homem.
- Hm? - expressou Lotus, a olhar para Mars, ainda de braços cruzados.
- Salvaste-me. Obrigada. - agradeceu Mars, sinceramente, a olhar Lotus nos olhos.
- Ora, ora. Tu sabes até agradecer. - disse Lotus, suavemente, com a mão na barba.
Eles continuaram a voar em direção ao Reino Diamond, a sua casa.