13#A gêmea da Guerreira Dragão do Mar

24-03-2025

Capítulo 13 - Invasão (conclusão)

Após desobedecer às ordens do seu superior, Klaus, Yuno voou na direção em que sentia a Irmã Lily.

- Ah. - Yuno avistou um dos homens que o atacou anteriormente, parado no solo, a olhar para Yuno.

- Estás a confundir temeridade com coragem, Yuno. - exclamou o homem, a olhar para o alto, para Yuno.

- Como sabes o meu nome? - perguntou Yuno, mais para si mesmo do que para qualquer outra pessoa.

Com o grimório aberto, o homem preparava-se para a ofensiva: Toma isso! Meha. - nisso, vários grandes espinhos de terra surgiram da terra em direção a Yuno. Para a infelicidade do homem, Yuno provou serem obsoletos. Yuno desviou-se delas com maestria.

De pé no solo, Yuno abriu o seu grimório e ativou o seu feitiço: Torre Tornado. - um dos espinhos de terra foi despedaçado.

- O quê?! Ahhh!- o homem ficou espantado. Ele estava a sofrer um ataque pelos pedaços de terra que eram trazidos pelo tornado de Yuno.

- Um a menos, faltam quatro. - disse Yuno, a fechar o seu grimório enquanto olhava para o homem ferido caído, encostado a um antigo muro de pedra, inconsciente.

Yuno seguiu em frente com a sua procura. Mas, em um determinado momento, ele foi envolto por uma magia de água, que formava um cilindro.

- Eu não vou tirar a tua vida, nem nada disso, mas eu vou pegar pesado contigo, pelo menos um pouco. - disse o homem, atrás de Yuno com o grimório aberto a flutuar no ar, enquanto sorria de olhos fechados.

- Entendi. Então era a mim que vocês queriam. - disse Yuno, ainda virado de costas.

- Ah! Tu és mais precioso do que pareces. - disse o homem.

Divertido, o homem mudou a forma de aprisionamento de Yuno, transformando o tubo de água em uma esfera de água, que flutuava a três metros do chão. - Não consegues respirar? Vou afogar-te. - disse o homem, enquanto se ria. - Hã? - ele reparou em algo na esfera de água.

- Como eu iria afogar-me com esta magia? - Yuno perguntou, enquanto olhava para o homem que o aprisionou. O corpo de Yuno estava envolto com a sua magia de vento, o que lhe permitiu falar e respirar.

- Ele... - o homem só observava, sem saber o que dizer, enquanto observava Yuno escapar da esfera de água com a sua magia.

- É assim... que se afoga alguém! - exclamou Yuno, que lançou a água em forma de tornado para o seu oponente a um ritmo alarmante, ao que o homem recuou um passo.

- Ahhrr ahhrr ahhrr! - o homem foi preso bruscamente no tornado de água. A velocidade e a força com que o tornado de água girava foi o suficiente para o homem perder o fôlego e o oxigénio em questão de segundos.

- Dois já foram. - disse Yuno, quase em um sussurro, de costas para o homem inconsciente ao fundo.

Yuno continuou o seu caminho, a seguir pegadas como pistas. Quando ele parou momentaneamente para analisar melhor as pegadas, ele foi atacado por um lâmina, à qual desviou com sucesso. Preparado para um novo ataque, Yuno envolveu-se no seu poder de vento e desviou de dezenas de lâminas que foram disparadas para a sua antiga posição. Ele escondeu-se atrás de uma árvore, e foi atacado de imediato quando espreitou por ela.

- Parece que seguiste direitinho as pegadas que eu deixei para trás. - disse o homem, que estava em pé com o grimório aberto à sua frente e com dezenas de lâminas acima de si, prontas para serem lançadas. - Toma isto, e isto, e isto, e isto! - enquanto falava, as lâminas eram lançadas em direção à árvore em que Yuno estava escondido, destroçando-a e fazendo-a cair.

Contudo, Yuno já não estava lá. Não sofreu qualquer dano.

