14#A gêmea da Guerreira Dragão do Mar

24-03-2025

Capítulo 14 - Rumo à anomalia

A floresta parecia desabar. A terra que segurava árvores, arbustos, plantas, ..., parecia estar a separar-se. Todo o local tremia, como se ocorresse um terramoto.

A presenciar este momento, estava um homem de mochila às costas, que olhava ao redor atentamente.

- O quê...? O que está a acontecer? - perguntou o homem, amedrontado, com suor a escorrer pelo rosto.

Sabendo que deveria sair daquele local o mais rápido possível, o homem subiu em um enorme tronco de árvore caído e o que viu surpreendeu-o mais do que assustou.

- Ah! - expressou o homem, que olhava a incomum cena à sua frente, sem saber para o que estava a olhar.

À sua frente, um castelo caído, mas, estranhamente, intacto, podia ser visto a emergir do solo.

- Hã? O que é isto?! - exclamou o homem, pasmado com o que via. Neste momento, ele estava frente a um caminho que, aparentemente, conduzia à entrada do castelo.

Em outro local...

- Senhor, problemas! Uma anomalia... - Marx, através de um holograma, estava prestes a informar o Rei Mago de algo. E pela expressão preocupada dele, era algo importante.

- Um anomalia foi detetada, não foi? - adivinhou Julius, de costas para Marx. Ele estava a olhar pela grande janela do seu escritório.

- Ah... - expressou Marx, surpreendido pelo Rei Mago saber o que ele ia dizer.

- Bom... Vamos dar esta missão a eles. - disse Julius, de forma vaga.

- Eles quem? - perguntou Marx.

- Hahahahahaha! - o Rei Mago apenas riu, suavemente.

Na base dos Touros Negros...

- Ei, Magna, vamos lutar. Nada de se segurar. - disse Luck, tranquilamente com um sorriso nos lábios e as mãos nas bochechas.

- 982.

- Sai fora, seu obcecado. - recusou Magna, com o punho ao nível do peito.

- 984...

- Ah, vamos lá. Vamos. - insistiu Luck. Por alguma razão, enquanto conversavam, Magna era elevado para cima e para baixo.

- 985... - alguém continuava a contar.

- Eu vou comer o teu pudim. - provocou Luck, que sorria de olhos fechados, divertido.

- 986...

- Se tu fizeres isso, eu vou... - Magna empolgou-se, e começou a ameaçar Luck.

- 987...

- Vais lutar comigo?! - perguntou Luck, entusiasmado, enquanto aproximava o seu rosto ao do Magna., com os punhos posicionados como se fosse esmurrar alguém. - Vais?!

- 988...

- Não. - disse Magna, a olhar nos olhos de Luck.

- 989... - Asta contava o número de flexões que fazia apenas com uma mão e com Magna em cima das suas costas.

- Silvantus Schnauzer. - Vanessa disse, a olhar para o pássaro que estava em cima da cabeça de Asta. O nome que Vanessa disse, foi o nome que Noelle decidiu dar ao pássaro que os seguiu até casa. - Até que não é um nome tão mau. Mas acho que outra coisa seria melhor. - disse ela, com o rosto corado enquanto segurava em uma garrafa de vinho.

- 990...

- 991...

- Vamos ver... - disse Vanessa, pensativa.

- 992...

- Um vinho, algo assim. - sugeriu Vanessa, para ninguém em especial, apenas para o pássaro a que se referia. - Vamos chamá-lo de Vinho. - exclamou alegre.

- 993...

- 994...

- Eu permitirei que tome emprestada uma única letra do nome da minha irmãzinha, a Deusa Marie. - disse Gauche, com uma foto da sua irmã levantada para todos verem, que estava sentado em outro sofá. Surpreendentemente, ele não sangrava pelo nariz.

- 995...

- Eu lhe permitirei usar a letra "M". - disse Gauche, após pensar um momento a respeito.

- 996...

- 997...

- 998...

- Deixa mais fixe. - disse Magna, que não gostou das sugestões anteriores. Determinado em escolher um nome melhor, ele pôs-se pensativo, enquanto tinha uma colher e um pudim nas mãos.

- 999...

- Vamos ver... Magnum Fire! - gritou Magna, de sorriso aberto, orgulhoso do nome que inventou.

- 1000...

- Hm, é melhor continuarmos a pensar. - disse Vanessa, com um sorriso no rosto e suor a escorrer pelo rosto, assim como Luck e Asta.

- Tens péssimo gosto, Vanessa. - disse Magna, que continuou a comer o seu pudim.

- 1001...

- Olha quem fala. O meu era muito criativo e combinava com a cor da cabeça do pássaro pelo menos. - disse Vanessa, enquanto dava um gole no seu vinho.

- 1002...

- Chuu. - Grey apenas expeliu fumaça.

- Eles parecem estar a divertir-se a pensar em nomes. - disse Gordon, que estava sentado em um sofá comprido, perto de Grey. Mas, mais uma vez, ninguém o ouviu. Ele falava muito baixinho.

- 1003...

- Eu também pensei em um. Será que vão pedir a minha opinião? Eu acho que é um bom nome. - disse Gordon, quase inaudível, a olhar para a zona animada.

- 1004...

- 1005...

- Será que eu consigo engordar essa ave? Parece uma delícia. - disse Charmi, enquanto estava a comer, sentada a uma mesa que tinha uma variedade de bolos dispostos sobre ela.

- 1006...

- 1007...

- Claro que não. - disse Vanessa, a olhar para Charmi. - A Noelle não iria gostar nada disso.

- 1008...

- Será que coloca ovos? - perguntou Charmi, a olhar para o pássaro, enquanto tinha um pão na mão.

- Toritaro, com certeza! - exclamou Asta, a sorrir, a olhar para cima, para onde o pássaro repousava, na sua cabeça.

- Ah, talvez possamos discutir o nome dele quando a Azuli e a Noelle estiverem aqui. - disse Vanessa, a olhar para o pássaro. Elas já não deviam ter acordado? Hm..., fisicamente, elas aparentam estar bem, mas talvez a morte e o poder de ressuscitar de Noelle as tenham cansado demasiado. Espero que acordem em breve. - pensou Vanessa, que aliviava as suas preocupações com a bebida, que bebeu em seguida.

