10#A gêmea da Guerreira Dragão do Mar

20-03-2025

Capítulo 10 - Controlo

Quando Azuli, Asta, Noelle e Magna chegaram à base dos Touros Negros, a lua já brilhava sobre o Reino Clover.

- Hahahahaha! Parece que vocês passaram por maus bocados! - Yami disse, divertido. - Hahahahaha!

Por que ele parece feliz com isso? Quase teve pessoas a morrer. - pensou Noelle, com uma gota de suor na bochecha.

- Ei, Capitão... Não acho que haja motivo para rir... - disse Azuli, a pensar em todas as pessoas feridas e do tormento que passaram.

- Ficar deprimido não vai apagar o que aconteceu aos habitantes do vilarejo, não é? Além do mais, o velho Seyhe não morreu.

- Sim, Yami! Como disse, senhor! Todas as pessoas estão bem e o velho Seyhe está vivo! - disse Magna.

- Vocês conseguiram proteger o povo. Orgulhem-se disso. - disse Yami, apesar deles continuarem apreensivos. - Muito bem. Bom trabalho, seus idiotas.

- Obrigada... - disse Noelle, envergonhada com a cabeça virada para o lado, mas a olhar para Yami.

- Hahahahaha! - Yami riu-se.

- Por que levantaste a mão? - perguntou Azuli a olhar para Magna. Asta também mostrou interesse.

- Sua imbecil! Não sabes nem como os Cavaleiros Mágicos se saúdam?! - gritou Magna, incrédulo. - Presta atenção! Estes dedos indicam o trevo! Vamos, faz!

- Tá! - exclamou Azuli, que fez a saudação.

- Eu também! - Asta também fez a saudação.

- Muito bem! - elogiou Magna.

Noelle apenas olhava para Azuli e Asta.

- Voltámos. - disse Finral, que saiu de dentro do seu portal, no meio da sala, com Vanessa ao seu lado.

- Bom trabalho, pessoal. - elogiou Vanessa.

- Mana Vanessa! Finral! - disse Asta, surpreendido.

- Yami, nós fomos ao Departamento de Investigação Mágica. - informou Finral, com a mão pousada em cima da bolsa do seu grimório.

- Muito bem. Descobriram alguma coisa? - perguntou Yami, que tirou o cigarro da boca.

- Quem está por trás disso?! Eu vou encontrar o esconderijo deles e atacá-los! E vou arrebentar a cara do que fugiu! - perguntou Magna, exaltado e irritado, com um punho cerrado na altura do peito.

- Bem, investigaram o item que deixaram para trás, mas ainda não encontraram nada. - informou Vanessa, calmamente.

- Bando de inúteis! - disse Magna, em relação às pessoas do Departamento de Investigação Mágica. Logo quando terminou a frase, ele atirou a bola para a parede, o que criou um grande amasso.

- Imbecis! - disse Yami a concentrar poder mágico na sua mão esquerda. - Parem de partir as coisas! - disse Yami, com uma aura assustadora, que bateu o punho na parede atrás de si, fazendo-a em pedaços.

Fora da base, no local em que a parede foi destruída, uma nuvem de poeira foi levantada.

- Perdão! - gritou Magna, instantaneamente, assustado.

- Mas aquele relógio de bolso é de qualidade. - disse Finral.

- Sim, e pelo o que vocês disseram deles, eles não eram plebeus. - Vanessa continuou o raciocínio, com uma mão no queixo.

- Eram realeza ou nobres...? - disse Magna, a começar a entender o nível de magos que enfrentaram e poderão vir a enfrentar.

Noelle sentiu-se desconfortável por estarem a falar sobre pessoas possivelmente da mesma classe social dela. As mesmas pessoas que os atacaram e iam matar dezenas de pessoas sem piedade.

- Ei, quem é esse rapazinho? Como é fofo! - disse Vanessa, que apontava para o pássaro de ar cansado que, desta vez, estava na cabeça de Azuli, em cima do seu capuz degradê vermelho folgado.

- Pássaro? - questionou Azuli, sem noção que um pássaro estava em cima da sua cabeça.