- Nada mal. Neste caso... - as pequenas lâminas juntaram-se, formando um grande espinho. - Vais conseguir deter isto?!

Yuno, que tinha um tornado de vento à sua frente, transformou-o em uma lança de vento.

- Toma isto! - gritou o homem, a lançar o espinho.

Os dois ataques colidiram, e deles, só um prevaleceu. Os destroços do espinho saltaram ao redor, um deles foi apanhado por Yuno entre os seus dedos.

- Por que vocês só se importam com o tamanho? - perguntou Yuno, a olhar para o pequeno destroço entre os seus dedos.

- Droga! Neste caso... - o homem começou a ficar frustrado. E, apesar de querer continuar a atacar, ele foi impedido.

- Tarde demais. - disse Yuno.

Confuso, o homem olhou para cima.

- Hã!! - ele foi engolido pelos destroços que caíram sobre ele.

- Este foi o terceiro. Faltam dois. - disse Yuno, a olhar pra o amontoado de destroços.

Logo depois de ter terminado a fala, Yuno olhou para o lado esquerdo e reparou em uma luz ao longe, na direção do crânio do demónio.

Yuno andou até ao esqueleto do demónio e entrou. Mais fundo no esqueleto, Yuno avistou a Irmã Lily.

- Irmã... - disse Yuno, quase em um sussurro, a olhar para a Irmã Lily, amarrada.

- Aguenta aí. - disse o homem. - Bom menino. - disse o homem, com um sorriso, ao ver Yuno obedecer à sua ordem. - Seria uma pena se o rostinho lindo da Irmã acabasse queimado. - ameaçou ele, enquanto aproximava a sua mão com uma bola de fogo próximo ao rosto da Irmã Lily.

Memórias do Yuno...

Yuno, Asta e a Irmã Lily estavam perto de um riacho a lavar a roupa. Cada um dos dois, Yuno e Irmã Lily, ocupava-se de uma etapa da lavagem: Irmã Lily estava a esfregar as roupas mergulhadas na água, e Yuno estava a secar as roupas com o seu poder.

- Yuno. - Irmã Lily chamou à atenção do menino. - Parece que tens um dom para a magia. - disse ela, a olhar para ele. - Se encontrares alguém em necessidade, ajuda-a. Promete-me. - pediu a Irmã Lily, a sorrir de olhos fechados, com as mãos juntas em cima das pernas. - Tu também, Asta. - disse ela, a olhar para Asta.

- Hã? Chamaste-me? - perguntou Asta, dentro do riacho, distraído com um peixe nas mãos, a olhar para a Irmã Lily.

Com a promessa que Irmã Lily pediu, Yuno ficou pensativo.

Atualidade...

- Agora, Yuno, por que não me dás o teu grimório? - perguntou o homem, que não tinha a intensão de receber uma negação. - Tu não vais conseguir fazer nada sem ele.

- O que tu queres com o meu grimório? - perguntou Yuno, calmamente.

- Talvez eu o vende, ou queime. Sinceramente, não me importo. - disse o homem, a fechar o punho em que a bola de fogo estava, desfazendo-a. Sem o teu grimório, serás um Cavaleiro Mágico inútil.

- É esse o teu plano? - perguntou Yuno. - E se eu me recusar?

- Vais recusar? - perguntou o homem. O que ele fez a seguir tornou o Yuno apreensivo. O homem tinha colocado uma bola de fogo perto do rosto a Irmã Lily novamente.

Então, Yuno retirou o seu grimório da bolsa.

- Bom menino. Entrega-mo. - ordenou o homem, com um sorriso. - E então deixarei a tua preciosa Irmã ir embora.

Relutante, mas decidido, Yuno teve de escolher: Eu recuso.

- Hã?! Tens noção da situação em que estás? A Irmã... - o homem ia continuar a falar, mas foi interrompido.

- Eu não vou permitir que a magoes. - afirmou Yuno, convicto.

Convencido, o homem provocou: Vais atacar-me? Podes atacar-me, mas... - pela segunda vez consecutiva, a sua fala foi cortada.