- Elas concordariam com Toritaro. O nome varia de "touro", dos Touros Negros. - disse Asta, animado, enquanto explicava como chegou ao nome. - Ai! Ai! Ai! Ai! Ai! - o pássaro começou a bicar-lhe a cabeça consecutivamente, sem piedade. - Que história é essa, Toritaro? - perguntou Asta, a olhar para cima, a aproveitar o momento que o pássaro fez uma pausa de lhe bicar a cabeça.

- Acho que ele tem um preferido. - disse Vanessa, que se levantou do sofá, e foi em direção ao pássaro. - Tu preferes Vinho, né, passarinho? - perguntou Vanessa, corada, próxima ao pássaro.

- Magnum Fire! - gritou Magna, com um braço esticado com o polegar para cima à frente do pássaro, insistindo em dar aquele nome ao pássaro.

- Ammm... - Luck comtemplava o pássaro, pensativo, com uma mão no queixo. Com um rosto de realização, Luck propôs um nome: Que tal "Nero"?

- O quê?! - todos gritaram. Ao que parece, o pássaro aprovou o nome que Luck lhe deu, então sinalizou a sua aprovação ao levantar uma asa.

- Aí, ele curtiu. - disse Luck. - E "Nero" significa "Preto". - explicou Luck.

- Nero? - questionou Asta, que refletia sobre o nome.

No momento a seguir, um portal abriu-se no mesmo local da porta de entrada, também perto de onde a maioria dos Touros Negros estavam sentados.

- Liguem-se aqui. - disse Yami, atraindo a atenção para si, que saiu do portal.

- Yami! Olá! - exclamou Magna ao ver Yami.

- Pessoal, voltámos. - disse Finral, animado, ao entrar na sala de convívio.

- Bem-vindos. - disse Charmi, a olhar para os recém chegados.

- O que eles queriam no castelo? - perguntou Vanessa, a olhar para os dois.

- Se for uma missão, eu quero ir também. - disse Gordon, quase sem se ouvir.

Asta parou de fazer flexões e Magna saiu de cima dele, ficando os dois de pé.

- Missão?! É uma missão? - perguntou Luck, entusiasmado para lutar. Uma coisa habitual que fazia quando ficava empolgado, ele estava a dar socos no ar.

- Eu tenho um anúncio a fazer. Mas antes...- disse Yami, com o cigarro entre os dedos, enquanto olhava ao redor. - Onde estão a Azuli e a Noelle?

Ah... O que lhe digo agora? - questionou Vanessa, sem saber o que fazer.

A mana Vanessa e eu prometemos não contar o incidente da noite anterior a ninguém. - pensou Asta, que desviou o olhar de Yami.

- Eh... é que... Elas ainda estão a dormir. Parece que a mudança de ontem à noite as cansou. Ahahahaha! Né, Asta? - Vanessa riu de nervoso.

- Verdade! Elas caíram duras na cama e não acordam por nada! Ahahah! - Asta riu de nervoso, com uma mão atrás da cabeça.

Será que colou? - pensaram os dois, que tentavam ao máximo esconder o nervosismo.

- Hm... - Yami olhava para eles como se lhes pudesse ver as almas, o que os fez engolir em seco. - Muito bem. - Yami passou a olhar para o resto dos Touros Negros.

Ufa! Esta foi por pouco. - pensaram os dois, aliviados, a respirar novamente, que tinham prendido sem saberem.

- Descobriram uma nova masmorra. - disse Yami.

- Ah. - expressaram todos, surpreendidos, enquanto olhavam todos atentamente para Yami.

- Masmorra?! - exclamou Magna, espantado, com os punhos levantados ao nível do peito. - Sério, Yami?! - perguntou ele, próximo a Yami.

- Ah! O que é uma masmorra?! - exclamou Asta, entusiasmado, também perto de Yami.

- Hã?! Tás a falar a sério?! Ficaste todo empolgadinho e nem sabes o que é? - perguntou Magna, sem acreditar que Asta se empolgava sem ao menos saber do que se tratava.

- Eu só entrei na onda! - respondeu Asta.

- Previsível. - disse Magna, não tão admirado quanto da última vez que Asta fez algo parecido.

- Escuta. Masmorras... São como tumbas, que guardam relíquias da antiguidade. Às vezes, contêm segredos que revelam como usar poderosas magias da antiguidade ou itens mágicos super raros. São absolutamente incríveis! - exclamou Magna, que passava essa empolgação para Asta.

- Uou! - gritou Asta, maravilhado.

- Mas, sabes... O povo da antiguidade plantava armadilhas mágicas absurdas para que ninguém fizesse mau uso das masmorras. São lugares perigosíssimos e divertidíssimos! - disse Luck, animado.

- Por isso mesmo os Cavaleiros Mágicos as investigam constantemente e garantem que nenhum desses itens seja roubado. - disse Vanessa, a sorrir, com uma garrafa de vinho na mão.

- Ah, entendi. - disse Asta, a olhar para Vanessa.

- Então, os Touros Negros foram encarregados de investigar a masmorra recém descoberta. Fora que essa nova masmorra apareceu perto da fronteira inimiga. - revelou Yami, sério.

- Inimigo?! - exclamou Asta, em dúvida.

- O Reino Diamond. - revelou Yami.

- Oh! - expressou Asta, com uma gota de suor na bochecha.

- Nós precisamos cuidar desta missão logo para que os tipos de Diamond não roubem nada. - disse Yami. - Aliás, no passado, houve casos em que alguém encontrava um item mágico capaz de mudar toda a civilização e até quem descobrisse como usar a magia suprema.

- Eu! Eu! Deixe-me ir! - gritou Asta, com a mão no ar. - Vai que eu também consigo usar a magia suprema!

- Sem chance. Tu não sabes usar magia alguma. - Yami cortou as esperanças de Asta.

- Nunca se sabe! - gritou Asta, que insistia na ideia da possibilidade de ter poder mágico.

- Mas tu podes ir, sim, pirralho. - disse Yami.