- É muito fofo! - disse Noelle com um rubor rosa, a olhar para o pássaro, com os punhos cerrados na altura do peito.

- Fofo?! - perguntou Asta, que se lembrava das malditas bicadas que o pássaro lhe deu.

Assim que Asta terminou de falar, o pássaro voou em direção à sua cabeça e bicou-a umas quantas vezes antes de voar por aí.

- Seu maldito! - Asta tentou agarrar o pássaro, sem sucesso.

- Ei, vem aqui. - disse Noelle com um rubor rosa e um sorriso singelo, enquanto as suas mãos estavam estendidas para agarrar o pássaro fofo. Mas o pássaro voou para longe. - Hã?

Ele ignorou-me. - pensou Noelle, com os olhos brancos e os lábios a tremer.

- Seu pássaro feio! Vou fazer frango a passarinho de ti! - gritou Asta, farto do pássaro o importunar, o seu grimório aberto e a sua espada para fora, ele estava pronto para dar um fim no pássaro.

- Nem penses nisso, Asta! Ele fica connosco! - disse Azuli, a preparar esferas de água para atacar e atrapalhar Asta.

- Não permitirei que faças isso! - disse Noelle, que formou uma esfera de água para atacar Asta, sem intenção de o deixar magoar o passarinho.

- Podes começar a rezar! - disse Asta, antes de se ouvir um estrondo.

- Não te atrevas! - ouviu-se Noelle a gritar após o estrondo que Asta fez com o seu ataque, enquanto ela lançou uma forte magia de água para Asta, que foi o suficiente para quebrar a parede, que ficou a parecer uma cascata.

- Cuidado por onde pisas! - disse Azuli, enquanto inundava o chão, que ficou a parecer uma lagoa, perto de Asta. Algumas janelas foram partidas pela pressão, o que permitiu a água sair por elas, como um poderoso jato de água.

- Vocês estão a tentar derrubar o castelo?! - gritou Yami, ao ver a cena caótica, enquanto reduzia outra parede em pedaços.

- Perdão! - gritaram Azuli e Asta, com medo.

- Perdão! - exclamou Noelle, igualmente com medo. Mas és tu que estás a partir tudo... - pensou com um rubor de vergonha e uma gota de suor na bochecha.

- Escutem. - disse Yami a bater palmas três vezes, lentamente. - Não importa se quem está por trás disto é da realeza ou da nobreza. Nós vamos deixar o Departamento de Investigação cuidar disso e vamos esperar o relatório. - disse Yami, sério, enquanto fumava. - O mais importante é que temos boas notícias. - disse Yami, a sorrir com a cabeça inclinada levemente para baixo.

- Boas notícias? - perguntaram Azuli, Noelle e Asta, curiosos.

- Querem ouvir? - perguntou Yami, a atiçar a curiosidade deles.

- Claro que sim! - disse Azuli, com entusiasmo.

- Claro! - disse Asta.

A sorrir, de olhos fechados, Yami disse: As vossas ações foram reconhecidas pelo Rei Mago em pessoa!

- O Rei Mago?! - exclamaram Azuli e Asta, surpreendidos.

- Vocês ganharam uma estrela! - disse Yami, a sorrir abertamente.

- Nossa, sério?! É assim mesmo! - Magna comemorava a boa notícia com um punho levantado no alto.

- Isso! - gritou Asta, a seguir a onda.

- Incrível! - exclamou Azuli, empolgada.

Noelle só colocou o cabelo para trás.

- Uau! - expressou Vanessa, feliz.

- Parabéns! - disse Finral.

- Podem crer! - disse Magna a Azuli e Asta, que estavam a comemorar consigo.

Acalmando-se e inclinando a cabeça para o lado, Azuli perguntou, em dúvida: Que estrelas são essas, afinal?

- Como é que te empolgas sem nem saber o que são? - perguntou Magna, indignado.

Vanessa explicou: As estrelas são concedidas pelo Rei Mago como reconhecimento das nossas performances.

- Para quê elas servem? - questionou Azuli, empolgada, mas ainda sem entender.

- Bom... São como uma honra. - disse Vanessa.