- Não serei eu quem vai atacar-te. - informou Yuno, antes de sair do caminho.

Sem paciência, o homem exclamou, irritado: Então quem...? - sem tempo para raciocinar, o homem só pôde olhar.

- Magia de Criação de Aço: Lança Espiral Impetuosa! - exclamou Klaus, que estava atrás de Yuno, um pouco ao longe.

- Hã. Ahh! - o homem foi atirado para longe ao ser atingido por uma lança de aço comprida que saiu do chão. O homem caiu desacordado um pouco longe de onde estava originalmente.

- Mimosa. - chamou Klaus, autoritário.

- Sim, senhor. - respondeu Mimosa, de imediato. Mimosa dirigiu-se até à Irmã Lily e verificou a sua pulsação. - Ela está bem.

Essa resposta fez Yuno suspirar de alívio.

- Acho bem que tenhas derrotado todos. - disse Klaus, ao lado de Yuno, mas sem olhar para ele.

- Não há mais ninguém. - respondeu Yuno.

- Ele fugiu? - Klaus riu levemente dessa informação. - O que terias feito se eu não tivesse vindo? - perguntou Klaus, a ajeitar os óculos enquanto olhava para Yuno.

- Por que vieste? - perguntou Yuno, intrigado, a olhar para Klaus.

- Tu achas que eu sou um idiota? - perguntou Klaus, de olhos fechados.

Não havia resposta para essa pergunta se não outra da que Yuno deu. Yuno virou o rosto para o outro lado, sem responder verbalmente à pergunta.

Ele acha! - pensou Klaus, a olhar para Yuno.

Com uma tosse falsa, Klaus iniciou a conversa novamente: Escuta bem, Yuno. O nosso dever como Cavaleiros Mágicos é proteger o povo. - disse Klaus, a olhar para a frente. Essa fala, vinda de Klaus, surpreendeu Yuno, que olhou para Klaus. - Achei bem estranho. Esses homens estavam atrás de ti, não do Salim. Yu achas que um nobre gostaria de vir para um vilarejo destes? - perguntou Klaus, que andava para a frente. - Achas que ele comeria aquelas batatas feliz? Eu, com certeza, não. - disse Klaus, que parou à frente do homem caído no chão. - É impossível eles terem levado a Irmã Lily acidentalmente no lugar de Salim. Além disso... - disse Klaus, a esticar uma corda nas mãos e de seguida a prender o criminoso. - Estranho que Salim, que foi derrotado por ti, tenha pedido especificamente que tu o escoltasses.

- E foi aí que usamos minha Magia de Criação de Plantas: Flor da Verdade.

Minutos atrás...

- É tua culpa que eu não tenha conseguido entrar para os Cavaleiros Mágicos, Yuno! - exclamou Salim, irritado, através da boca da flor que tinha no rosto. - Quem se importa com o teu grimório de quatro folhas idiota! Eu vou tirá-lo de ti! O meu pai vai dar cabo de ti! Eu vou vingar-me!

Atualidade...

- Ele confessou tudo. - disse Klaus.

- Ainda estou surpreendido que vocês tenham me encontrado. - confessou Yuno.

- Também graças às habilidades de Mimosa. - disse Klaus.

Minutos atrás...

- Magia de Criação de Plantas: Flor Mágica de Sinalização! - exclamou Mimosa, que ativou um feitiço que consistia em uma flor que projetava um holograma do local em que Yuno estava. - Ah, tá.

Com a localização de Yuno, Klaus e Mimosa, com Salim preso, foram em direção a Yuno na carruagem de Klaus.

Atualidade...

- Foi assim que conseguimos ajudar-te. - terminou Klaus.

Toda esta história surpreendeu Yuno.

- Obrigado. - agradeceu Yuno. - Vocês ajudaram-me muito, Mimosa e Klaus.

- Hmp. - Klaus virou o rosto, com as sobrancelhas franzidas.