- Eh? - expressou Magna, surpreendido.

- Na real, o Rei Mago em pessoa escolheu-te. - disse Yami.

- Hã?! - por isso Asta não esperava. Ele ficou com o rosto em branco, mas isso mudou um momento depois. - Como é que é?! O Rei Mago? Como?!- perguntou Asta, com os olhos quase a saltarem para fora.

- É isso mesmo, Asta! - disse Magna, com o braço ao redor dos ombros de Asta. - Caramba, hein? Andaste a esbarrar com o Rei Mago por aí?

- Até que não! - negou Asta.

Com estrelas brilhantes à sua volta assim como nos olhos, Asta ficou emocionado. Longas lágrimas cómicas escorriam pelo seu rosto em cascata.

- O Rei Mago escolheu-me... Eu não sei o motivo... Ahhh! - gritou empolgado. - Grande Rei Mago! Asta, o Indigno, dará tudo de si nesta missão! - prometeu com o punho levantado.

- A Azuli e a Noelle também foram escolhidas pelo Rei Mago... Mas como estão no seu sono de Bela Adormecida... Luck. - Yami chamou a atenção de Luck, enquanto tinha uma mão na cintura. - Tu serás o líder. O Asta fica a teus cuidados.

- Sério? - perguntou Luck.

- Hm. - Yami respondeu positivamente. - Ficar na gaiola o tempo todo faz-te mal.

- Eba! - celebrou Luck, com o punho levantado em animação.

- Escuta. Cuida bem dos caloiros. - disse Yami, com o cigarro na boca, enquanto olhava para Luck.

- Pode deixar! - exclamou Luck, animado, confiante. Quem não parecia confiante era Magna, que estava ao lado de Luck, a olhar para ele com gotas de suor a escorrer pelo rosto e um sorriso conflituoso.

Ele vai sofrer... - pensou Magna em relação a Asta, tendo conhecimento da personalidade de Luck.

- Eu também queria ir. Queria que me levassem com eles. - disse Gordon, em um tom de voz que ninguém ouvia.

Sendo uma missão urgente, Finral abriu um portal para Luck e Asta.

- Cuidem-se. - disse Vanessa.

- Asta! Arrasa! - exclamou Magna.

- Podes deixar! - exclamou Asta.

- Acho que vou procurar umas gatinhas, então. - disse Finral, atrás de Asta.

- Hã? - Asta e Magna olharam para Finral.

- Posso ir ver a minha irmã? - perguntou Gauche, a levantar-se do sofá.

- Se estiveres pronto para morrer. - respondeu Yami, com uma aura assustadora, enquanto virava o rosto para Gauche, que estava atrás de si. Em choque e medo, Gauche deixou a foto da sua adorada irmã cair no chão.

Asta e Luck atravessaram o portal e foram parar em uma floresta verdejante e florida.

Apenas com a parte superior do corpo a atravessar o portal, Finral falou, a sorrir: O pôr do sol fica lindo daqui. É um ótimo lugar para um encontro romântico. - dito isto, ele foi embora.

- Vou deixar uns petiscos prontos para quando vocês voltarem! - disse Charmi, alegre, que não quis abandonar o bolo, então trouxe-o nas mãos, em um prato. Logo em seguida, ela foi embora pelo portal.

- Contamos com vocês. - disse Yami. Não era possível vê-lo, apenas ouvi-lo.

- Certo! - disse Asta.

- Tá! - exclamou Luck, animado, enquanto acenava, apesar de não o poderem ver.

- Vamos ver... É por aqui. - disse Luck, enquanto ele liderava o caminho.

Um tempo depois...

- Por que não nos deixaram mais perto? - Asta perguntou, após andar por uns poucos minutos.

- Ahah! O Finral só consegue teleportar para lugares onde ele já foi. - disse Luck, enquanto continuava a andar. - Oh! - Luck espreitou por um enorme tronco de árvore caído. - Mas, por sorte, foi perto da masmorra. - disse Luck, a subir no tronco.

- Oh! - Asta estava deitado, ainda não tinha subido completamente na árvore, mas a visão à sua frente, surpreendeu-o.

Já na frente da entrada rochosa, eles pararam por um momento. Asta parecia apreensivo enquanto engolia em seco, mas Luck, por outro lado, estava ansioso por entrar.

- Vamos! - ele saltou todos os poucos degraus para baixo, para dentro da entrada da masmorra, animado.

- Ah? Por que tu vieste? - perguntou Asta ao pássaro em cima pousado na sua cabeça.

Na base dos Touros Negros...

- Como será que o Rei Mago ficou a saber da Azuli, da Noelle e do Asta? - perguntou Magna, enquanto fazia malabarismo com duas bolas de fogo, bem... isso não era exatamente malabarismo. Ele não entendia como o Rei Mago podia ter notado os três novos recrutas.

- Aquele tipo... vê umas coisas que ninguém mais vê. - disse Yami, que lia o jornal enquanto fumava e se lembrava do dia em que conheceu Julius. - E é esquisito à beça. Ahahahaha! - riu-se Yami, surpreendendo Magna e Gordon que estavam na sala.

No andar de cima...

O sol entrava na janela do quarto, iluminando-o por completo.

Em cima da mesa de cabeceira, um brilho cintilante podia ser visto. O que começou por ser um pequeno brilho, foi aumentando de intensidade até uma intensa luz preencher o quarto. Mas podia-se notar uma tendência. O brilho apontava na direção da cama, onde duas meninas dormiam profundamente.

Azuli e Noelle estavam a descansar. Ambas foram levadas ao cansaço extremo na noite passada. Por ter estado no limbo, à beira da vida e da morte, a mana de Azuli havia sido quase extinguida naquela noite, o que tornou impossível ela acordar neste tempo. Já Noelle, as fortes emoções que sentiu na noite anterior acabou com qualquer gota de mana existente no seu corpo. Ambas ficaram no limbo, isso antes... da Alma de Dragão que Noelle tinha invocado com as suas forças restantes, decidir os seus destinos. Elas sobreviveram. Mas, não acordavam.

Mas isso estava prestes a mudar.