- Honra! - exclamaram Azuli e Asta, partilhando da mesma empolgação ignorante.

- Isso mesmo, meninos! Honra! - disse Magna, entre os dois, com os braços em cima dos ombros e ao redor dos pescoços deles. - É uma insígnia de honra para um homem!

- Para mulheres também. - disse Azuli.

- Serve para mulheres também. - disse Noelle, quase ao mesmo tempo que Azuli, aproximando-se dos três.

Empolgado, com os punhos cerrados na altura do peito, Magna corrigiu: É uma insígnia de honra para homens e mulheres! - gritou ele. Asta estava ao lado dele com os olhos com estrelas.

- Isso não faz sentido. - disse Noelle, com uma mão na cintura e olhos fechados.

- Os diversos esquadrões de Cavaleiros Mágicos competem para obter o maior número de estrelas. - explicou Vanessa, com um sorriso.

- O número de estrelas indica o quanto um esquadrão já trabalhou. - continuou Finral.

- Percebi! - disse Azuli, entusiasmada.

- Uou! Entendi! - disse Asta, empolgado.

- Por falar nisso, o Alvorecer Dourado está na frente com setenta estrelas. - revelou Vanessa.

- Setenta?! - perguntou Asta, impressionado.

- Nós podemos fazer mais! - disse Azuli, com um punho levantado ao nível do peito, em animação. Ela correu em direção a Yami e perguntou: Quantas estrelas os Touros Negros têm?

- Sim! Não podemos perder para o Alvorecer Dourado! - gritou Asta, determinado.

A sorrir, Yami revelou: Nós... finalmente chegámos a um belo menos trinta.

- Menos que zero?! - exclamou Azuli.

- "Menos"?! - exclamou Asta.

- O quê?! - exclamou Noelle.

- Nós finalmente estamos apenas a 100 de distância do Alvorecer Dourado. - disse Yami, orgulhoso.

- Cem?! - gritaram Asta e Azuli, não querendo acreditar no que ouviram.

- Ah. - expressou Noelle, com uma cara desiludida e uma gota de suor na bochecha, mas não surpreendida.

Estamos a um abismo deles! Tenho que me tornar em uma Cavaleira Mágica reconhecida se quiser confrontar Nozel e os outros dois! Mas... VAI LEVAR UMA ETERNIDADE! - pensou Azuli, com a boca aberta e os olhos brancos.

Vai levar toda a eternidade para os alcançar e derrotar. - pensou Asta, com a boca aberta e os olhos em branco. Ele imaginou o rosto de Yuno com aquele seu sorriso arrogante a dizer que Asta nunca o iria alcançar.

Será que este é mesmo o meu lugar? - pensou Noelle, com a cabeça baixa.

- Mais uma coisa. - disse Yami, a virar-se para os novos recrutas, com um sorriso.

- Hm? - expressaram os três, a prestar atenção ao que o seu capitão iria dizer.

- Aqui está o vosso pagamento do mês. - disse Yami a sorrir, enquanto estendia as mãos com três sacos de moedas.

- Isto tudo?! Quanto deve ser?! - exclamou Azuli, com o saco de moedas aberto, enquanto tinha estrelinhas brilhantes nos olhos.

- Uou! Dinheiro! Tem uns 200 mil yuls aqui! - Asta disse com as moedas nas suas mãos.

- Obrigada! - exclamou Magna, com o saco nas mãos.

- Obrigada, capitão! Eu vou comer muita coisa boa com isto! - disse Charmy, com baba a escorrer da boca, e o saco que parecia grande demais em cima da cabeça dela.

- Sim, come. - disse Yami a sorrir, a olhar para baixo, para Charmy.

- Ei, Capitão! Quanto cobra para me enfrentar? - perguntou Luck, perto de Yami, com faíscas à volta da mão. E aí?

Yami virou-lhe a cara: Não quero.

- Ah, vá lá! - insistiu Luck, ainda com faíscas na mão.

Gauche chegou perto do capitão: Eu estava a pensar em comprar roupas novas para a Deusa, a minha irmã, Marie. - disse com um rubor vermelho, enquanto sangrava pelo nariz. - O que achas que ficará melhor nela?