- Não foi nada. - respondeu Mimosa, a sorrir de olhos fechados.

- Hmmmmmm!! - Salim fez barulho e movia a cabeça, a tentar libertar-se.

- Cala-te! - disse Klaus, o que fez com que Salim parasse, de medo.

- Sinceramente... Vingança? Patético! - repreendeu Klaus, de braços cruzados. - É lógico que foste derrotado pelo Yuno. - disse Klaus a apontar para Salim. - O nosso honorável capitão do Alvorecer Dourado, William Vangeance, escolheu-o! Isso só mostra o quanto ele é talentoso!

- Veterano... - Yuno ficou sem palavras, com o espanto com que ficou ao ouvir Klaus proferir aquelas palavras.

- Ah... Hmp. - Klaus virou o rosto assim que percebeu o que disse. - Não me entendas mal. Eu mesmo não me convenci do teu valor.

- Nossa... - disse Mimosa, divertida, sem acreditar no que Klaus disse.

- Certo. - disse Yuno, com um sorriso.

- Deixarei a tua desobediência passar desta vez, já que foi tudo obra do Salim. - disse Klaus, a olhar para Yuno e despois para Salim. - O que vamos fazer? Levá-lo de volta à capital real? - perguntou Klaus, a olhar para Yuno.

- Não. Vamos deixar isso para trás. - disse Yuno, de olhos fechados.

- Tens a certeza? - perguntou Klaus.

- Contanto que nunca mais cheguem perto de Hage. - disse Yuno, a olhar para Salim, que o olhou com horror nos olhos.

Klaus apenas ajeitou os óculos, com um pequeno sorriso.

- Vocês ouviram-no. Vocês estão livres. - disse Klaus, a Salim e aos seus quatro capangas, amarrados e alinhados de joelhos à frente de Yuno, Irmã Lily e os demais. - Entenderam bem? - exclamou Klaus, severamente.

Mas um deles não aceitava aquilo.

- Tu és só um caipi... - começou por dizer Salim, mas mudou de rumo da conversa e levantou-se. - Deixá-lo com a guarda baixa era parte do plano! - exclamou Salim.

- Hã? - os quatro capangas estavam confusos.

- Salim Crescente do Deus dos Raios! - exclamou Salim, com o seu grimório aberto.

Ao mesmo tempo que Salim, mas mais rápido que ele, outra voz surgiu.

- Magia de Criação de Água: Punho Sagrado do Amor! - exclamou a Irmã Lily, que lançou Salim, que foi atingido por um grande punho feito de água, pelo ar até uma árvore. - Isso não vai adiantar! Tu precisas refletir corretamente sobre os teus atos! - exclamou ela, com uma expressão severa. A mesma que utilizou com os outros quatro atrás de si: E vocês também!

- S-Sim, senhora! - os quatro exclamaram, obedientes, e endireitando a postura em direção a ela.

- Está quase a dar vontade de levar a Irmã para os Cavaleiros Mágicos. - comentou Klaus, com um sorriso, a ajeitar os óculos. Os dois ao seu lado sorriram divertidos com isso.

- Yuno, nós vamos levá-los de volta para a capital. - disse Klaus, a andar em direção aos capangas de Salim. - Aliás, onde está o outro?

- Sei lá. - disseram os quatro, a olhar para trás, para Klaus.

No topo do crânio estava o último capanga, o que escapou. Ou melhor dizer, o Rei Mago estava em cima do crânio do demónio disfarçado do capanga.

- Meu, isto foi divertido. - disse Julius, tendo desfeito a transformação, que se deitou no crânio, perto da estátua do Rei Mago e do capanga amarrado.

- Se eles estivessem em apuros eu teria ajudado. Mas nem foi preciso. O novato de William também é impressionante.

- O senhor pretende tirar férias até quando?! - gritou o holograma de Marx, enervado.

- Como gritas, hein? - disse o Julius, virado para o lado com as mãos a tapar os ouvidos.

- Volte logo! A pilha de trabalho só aumenta! - gritou Marx, ainda mais forte e irritado.