O cristal mágico de Azuli, que encontrou no Mercado Negro, era a fonte da luz cintilante. O que antes era apenas um brilho que iluminava o quarto, estava agora a envolver as duas meninas, como se as fosse protegê-las, como se fosse um escudo.

Um minuto depois, o brilho cessou. Mas... estava tudo na mesma.

Ou não...

Uma movimentação podia ser vista na cama, os cobertores mexiam-se.

Com os olhos abertos, a primeira visão ao acordar foi algo surreal para ela. Quem estava diante dos seus olhos, era a pessoa por quem aguardou por anos. Com medo que seja tudo apenas uma maldita ilusão, ela não pôde impedir a tentação de tocar no cabelo prateado da menina desacordada.

- Hm... Só mais cinco minutos. - disse uma voz manhosa, que logo, a dona dela, se esgueirou mais para dentro dos cobertores.

- Naomi. - chamou Noelle, ainda a tocar delicadamente no cabelo prateado da irmã.

- Hm... Naom... Naomi?! - nisso, Azuli despertou, alarmada. Há quanto tempo ela não ouvia esse nome. Nem na sua mente ela referia esse nome.

- Acordaste finalmente. Já está tarde. - disse Noelle. Embora não tenha dito nada de mais, ela não podia tirar o sorriso do seu rosto. A sua irmã estava ao seu lado.

Não foi um sonho, no final das contas. - pensou Azuli, a olhar para Noelle.

- Hmmm! - Azuli começava a ter os olhos exageradamente largos e marejados.

- Ah? O que se passa, Naomi? - perguntou Noelle, preocupada, com as mãos nos braços de Azuli, que olhava para ela.

- Elle! - Azuli disparou em direção a Noelle, e abraçou-a fortemente, enquanto uma cascata de lágrimas escorria.

- Pronto, pronto. - Noelle esfregava delicadamente as costas de Azuli, no intuito de a acalmar. - Acho que precisamos pôr a conversa em dia.

- Sim! - concordou Azuli, alegre, saindo do abraço.

- E, primeiramente, tenho uma pergunta. - disse Noelle, que estava a olhar bem para Azuli.

- Pergunta à vontade! - exclamou Azuli, sem o entusiasmo diminuir.

- O teu cabelo... o que se passou com ele? - perguntou Noelle, enquanto olhava para o cabelo da irmã.

- Hã? - Azuli estava à espera de outro tipo de pergunta, mas tudo bem. Ela olhou para onde Noelle olhava. - Eh! O que se passou?! - Azuli levantou-se e foi em direção ao grande espelho com bordas douradas na penteadeira de Noelle.

Parece que ela também não sabe. - pensou Noelle, com uma gota de suor na bochecha.

- Não posso aparecer assim. Não quero que ninguém me reconheça. Muito menos Nozel e os outros dois. - disse Azuli, alarmada, enquanto olhava para o espelho e mexia no seu cabelo.

- Ele sempre foi tão comprido e brilhante? - perguntou Noelle, pensativa, enquanto tocava em uma mecha do cabelo de Azuli. Ela agora também estava levantada perto de Azuli.

- Eh? Verdade. - Azuli notou que o cabelo dela ultrapassava as ancas e descia uns dez centímetros. - Por que está a brilhar? - perguntou Azuli, a inclinar-se mais perto do espelho para ver melhor. Ela não tinha maquiagem e, sinceramente, não fazia diferença. As suas pestanas continuavam negras e longas e os seus lábios rosas.

- Como é que o mantinhas castanho com as madeixas? Eu posso ajudar-te no que for necessário. - disse Noelle, a olhar para Azuli com os olhos brilhantes, decidida em ajudar a sua irmã.

- Eu costumo usar os meus pentes especiais. Cada um dos dois deixa o meu cabelo de uma cor. - revelou Azuli, virada para Noelle. - Mas também preciso fazer algo em relação ao comprimento, está muito grande. - disse Azuli, que puxava duas madeixas de cabelo, uma de cada lado.

- Então não percamos mais tempo. - disse Noelle, que foi em direção à porta, na intenção de ir ao quarto de Azuli, onde supôs que estavam os pentes.

- Tá. - Azuli seguiu-a, mas parou abrutamente quando Noelle parou por uns momentos e fechou a porta com força e encostou-se nela, com uma expressão de quem não quer ser apanhada a roubar uma bolacha acabada de sair do forno.

- O que foi? - perguntou Azuli, confusa, a olhar para Noelle.

- Meninas? Estão acordadas finalmente! - disse Vanessa, contente pelas duas estarem bem, atrás da porta fechada.

- É a Vanessa. - alertou Noelle, que sussurrava para não ser ouvida por Vanessa do outro lado da porta.

- E daí? - Azuli ainda não se deu conta.

- E daí?! - sussurrou Noelle, exasperada. - Queres que te descubram o disfarce? - perguntou Noelle, que tentava pôr alguma razão em Azuli.

Com o que Noelle disse, Azuli percebeu. Ela ficou com o rosto azul, de boca aberta e olhos brancos: Verdade! - sussurrou Azuli, que percebeu a asneira que quase ia cometer.

- Meninas? Está tudo bem? Posso entrar? - perguntou Vanessa, que bateu três vezes à porta com os nós dos dedos. - Ora, por que se trancaram aí? - perguntou Vanessa, que bufou, sem entender a razão de estar a ser negada.

- Ei, Vanessa. Não se passa nada. P-Podes fazer-nos um favor, se não te importares? - perguntou Noelle, a suar, ainda encostada à porta caso alguém a tentasse abrir.

- Hm, claro. O que é? - Vanessa reparou que as meninas agiam de forma estranha, mas decidiu ir na onda das meninas.

- É... É... - Noelle estava a pensar, e a pensar, enquanto olhava para Azuli, em busca de ajuda.

- Nós precisamos que nos tragas uma escova. - exclamou Azuli, com o dedo indicador no ar, embora Vanessa não a possa ver.

- Uma escova? - perguntou Vanessa, que se questionava se aquilo estava mesmo a acontecer.

- S-Sim. É que nós estamos muito, muito despenteadas, e não temos nada com o que nos pentear aqui. Hehe! - riu-se nervosamente, Azuli, com uma mão atrás da cabeça.