- Não me perguntes. - Yami disse, sem olhar para Gauche.

- Chuu. - Grey soltou fumaça.

- Não faço ideia. - disse Yami, à frente de Grey, com as mãos na cintura.

- Amanhã teremos folga. Aproveitem. - avisou Yami.

Os Touros Negros ficaram animados com essa notícia, e já começaram a formar planos para o dia seguinte.

- Eu quero toneladas de encontros! - disse Finral, a sorrir de olhos fechados e com o polegar para cima.

- Faz o que quiseres. - disse Yami, desinteressado. - Hahahaha. - riu-se Yami, a sair da base.

- Obrigada! - todos os Touros Negros agradeceram, menos Noelle e Gordon.

- Obrigado por tudo, Capitão. - disse Gordon, quase inaudivelmente.

Após o Yami sair, os Touros Negros começaram a ir embora, deixando Gordon a falar sozinho.

- Vamos sair e divertir-nos? O que acham? - perguntou Gordon. Mas ninguém ouviu.

- Ah, não sei em que gastar. - disse Azuli para si mesma, virada de costas para os outros dois. Ela raramente precisava de dinheiro antes, e quando precisava era para coisas simples para sobreviver ao inverno, como roupas quentes e comida durável.

- Isto não é nada. - disse Noelle, a olhar para o saco de moedas em sua mão.

- Sua idiota! Dá para comprar uns dez anos de batatas com isto! - gritou Asta, com os olhos em branco, pasmo.

- Batatas? Como assim? - perguntou Noelle a olhar para Asta.

- As batatas de Hage são fracas e têm uma textura duvidosa! - exclamou Asta.

- Parecem horríveis. - Noelle virou-lhe a cara.

- Nada disso! A irmã Lily faz com que tudo fique bom! - gritou Asta, com um punho levantado.

- E quem é essa? - perguntou Noelle, ainda de costas, com um pequeno rubor.

- A mulher com quem eu vou me casar um dia! - exclamou Asta, com estrelas nos olhos e o punho ainda levantado.

- O quê? Mas as irmãs não são mulheres de batina? Acho que elas não se podem casar. - disse Noelle, ao lado de Asta, com os braços cruzados, claramente a tentar tirar essa ideia da cabeça de Asta.

- I-Irei dar um jeito nisso! Irei ultrapassar os meus limites! - exclamou Asta.

- Tu és idiota? - Noelle virou-se para Asta, enquanto falava.

- Ei! Algum de vocês tem planos para amanhã? Como somos todos novos aqui, podíamos passar um tempo juntos no nosso dia de folga! Quem sabe não compramos alguma coisa interessante na capital com o que recebemos. - disse Azuli, à frente dos dois, a formar um triângulo, empolgada por passar um tempo com os seus novos amigos, especialmente, com Noelle.

- Oh, eu alinho! Ainda não tive tempo de explorar a capital real! Deve ser tão incrível! - exclamou Asta, empolgado, com os olhos com estrelas.

Olhando para Noelle, que ainda não tinha respondido, Azuli perguntou: E quanto a ti, Noelle? Vai ser divertido! - Azuli inclinou-se um pouco para perto dela.

Ah... Os seus olhos brilhantes lembram-me tanto dela... - pensou Noelle, a olhar para os olhos azuis celeste de Azuli, que estava à sua frente. Mas... a Azuli é tão diferente.

- Assim vamos todos! Os três novos Touros Negros! - exclamou Asta, também a tentar convencer Noelle, que, ao seu ver, parecia estar em dúvida.

- E-Está bem. Eu vou com vocês. - disse Noelle, enquanto colocava o seu cabelo para trás. - Sintam-se gratos por me dignar a acompanhar-vos. - disse com um rubor rosa.

- Assim as coisas tornam-se mais divertidas. - disse Azuli, feliz, a olhar para os dois.

- Parabéns pelo vosso primeiro salário. - disse Vanessa sorridente de olhos fechados, enquanto andava em direção aos três. - O que planeiam fazer com ele? - perguntou ao colocar o braço à volta do pescoço de Asta, que se encolheu.