- Tá, tá. Não te faz bem ficar irritado o tempo todo. - disse Julius, calmo.

- E de quem é a culpa, hein?! - gritou Marx.

Mas, para infelicidade de Marx, algo mais chamou a atenção de Julius.

- Ah. - expressou Julius, desperto, a olhar para longe.

Que brilho é aquele? O poder que vem de lá é intenso. Posso senti-lo daqui, mas nota-se que vem de muito longe. - pensou Julius, intrigado e curioso.

Todo o horizonte para onde Julius olhava, que antes era coberto pela escuridão da noite, agora é desenhado por um brilho azul claro intenso. Julius não via, mas pelas mudanças que observava naquela região, ele era capaz de dizer que o clima estava um caos.

- Desculpa Marx, mas parece que surgiu algo interessante. - disse Julius, com a sua voz alegre.

- Espere!! Volte ao trabalho!!! - gritou Marx, irritado.

Os apelos de Marx foram em vão. Julius já tinha partido.

Com Yuno...

- O que é aquilo? - perguntou Mimosa, a olhar para o intenso brilho azul no horizonte, curiosa.

- Não sei. Talvez seja uma anomalia. - disse Klaus, também a olhar para o horizonte, em dúvida.

Yuno apenas observou. Ele não sabia o que era, mas sentia o vento daquela direção chegar a Hage.

- Não temos forma de descobrir. Vou andando. - disse Yuno, a continuar a andar.

- Nós também vamos. - disse Mimosa, a correr um pouco até chegar a Yuno.

- Esperem. Eu sou vosso veterano. - disse Klaus, a ajeitar os óculos antes de correr em direção aos dois.

Na igreja...

- Que bom que estão bem! - exclamou o padre Orsi, a chorar rios de lágrimas.

- Que bom! - disse Aruru.

- Que bom! - repetiu Hollo, que levantou os braços, feliz.

- Incrível como sempre, irmão Yuno! - disse Nash, com um sorriso e os braços cruzados.

- Afinal, ele é um Cavaleiro Mágico. - disse Recca, com um sorriso.

- Klaus, Mimosa, muito obrigada. - agradeceu Irmã Lily, aos dois que estavam sentados, assim como Yuno.

- Não foi nada. - Klaus, com um sorriso, levantou a mão para avisar que os agradecimentos não eram necessários. - O Salim estava por trás disto. Que inesperado.

- Vamos, vamos, sirvam-se. Eu quero recompensá-los com mais pratos com batatas. Esfriaram um pouco, mas comam à vontade! - disse o padre Orsi.

Então, Klaus, após um momento a preparar-se mentalmente para o que estava prestes a fazer, pegou em uma batata e deu uma dentada, enquanto os outros observavam. Logo de seguida, mecanicamente, ele pegou em um copo com água e bebeu.

- Nada mau. - disse Klaus.

- Tu não és muito honesto, não é, Klaus? - perguntou Mimosa, que percebeu a verdadeira opinião de Klaus, assim como as crianças e Yuno.

- Está bom. - disse Yuno, com um sorriso, após ter dado uma dentada em uma batata.

Risos alegres ouviram-se dentro da igreja do lado de fora.

Na casa da Azuli...

- Muito bem. Vamos ver o que temos aqui. - disse Julius, baixinho, só para ele ouvir.

Julius estava oculto atrás de algumas árvores a uma certa distância da casa de Azuli.

Ah, magia de ocultação e magia de ilusão! - pensou Julius, intrigado e entusiasmado. - Deve ser por isso que não pude chegar perto de imediato.

Aqueles são... Oh, não! - pensou Julius, a olhar para o que uma menina de cabelos prateados embalava nos braços, docemente. - Não esperava por isto.

Minutos atrás...

- Mas que... - o pensamento do homem foi interrompido. Interrompido... chamar de interropessão é um eufemismo. O tempo parecia acabar. Acabar para ele.