- I-Isso mesmo. Eu sou da realeza! Não posso permitir que alguém me veja neste estado. - disse Noelle, que tentava soar normalmente.

- Claro. Então eu já volto meninas. - disse Vanessa, a sorrir, enquanto se retirava.

- Obrigada! - exclamou Noelle.

- Obrigada, Vanessa! - exclamou Azuli.

- Ufa. - as duas suspiraram de alívio, de cabeça baixa, ambas encostadas à porta.

- E agora? Ela pode voltar a qualquer momento. - disse Noelle, a olhar para Azuli.

- O meu quarto não é longe. Só temos de nos certificar que ninguém me vê. -disse Azuli, a olhar para Noelle. Ela saiu de perto da porta.

- Aqui. - disse Noelle, que colocou um cobertor sobre Azuli. - Pronto! Assim ninguém te vê.

- Nem eles nem eu. - Azuli parecia que estava mascarada de fantasma. Ela mexia os braços para a frente, só porque sim.

- Eu guio-te. Não vamos arriscar. - disse Noelle, de olhos fechados. - Agora apressa-te. - Noelle começou a guiar Azuli fantasma pela mão.

- O caminho está livre. Vamos. - sussurrou Noelle, agachada à porta, a olhar para todos os lados do corredor.

Elas começaram a andar até ao quarto de Azuli. Elas estavam quase lá, a mão já na maçaneta, quando ouviram passos atrás dela.

- Meninas? - Vanessa chamou por elas, que estavam estáticas, sem se mover das posições de bicos dos pés que estavam.

- Ai! - Azuli gritou.

- Oh? - Vanessa expressou surpreendida com o que testemunhou. - Noelle?

Por não ter tido tempo para pensar corretamente, Noelle havia chutado Azuli para dentro do quarto e correu na velocidade de um relâmpago para dentro também.

Vanessa apenas piscou os olhos, confusa, a olhar por mais um momento para a porta onde as meninas estavam.

- Ai, não havia outra forma menos agressiva de me pores cá dentro? - perguntou Azuli, a esfregar as costas, onde havia sido chutada. Ela já tinha saído de debaixo do cobertor.

- Sê agradecida. O importante é que não fomos apanhadas. - disse Noelle, baixinho, com um olho fechado e a cabeça inclinada para outro lado que não Azuli.

- Oh? Está tudo aqui. - disse Azuli, no chão, a olhar para o seu quarto.

- Talvez tenha sido a Vanessa. - disse Noelle, a olhar em volta. - Ah, parece até que o teu quarto está maior. - disse Noelle. - Sim! Está mais espaçoso. - disse ela, com os olhos a brilhar em realização.

- Meninas, o que estão aí a fazer? Está tudo bem? Alguém está ferida? - perguntou Vanessa. Será que elas não se recuperaram por completo? - pensou Vanessa, a olhar para a porta com um olhar preocupado.

- Sim, está tudo bem. Apenas temos aqui algumas coisas de que precisamos. Não é nada. - garantiu Noelle, encostada à porta.

- Ainda precisam da escova? Eu trouxe o meu kit de penteados. Tem escovas, pentes, fitas, grampos, e outros acessórios e produtos que de certeza vão adorar! - exclamou Vanessa, animada.

A porta abriu-se um pouco.

- Podes passar por aqui. Eu não quero que me vejas neste estado. - disse Noelle, que colocou um pouco do braço para fora.

- Eh, é claro. Toma. - Vanessa entregou o baú com os seus bens a Noelle. - Cuidado, é um pouco pesado.

- Ah, sim, não te preocupes. - disse Noelle, pausadamente. Aquele pequeno baú realmente era pesado para a Noelle carregar só com uma mão. - Obrigada, Vanessa. - agradeceu Noelle, que fechou a porta e encostou-se a ela com o baú nos seus braços, perto do peito.

- Ah! Tomei a liberdade de arrumar o teu quarto, Azuli. Espero que não te importes. - disse Vanessa.

- Foste tu, Vanessa? Muito obrigada! Está muito lindo, até parece maior! - exclamou Azuli, sorridente, enquanto olhava ao redor, levantada.

- Foi um prazer. Quando terminarem venham ter comigo. Temos de pôr a conversa em dia. Aliás, vocês perderam a vossa primeira missão oficial, dada pelo próprio Rei Mago. - disse Vanessa, com um sorriso.

- É o quê?! - gritaram as duas, Azuli e Noelle, incrédulas.

- O Rei Mago?! Ele escolheu-nos pessoalmente?! - perguntou Azuli, com estrelinhas nos olhos, a apontar para si, enquanto a luz do sol a iluminava.

- Sim, mas como estavam a dormir, acho que não vão mais. Deve ser melhor falarem antes com o Capitão Yami sobre isso.

- Sim. - Noelle concordou.

- Sim. - Azuli também concordou, que parecia derrotada. A minha primeira missão oficial... - pensou ela. Azuli tinha a cabeça baixa e uma aura deprimente à sua volta.

- Até já. - despediu-se Vanessa.

- Até logo. - respondeu Noelle, que saiu de perto da porta. - Tu ouviste-a. Vamos despachar-nos e ir logo falar com o Capitão Yami. - disse Noelle, determinada. - Talvez ele até nos permita ir em missão!

Isso levantou o ânimo de Azuli. Ela tornou-se radiante com a fala de Noelle.

- Vamos lá, então! - exclamou Azuli, animada, que foi em direção à penteadeira.

Na masmorra...

- Está escuro. - comentou Asta, que segurava em uma lamparina. - Ah? Ahhhhh! - Asta gritou. Ele tinha tropeçado no chão. - Não consigo ver nada! - exclamou Asta. A lamparina tinha caído no chão e se partido.

- Ahahahahaha! - Luck pareceu divertir-se com a situação.

Eles continuaram a andar, apesar da escuridão.

- Está um breu aqui! - comentou Asta, que tinha dificuldade em seguir em frente. Ele andava devagar e tentava seguir a direção correta ao tocar na parede com uma mão. - Ahh, é nestas alturas que eu queria ter magia do fogo! - exclamou Asta.