- Eu ainda não pensei. - respondeu Noelle.

- Eu logo vejo. - respondeu Azuli.

- E tu, rapazinho? - perguntou Vanessa, a cutucar continuamente a bochecha de Asta, que estava corado com Vanessa tão perto dele.

A gaguejar e a olhar para longe de Vanessa, Asta respondeu: E-Eu vou mandar dinheiro para a igreja em Hage.

- Ótima ideia, Asta! Isso é bem coisa de homem! - Magna elogiou a decisão de Asta.

- Não é? Tu também mandas dinheiro? - perguntou Asta, entusiasmado.

- Lógico! Mas... - ele parou e ajeitou os seus óculos antes de terminar.

- Mas? - Asta perguntou, a querer saber o resto.

- Só quanto eu multiplicar o dinheiro por cem primeiro. - Magna disse enquanto a luz batia nos seus óculos e formava um brilho efêmero.

Tu nunca desistes, não é? - pensou Noelle, com uma gota de suor na bochecha.

Com um pé em cima da cadeira e os punhos levantados, Magna exclamou, entusiasmado: Um homem precisa de correr riscos!

- Por homem, tu queres dizer idiota. - disse Noelle de braços cruzados.

- Mas a ideia de aumentar o dinheiro e enviar é boa. - disse Azuli, vendo o lado positivo, perto de Noelle, embora já tenha conhecimento um pouco das péssimas habilidades de Magna no jogo.

Tomara que ele multiplique esse dinheiro fora dos jogos. - pensou Azuli.

- Hm, da forma que eu penso que ele vai tentar, eu tenho a certeza que ele vai perder até ao último Yul. - Noelle disse a Azuli.

- Eu sou ótimo no jogo, estão a ouvir, vocês duas! - gritou Magna, a fazer figuras engraçadas pelos comentários das meninas. Elas ignoraram-no e continuaram a falar de outras coisas.

Vanessa voltou a falar com Asta: Enviar dinheiro é uma boa, mas não mandes tudo. Usa um pouco para ti. - sugeriu ela.

- S-Será que eu devo? Mas em que eu devo usar? - disse Asta, incerto.

- Amanhã de manhã vamos os três à capital. Podes decidir quando chegarmos lá, não há pressa. Só guarda um pouco de dinheiro para ti. - disse Azuli.

- Tens razão. Não há porquê apressar as coisas. - disse Asta, com um sorriso.

- Ah, então podemos ir todos juntos fazer compras na capital amanhã. - disse Vanessa, com o dedo indicador para cima.

- Fazer compras? - perguntaram os três.

- Eu levo os três. - disse Vanessa, com um olho fechado e um sorriso.

- Ah. - os três entreolharam-se.

No quarto de Azuli...

- Hm... o que eu vou fazer com este dinheiro? - perguntou Azuli a si mesma, sentada na sua cama, com as costas a bater na parede.

- 200 mil yuls... Deve dar para fazer alguma coisa.

Azuli olhou ao redor, olhando para o quarto e tudo o que havia nele.

- Comprar móveis não seria uma má ideia. Mas... eu acho que se eu for à minha antiga casa eu consigo trazer tudo o que preciso para aqui. O problema vai ser carregar tudo por toda a distância.

- Ai... - Azuli suspirou, deitada na cama a olhar para o teto.

- Hoje foi um dia e tanto. - disse Azuli, a lembrar-se de todos os acontecimentos de hoje.

- Mais uma vez, uma joia mágica foi o alvo. Pergunto-me se este caso está relacionado com o que eu e a Vanessa nos deparámos outro dia.

- Verdade! - exclamou Azuli, pondo-se em pé rapidamente. Quase me esqueci desse caso. A Vanessa prometeu-me ajudar a investigar. Será que ela investigou alguma coisa enquanto estive em missão? - pensou Azuli, em dúvida.

Mas... já está tarde. - pensou Azuli, a olhar para a lua através da janela.

- Talvez amanhã. - disse Azuli, desistindo da ideia de ir até Vanessa.