Resplandecendo de dentro de Noelle, do grimório de Noelle, um poder contido subiu até às nuvens, tornando-as escuras como carvão. Essa escuridão apossou-se das lágrimas de Noelle, pois assim como ela, elas começaram a chorar.

Com compaixão, o vento juntou-se à chuva, criando e espalhando lamúria por toda a redondeza.

Tudo o que Asta e Vanessa podiam fazer, era observar.

A chuva criou uma jaula à volta da casa.

O vento cobria a visão de quem estava de dentro.

Juntos, eles formavam o aprisionamento de quem estivesse dentro da jaula.

Isso, é claro, o assassino de Azuli reparou.

Os meus movimentos... Não me consigo mover. - pensou o assassino, com os dentes cerrados.

Ele queria gritar, mas não podia. A sua respiração estava presa. Todo o seu corpo parecia que estava a ser esfaqueado. Todo o seu corpo estava atordoado. Os seus pensamentos eram as únicas coisas que lhe restavam em meio à tempestade.

Eu tenho que... - antes que o seu pensamento se libertasse, ele ficou horrorizado.

Na frente dos seus olhos, mesmo no olho da tempestade, o vento, a chuva, os raios pareciam juntar-se no local da morte. No local da sua vítima. No local onde o seu corpo estava a ser embalado.

Eu... - tarde demais. A pele do homem estava a descamar. Ao invés de pele, apenas sangue era visto.

A luz aproximava-se mais, e mais. Não durou muito até que...

... A luz finalmente o envolveu e não avançou sem antes atravessá-lo por completo.

O ataque de Noelle ultrapassou a jaula tempestuosa, dissipando-se ao fim de uns segundos.

Alma do Dragão. Reúne-te. - disse Noelle, nos seus pensamentos.

Todo o local brilhou, as nuvens, a chuva, o vento, todos se juntaram em um ponto no céu, formando lentamente uma esfera de luz brilhante.

Noelle e Azuli estavam envoltas do poder acolhedor de Noelle.

Tu vais voltar para mim. Eu prometo que desta vez não te deixarei sozinha.

Elle? O que se passa? Está tudo escuro.

Logo, passará.

Promessa?

Promessa.

A esfera cintilante flutuou até à fonte do poder, até ao chamado.

Hm? Noelle?! - Azuli exclamou, surpreendida por Noelle estar com ela.

Eles estavam em um local escuro. Apenas as duas, frente a frente.

Naomi! - com lágrimas a transbordar dos olhos, Noelle abraçou-a.

Noelle? - Azuli estava sem palavras, apesar de ainda abraçar Noelle, atordoada. Ela não sabia como Noelle havia descoberto sem ela contar.

Naomi, eu estou aqui! Eu sinto muito ter-te deixado sozinha! - lágrimas e lágrimas escorriam pelos olhos de Noelle, que abraçava a sua gêmea como se fosse a última vez.

Elle. Vamos sair daqui. Eu adoro-te, mana. - disse Naomi, a abraçar suavemente, mas fortemente, a sua gêmea. Lágrimas escorriam pelo rosto de Naomi, que pousava a cabeça sobre o ombro de Noelle.

Ainda abraçadas, com sorrisos aliviados, felizes e saudosos, elas foram abraçadas pelo mar, que se formou sobre os seus pés. O mar parecia acolher as gêmeas, parecia querer protegê-las, e, por fim, envolveu as duas em um brilho ofuscante.

Atualidade...

- Azuli! Noelle!

- Meninas! Azuli! Noelle!

As duas meninas inconscientes podiam ouvir os seus nomes serem chamados. Os gritos pareciam angustiados. Elas sentiam algo a cair sobre elas.

- Azuli! Noelle! - Asta gritava, com lágrimas a escorrer. A esperança a morrer novamente.

- Meninas, por favor, acordem! - disse Vanessa, abraçada às meninas, deitando lágrimas pesarosas sobre ambas.

- Hmm...