Enquanto Asta reclamava, Luck notou um brilho em frente. Ele foi até ele e espreitou pelas brechas da rocha só com o olho aberto.

- Oh! Chegámos? - Luck empurrou aquela rocha por onde espreitou, o que resultou na aparição de uma luz ofuscante. - Oh? - a luz era demasiado para Luck.

Luck e Asta, que tapavam os olhos, abriram-nos.

- Ah! - expressou Luck, maravilhado, enquanto sorria abertamente.

- Oh! - expressou Asta, admirado com a visão.

A masmorra era imensa, e muito estranha. Rios e rios de mana corriam por todas as direções, de forma harmoniosa. Dela, surgiam bolinhas de mana, que flutuavam pela masmorra, o que tornava o ambiente surreal.

- I-Incrível! - exclamou Asta, com estrelas nos olhos e a boca aberta. - O que está a acontecer? - perguntou Asta, a olhar para os rios.

- Parece que o espaço está embaralhado por causa de magia. - disse Luck, a sorrir, enquanto olhava o local. De repente, parecia que Luck tinha sido eletrocutado, mas, aparentemente, foi uma boa notícia. - A mana aqui dentro é mais poderosa que lá fora.

- É mesmo? - perguntou Asta. - Eu não sinto nadinha.

Ajoelhando-se no chão, Asta falou: Eu também quero sentir mana! - exclamou ele, com as sobrancelhas franzidas e as mãos levantadas um pouco. - Eu quero um pouco de mana! - disse Asta, a juntar as mãos, ao socar uma mão na outra.

- Deve ser fixe ser da realeza. - disse Asta, a lembrar-se de Noelle e de como ela provavelmente o provocaria por não ter mana. - Eles têm uma quantidade ridícula de mana! - disse de cabeça baixa. - Eu não tenho no meu corpo nem um pingo de magia... de mana! - disse de cabeça levantada, ainda com estrelas nos olhos mas com um rio de lágrimas a escorrer delas. - Ahhhh! Droga! - ele bateu no chão com as duas mãos, de punhos fechados. - Oh? - Asta ficou confuso. Debaixo da sua mão, um estranho círculo com desenhos formou-se. - Ehhh! - Asta conseguiu desviar-se de um muro de terra espinhoso que surgiu do nada.

- Oh! Magia de armadilha! - exclamou Luck, divertido.

- Ahh! - Asta sacou a sua espada e cortou a rocha ao meio, o que fez com que ele se desfizesse. O grande muro de rocha pontiagudo foi feito em pedacinhos.

- Isso é perigoso. - disse Asta, que suspirou.

- Hm? Aqui, Asta. - Luck fez sinal para que Asta fosse até ele. - É isto. - disse ele, a apontar para um símbolo semelhante ao que Asta ativou há segundos atrás.

- Onde? - perguntou Asta, perto de Luck.

Para ajudá-lo a ver melhor, Luck bateu nas costas de Asta, o que fez com que ele perdesse o equilíbrio.

- Opa. - Asta avançava para a frente só a saltar com um pé, ainda com a sua espada na mão. - Ahhh! - ele pisou em uma armadilha, ativando-a. Outro muro de pedra pontiagudo surgiu. E, novamente, foi destruído em pedacinhos por Asta.

- O que te deu?! - perguntou Asta, que podia ter-se magoado.

- Que demais! - aplaudiu Luck, divertido.

- Eu quase morri! - gritou Asta, incrédulo pela animação de Luck, agachado e com os olhos quase a saltar para fora.

- Opa! - Luck saltou para cima de mais um símbolo, com as suas botas de relâmpagos, ativando a armadilha. Uma espiral de fogo foi ativada.

- Ahhh! - Asta gritou e passou a espada pelo fogo, desintegrando-o.

- Eba! - atrás de Asta, Luck saltou novamente e ativou uma armadilha de água.

- Ahhh! - Asta virou-se para trás e saltou em direção à coluna de água, e cortou-a, desintegrando-a.

- E mais uma! - disse Luck, que ativou outra armadilha de fogo.

- Ahh! - Asta cortou-a também.

- Ahahahahahahah! - Luck divertia-se em saltar no ar e a ativar as armadilhas. - Que divertido! - disse ele, pousado no chão, a sorrir de olhos fechados. - Não é fixe?

Asta apenas respirava pesadamente com o coração acelerado, os seus olhos estavam em branco.

Eu vou morrer se ficar com este tipo. - pensou Asta. Asta respirava pesadamente com o coração acelerado, os seus olhos estavam em branco e ele suava.

Na base...

- Será que os meninos estão bem? - perguntou Vanessa, deitada em um sofá com uma garrava de vinho ao lado.

- Quanto mais perigosa for a missão, mais rápido o novato vai superar os seus limites e crescer. - disse Yami, a ler o jornal. - Eu acho.

- Achas? - perguntou Vanessa, não satisfeita com a resposta incerta de Yami.

- Bem, o Luck está com ele. Vai ficar tudo bem. - disse Yami a fechar e a dobrar o jornal. - A habilidade de detetar mana é fora de série. É maior que a de um nobre. Se ele não tivesse uma personalidade tão lixada, qualquer outro esquadrão teria ficado com ele. Hahaha - disse ele, de olhos fechados enquanto sorria.

- Acho que é com a personalidade dele que estamos preocupados. - disse Magna.

- Sim. - disse Vanessa, suavemente. Ela também conhecia a personalidade de Luck.

- Aliás, por que não permitiu que a Azuli e a Noelle fossem ter com eles. Afinal, elas foram escolhidas pelo Rei Mago. - perguntou Magna, a olhar para Yami, em dúvida.

Com essa pergunta, o riso cessou. Yami voltou para a sua expressão normal e abriu outro jornal. Enquanto lia, ele respondeu.

- Elas não estavam preparadas. - respondeu Yami.

- Hm? - expressaram Magna e Vanessa.

- Preparadas? Preparadas como? Elas são novatas inexperientes assim como o Asta. - disse Magna. Ele não entendia Yami. O homem que sempre dizia para superar os seus limites para além do possível. Mesmo que a pessoa estivesse à beira da morte ele dizia: Supera os teus limites!