Ambos, Asta e Vanessa, sentiram algo a tocar-lhes no cabelo. Eles olharam para cima. As duas meninas mantinham sorrisos singelos nos lábios e tinham os olhos levemente abertos, mas estavam a esforçar-se para olhar para eles.

- Azuli! Noelle! Que bom que estão bem! - disse Asta, com a voz chorosa, enquanto abraçava as duas. - Eu pensei... eu... - Asta não conseguia terminar a frase. Ele não queria trazer esses pensamentos à toa. Ele apenas continuou a abraçar, enquanto chorava o que tinha para chorar.

- Meninas! Eu estou tão feliz! - disse Vanessa, com lágrimas a escorrer pelo rosto corado e um sorriso contente nos lábios, enquanto abraçava novamente as meninas.

Os quatro, sem se quererem separar ainda, ficaram apenas mais alguns momentos a abraçarem-se. Mas só um momento mesmo.

- A-Asta! O que estás a fazer?! - gritou Noelle, com os olhos em branco e um rubor no rosto, mais desperta, mas ainda sem se mexer bem.

- Hm? O quê? Estou a magoar-te?! - exclamou Asta, exaltado de preocupação.

- Não é isso! S-Só sai! - exclamou Noelle, ainda envergonhada. Por que ele tinha de estar tão perto?! - pensou Noelle, alterada por Asta estar tão perto de si.

- Hãaaaaa?! - Asta não entendia, mas foi afastado por Vanessa, que se ria com a situação.

- Deixa, Asta. É melhor afastares-te. - aconselhou Vanessa, divertida.

- Mas por quê? Eu só as queria abraçar! - exclamou Asta, sem entender por que foi afastado das amigas que quase perdeu hoje.

- Ahahahahahah! - Azuli ria-se divertida. Não entendia bem a situação, mas as caretas que todos faziam eram muito engraçadas após este episódio de desgraça.

- Por que te estás a rir também, Azuli?! Também não querias o meu abraço? - perguntou Asta, com os punhos levantados ao nível do peito.

- Ahahah! Não é nada disso! Só acho tudo muito engraçado. - riu-se Azuli, com toda esta situação.

A discussão entre os amigos continuou por uns momentos.

Ohhhh! Que magia magnifica! - pensou Julius, com estrelas a brilhar e os punhos levantados, em animação.

- Parece que eles têm a situação controlada. Ai, pergunto-me o que aconteceu para chegar a este ponto. - disse Julius para si mesmo, a olhar ao redor. O local tinha um lago em volta, árvores foram arrancadas pelas raízes, os ramos das árvores mal tinham folhas, ou então estavam partidos, a relva estava toda destruída, crateras encontravam-se por todo o lugar, ou então a terra tinha sido levantada.

- Bem, felizmente, estão todos bem. - disse Julius, com a sua voz alegre. Ele observava como os quatro amigos riam juntos neste momento.

E a filha Silva... Ela foi capaz de reviver a sua colega. - pensou Julius, intrigado.

- Realmente, este ano, o Yami só recrutou pessoas interessantes. - disse Julius, a olhar para os três novos recrutas, felizes.

- Está na hora de partir. Vemo-nos em breve. - disse o Rei Mago, que desapareceu em um brilho dourado.

No dia seguinte...

Na base do Alvorecer Dourado...

- Uma estrela? - Klaus perguntou, duvidosamente. Ele olhava para o seu capitão no cimo das escadas.

- As vossas ações foram reconhecidas pelo Rei Mago e recebemos uma estrela. - disse William, com uma estrela na mão.

- Muito obrigada! Que honra! - exclamou Klaus, ajoelhado, assim como Yuno e Mimosa atrás de si.

- Jamais imaginei que ganharia uma na minha primeira missão. - disse Mimosa, agradavelmente surpreendida.

- Mas não julgo que tenhamos feito nada para merecer uma estrela... - disse Klaus.

- Depois que trouxeram Salim, ele acabou por confessar diversos atos malignos do Lorde Hapshass. Subornos, sonegações, e negócios inescrupulosos. Vocês acertaram em cheio. - disse William. - Tudo graças a vocês.

- Capitão, o senhor aceitou esta missão porque já sabia que isto aconteceria? - perguntou Klaus, a tentar confirmar a sua suposição.

- Não podemos permitir que o mal aconteça no Reino Clover. - disse William, não respondendo diretamente.

- Sim, senhor. - exclamou Klaus.

- Klaus, Mimosa, Yuno, estou ansioso pelos vossos próximos atos. - disse William.

- Sim, senhor. - disseram os três em sintonia, de cabeça baixa.

Yuno, Mimosa... Parece que os novatos deste ano são, pelo menos... razoavelmente competentes. - pensou Klaus.

- Conto com vocês. Especialmente contigo, Yuno. - disse William, enquanto observava os três saírem.

Fora da sala, os três andavam juntos.

- Uma estrela... Tudo acabou bem desta vez, mas nunca mais ajas por conta própria, Yuno. - disse Klaus, que olhou para trás, para Yuno, enquanto andava.

- Ok. - disse Yuno, com a cabeça virada para o lado.

- Por que hesitou? Yuno olha para mim! - exclamou Klaus, que parou de andar e parou na frente de Yuno e pôs as suas mãos sobre os ombros dele. - Olha-me nos olhos e diz que não vais mais agir por conta própria!

- Ok. - disse Yuno, desinteressado.

- Yuno! Ei, Yuno! - Klaus apelava pela sua atenção.

Mimosa apenas se riu da cena incomum à sua frente.

Na base dos Touros Negros...

- O quê?! O Alvorecer Dourado ganhou uma estrela?! - gritou Asta, surpreendido.

- E eu achei que faltavam só cem para os alcançarmos. Voltámos para 101. Ahahaha! - riu-se o capitão Yami.

- Droga! Pensei que finalmente os íamos alcançar! - disse Asta, frustrado, com os punhos levantados na altura do peito.

- Foi por pouco. - disse Yami, desinteressado.

- Eu não vou perder! - gritou Asta, determinado, enquanto Yami olha para ele. - Eles só estão a 101 na frente! Eu vou alcançar rapidinho! Podes esperar, Alvorecer Dourado! Yuno! - Asta gritou para o alto, elevando o seu espírito competitivo.

No andar de cima...

Vanessa andava pelos corredores com uma mala preta de couro frouxa nas mãos. Antes dela ir para o seu destino, primeiro parou em outro quarto.

- Continuam a dormir. - sussurrou Vanessa, a olhar para as duas meninas na cama de Noelle.

Azuli e Noelle estavam deitadas na cama ferradas a dormir. O Asta poderia gritar o quanto pudesse, mas não seria capaz de acordá-las. A noite anterior foi tão exaustiva, que as meninas adormeceram no caminho, enquanto voavam na vassoura de Vanessa. Felizmente, Asta estava lá para as impedir de cair e Vanessa foi capaz de as prender com os seus fios. Por outro lado, as duas meninas perderam o jantar de Charmy, algo que lamentariam no futuro, pois Charmy preparou um monte de doces deliciosos para comerem depois de um dia exaustivo.

- Durmam bem, meninas. - sussurrou Vanessa, antes de ir para outro lugar.

Em frente a uma porta, Vanessa preparava-se para o que vinha fazer antes que as meninas acordassem.

Com a mão na maçaneta, Vanessa abriu a porta.

- Muito bem! Mãos à obra! - disse ela, pondo a mala no meio do quarto e as mãos na cintura, com um sorriso no rosto.

No escritório do Rei Mago...

- Senhor, problemas! Uma anomalia... - Marx começou a falar, preocupado, através de um holograma.

- Uma anomalia foi detetada, não foi? - continuou Julius, virado para para as grandes janelas do escritório.

- Hã? - expressou Marx, surpreendido.

- Bom... Vamos dar esta missão a eles. - disse Julius, de forma vaga.

- Eles quem? - perguntou Marx.

- Hahahahahaha! - o Rei Mago apenas riu, suavemente.


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