Yami exalou o fumo do cigarro. - Parece que a noite delas não foi tão calma quanto dizem, não é, Vanessa? - disse Yami, a olhar para Vanessa. Fisicamente, elas estavam bem, mas em questão de mana... eu nunca tinha sentido algo assim. - pensou Yami, a lembrar-se do momento em que viu as duas à sua frente.

Com Yami a seguir cada movimento que Vanessa fazia, ela ficou desconfortável.

Será que ele suspeita de alguma coisa? Por acaso ele lê pensamentos? - pensou Vanessa, preocupada. - Como é que lhe vou dizer o que aconteceu na noite passada? Digo: Ei, ontem à noite a Azuli esteve à beira da morte, assim como Asta que, impulsivamente, atacou um desconhecido poderoso e Noelle quase morreu ao salvar Azuli. Não, sem chance.

- Eh? O que é isso, Yami? Foi tudo calmo, aquelas doces meninas é que exageraram a carregar os móveis, sempre a andar de um lado para o outro. - disse Vanessa, a tentar esconder o nervosismo. - Aliás, eu vou ver como elas estão. - disse Vanessa, que pegou na garrafa de vinho e subiu as escadas.

- Hã? - expressou Magna, com a reação de Vanessa, que não era característico dela.

Yami apenas olhava para Vanessa a subir as escadas, com um olhar sério, como se fosse capaz de ver através das mentiras de Vanessa.

No andar de cima...

- Ai, pergunto-me se isto é boa ideia. - suspirou Vanessa, sem saber quanto mais tempo iria aguentar se Yami continuasse a tocar no assunto.

- Não posso simplesmente dizer-lhe a verdade. - suspirou novamente.

Vanessa foi até ao quarto de Azuli, onde viu as meninas na última vez e bateu à porta.

- Meninas, estão aí? Posso entrar? - perguntou Vanessa, ainda com a mão levantada. - Hm? - Vanessa aproximou o ouvido da porta e tentou ouvir alguma coisa lá dentro. - Está muito silencioso. - então, ela decidiu abrir a porta. - Oh! - tudo o que Vanessa via era o quarto de Azuli sem ninguém, o único movimento eram das cortinas, que se mexiam com o vento que vinha da janela aberta.

- Talvez estejam no da Noelle. - disse ela, pensativa, para si mesma.

De seguida, ela foi para o quarto de Noelle, que ficava na penúltima porta do corredor à esquerda. Mas não encontrou ninguém. A fim de encontrá-las, Vanessa passou por toda a casa, toda a casa exceto a sala de convívio em que Yami estava e os quartos das pessoas.

- Ah, onde é que elas estarão? - perguntou Vanessa, do lado de fora da base, onde as meninas costumam praticar. - Será que elas...?

Elas ainda não estavam preparadas. - Vanessa lembrou-se do que Yami disse.

- Tomara que não. Ainda é muito cedo. - disse Vanessa, que olhava para cima, para entre as árvores, por onde passava a luz do sol e os pássaros cantavam.

Na floresta...

- Deve ser por ali. - disse Azuli.

- De certeza? - perguntou Noelle, com uma gota de suor na bochecha, incerta.

- Certeza não tenho. Mas o Finral disse que as masmorras tinham uma forte mana. E a mana mais forte que eu sinto daqui, é por ali. - disse Azuli, a apontar para longe.

- Não temos outra escolha de qualquer maneira. Vamos! - exclamou Noelle, ansiosa por chegar até ao seu destino.

- Sim! - exclamou Azuli, sorridente, a correr colina a baixo, sendo abraçada pelo sol.

Um tempo depois, elas subiram em um grande tronco de árvore caído e de lá puderam ver uma espécie de castelo.

- Uou! - expressou Azuli, admirada pela construção. Parecia que tinha emergia debaixo do solo, mas mantinha-se intacta.

- Deve ser aqui, não é? A mana é forte. - disse Noelle, em dúvida, enquanto olhava para o castelo à sua frente.

- Bem, se entrarmos descobriremos mais rápido. Eles não devem ter ido muito longe ainda. - disse Azuli, que saltou do tronco para o caminho que dava até à entrada da masmorra. - Segundo Finral, eles devem ter saído de casa há apenas 30 minutos.

- Vamos ter com eles o mais rápido possível. Não quero enfrentar os perigos da masmorra sozinha. - disse Noelle, com as mãos na cintura, após saltar do tronco e pousar ao lado de Azuli.

- Não estás sozinha. Eu estou aqui! - exclamou Azuli, a apontar para si com um sorriso. - Se enfrentarmos algum perigo eu dou cabo dele imediatamente! - prometeu Azuli, a acelerar o passo em direção à entrada.

- Espera por mim! - exclamou Noelle, que correu em direção a Azuli, que estava ansiosa por ver o que a masmorra escondia.

- Entramos? - perguntou Noelle, que olhava para o corredor à sua frente.

- É a única forma de entrar, né? - disse Azuli, que logo de seguida desceu as poucas escadas que ali havia e esperou por Noelle.

Depois de engolir em seco, Noelle desceu as escadas e aceitou a mão estendida que Azuli ofereceu. Elas continuaram a andar até que não podiam ver bem o caminho.

- Não consigo ver nada! - exclamou Noelle, que andava devagar para não tropeçar.

- Uma lamparina dava jeito neste momento. - disse Azuli, que encostou a mão livre na parede, para poder guiar-se por ela.

- Como haveríamos de saber que precisaríamos de uma? - Noelle agarrou-se mais ao braço esquerdo de Azuli.

- Espero que o caminho não seja longo. - disse Azuli, com suor no rosto. Ela estava com dificuldade em ver com aquele breu.

Com Asta...

- Meu... a tua arma anti-magia é incrível. - elogiou Luck, ajoelhado para ver a espada de mais perto. - Será que foi por isso que o Rei Mago te escolheu? - questionou Luck, a olhar para Asta, ainda com um sorriso nos lábios. - Eu adoraria enfrentar-te para valer daqui a uns dois ou três anos! - disse Luck, ansioso, inclinado sobre Asta, que o olhava incrédulo, com os dentes cerrados e suor na bochecha. - Se estiveres para empunhar essa espada, esta masmorra vai ser fácil. - disse Luck, que se virou de costas.

- Podes deixar! - exclamou Asta.

- Então... - a parte superior do rosto de Luck ficou sombreada. Luck concentrou-se. Acho que estou prestes a atingir o meu limite... - pensou ele. Luck estava a analisar toda a masmorra com a sua habilidade de detetar mana. Com um olhar doido, Luck pensou: Eu sabia. Tem outras pessoas aqui. - Luck abriu um grande sorriso. - O que parece ser o mais forte é... - pensou ele. - Magia de Criação de relâmpago: Botas Relâmpago Sagradas! - exclamou Luck, que saltou para o alto.

- Hã? - expressou Asta, a olhar para Luck a ir embora.

- Apareceu uma coisa mais importante. Hahaha! Vou deixar a parte da exploração para ti e para as meninas! - disse Luck, a sorrir de olhos fechados.

- Q-Que máximo! - exclamou Asta, com os olhos brancos e o punho elevado na altura do peito, que admirava as botas relâmpago de Luck. - Meninas?

Luck, corria a uma velocidade invejável por um corredor.

- Agora, vou para a esquerda. Mal posso esperar para ver a força dele! - disse Luck, entusiasmado com a ideia de lutar com alguém forte. - Hahahahahaha! - Luck riu-se, enquanto fazia saltava do corredor.

Com Asta...

- Estou sozinho. - disse Asta, a olhar ao redor. - Ai! - Nero bicou a cabeça dele. - Nero? Eu sei que estás aqui, mas eu gostava de outro ser humano para me ajudar com as armadilhas. Afinal, o que é suposto eu fazer? - gritou Asta, com os olhos em branco e as mãos na cabeça. Nero apenas ficou com o seu olhar entediado.

- Está certo! Pode vir a armadilha que for, eu corto no meio com a minha espada. - disse Asta, com a espada sobre o ombro e o grimório à sua frente, no cimo das escadas, que ia descer agora.

- Esta masmorra não é nada. Afinal, eu vou tornar-me o Rei Mago. - disse ele, confiante. - Eu vou tornar-me o Rei Mago antes do Yuno.

- Ah! - Asta foi apanhado em uma armadilha de planta. Várias videiras compridas enrolaram Asta, pegaram na sua espada e no seu grimório e mantiveram-nos longe de Asta.

- Droga!!! - Asta fazia força para se libertar das videiras, as veias dos seus braços eram visíveis, mas de nada adiantou. Uma coisa era anular magia com a sua espada, como se não fosse nada, apenas com o reforço da sua preparação física. Outra, era enfrentar todo o poder da magia com o seu corpo, sem poder usar o seu grimório.

Infelizmente, as videiras eram o menor problema de Asta. Uma enorme planta carnívora emergiu do rio de mana, fazendo um barulho horripilante.

- O-O que é isso? - perguntou Asta, a olhar para a enorme planta. Asta continuou a tentar libertar-se das videiras quando estava cada vez mais perto da grande planta carnívora.

Para alívio de Asta, que reagiu rapidamente após ser libertado das videiras, ele conseguiu correr até o seu grimório e espada, pronto para combater as plantas.

- Asta! - Noelle gritou, de longe, com a sua varinha na mão.

- Tudo bem? - perguntou Azuli, também com a varinha na mão, a correr em direção a Asta. Ao contrário de Noelle, ela não tinha o grimório aberto.

- Meninas? Ainda bem que chegaram! - exclamou Asta, feliz pelas suas colegas o terem salvado.

Distraído a falar com as recém chegadas, Asta foi apanhado pelas videiras novamente. Desta vez, Azuli não se conteve. Noelle não ficou para trás, ela também reagiu.

- Droga! - exclamou Asta, de cabeça baixa.

- Ninho do Dragão do Mar! - exclamou Noelle. Um ninho formou-se à volta de Asta, destruindo as videiras que o prendiam e protegendo-o de possíveis novos ataques.

- Sopro do Dragão do Mar! - exclamou Azuli, com o seu grimório de 4 folhas à sua frente. Três esferas brancas brilhantes formaram-se ao redor de Azuli, afastados dela, na formação de um triângulo. Cada uma delas emitiu um poderoso feixe de luz para o topo da varinha de Azuli, que estava ao alto, acima da cabeça de Azuli, e formaram uma esfera azul e branca de poder concentrado. Com o feitiço formado em questão de segundos, o poderoso feixe de luz foi em direção à grande planta, destruindo-a. A planta desfez-se em poeira.

- Uouuuu! Que demais! - exclamou Asta, com estrelas nos olhos e os punhos elevados ao nível do peito, ainda dentro do Ninho do Dragão do Mar, admirado pela demonstração de poder de Azuli.

- Que magia poderosa! - disse Noelle, espantada com o poder de Azuli. Ela ficou bem mais forte enquanto esteve fora. - pensou Noelle, a olhar para a irmã, que estava pouco mais à sua frente.

- Que droga. - uma voz suave ouviu-se no alto. - Essa era a minha deixa, Azuli.

Na base dos Touros Negros...

- Ah, aliás... Um pessoal do Alvorecer Dourado também tinha sido enviado para a masmorra. - disse Yami, a segurar o cigarro na mão.

- Hã?! Do Alvorecer Dourado?! - questionou Magna, surpreendido.

Espero que aquelas duas não se tenham metido em problemas. - pensou Vanessa, a pensar em Azuli e Noelle.

- Será que eles vão se dar bem? - perguntou Yami, com um sorriso no rosto.

No topo da masmorra, Yuno estava especado em um dos corredores, com o grimório de 4 folhas aberto à sua frente. Os cabelos de todos estavam a despentear-se com o vento criado por Yuno, que ele preparou para atacar a grande planta carnívora, antes de Azuli a destruir.

- Parece que não foi desta vez. Em breve, ficaremos quites, Asta. - prometeu Yuno, a sorrir suavemente enquanto olhava para Asta.

- Yuno. - Asta olhou para Yuno com um olhar desafiador e um rosto sorridente.


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