Antes de se ir deitar, Azuli colocou o saco de dinheiro em um espaço livre da pequena estante de livros, do lado oposto da cama.

Também tenho de arranjar um cofre ou um baú para pôr o salário. - pensou Azuli.

Antes de adormecer, Azuli só pensou no que lhe era mais importante no momento: Bons sonhos, Elle.

Na madrugada seguinte...

O sol ainda não tinha nascido. Eram 5h30, e Azuli, como sempre, levantou-se para começar um novo dia.

Azuli, já fora da cama a espreguiçar e a afastar o sono, foi tomar banho antes de se vestir.

Ela hoje dispensou o treino matinal, uma vez que daqui a cerca de 1h30, Vanessa a levaria junto a Noelle e Asta para a capital fazer compras.

De volta ao seu quarto, às 5h45, ela ficou a observar a janela por uns momentos.

- Hm... Será que dá para abrir? - questionou Azuli, com a cabeça inclinada para o lado. - Só saberei se tentar!

Azuli conseguiu abrir a janela com sucesso, embora quase tenha caído quando tentou abri-la com mais força. Com a cabeça fora da janela, ela olhou a vista. Depois, olhou para cima, para o telhado, e decidiu ver o nascer do sol de lá.

- Opa! - Azuli escorregou um pouco, mas nada de grande importância.

- A vista daqui deve ser linda ao nascer do sol! - exclamou Azuli, com os braços estendidos para o lado, enquanto sentia o vento a bater na sua capa e no seu cabelo, que ficou descoberto pelo vento ter-lhe tirado o capuz.

Ela sentou-se no pico mais alto do telhado e sentou-se, abraçando as suas pernas e a olhar para a vista à sua frente.

- Bem, não deve demorar muito. Hm?- expressou Azuli, após sentir alguma coisa no seu ombro, dentro do capuz. - Tu de novo? - Azuli olhou para o passarinho que os seguiu até à base.

- Deves mesmo gostar dessa pedra. - comentou Azuli, depois de ver que o pássaro ainda tinha a pedra da missão de ontem na boca. - Deixas-me vê-la um momento, por favor? - perguntou Azuli, com uma mão estendida, onde o pássaro, prontamente, deu a Azuli.

- Obrigada. - Azuli começou a olhar para a pedra em sua mão. A pedra era laranja e tinha um desenho de uma lua crescente e três estrelas na cor amarela. - Sabes... estranhamente, eu sinto poder mágico vindo desta pedra. - com essa revelação, o pássaro abriu os olhos largamente, prestando mais atenção no que a menina das madeixas rosas dizia. - Mas não é só... - disse Azuli, passando o seu olhar para o pássaro. - Eu também sinto poder vindo de ti. Neste momento, sinto que não és um pássaro qualquer. - isso assustou o pássaro, que voou e pousou em frente de Azuli.

- Quando olho para ti, em alguns momentos, não me perguntes o porquê, ahah... Eu consigo ver uma forma humana. Mas não só, essa forma sempre se mostra assustada. - terminou Azuli, que endireitou a cabeça corretamente, que antes estava inclinada em direção para o pássaro.

- Hm, espera! Não te vás! Deixaste aqui a tua pedra! - gritou Azuli, a acenar para o longe, com a pedra na mão, enquanto o sol se levantava e começava a iluminar o reino.

- O que eu faço com isto agora? - perguntou Azuli, a olhar para a pedra que aquelas pessoas perigosas queriam, mesmo a custo das suas vidas.

Passado um tempo...

Azuli, Noelle e Asta estavam de boleia com a Vanessa, na sua vassoura, que os ia levar a fazer compras na capital real. Surpreendentemente, Vanessa não aparentava ter dificuldade em voar com os três atrás de si.

- Já visitaram a cidade do castelo? - perguntou Vanessa.

- Eu não. - respondeu Noelle.

- A realeza e a nobreza não têm motivo para ir muito de qualquer forma. - disse Vanessa.

- E vocês os dois? - Vanessa dirigiu-se a Azuli e Asta.

- Eu fui quando prestei o exame de admissão dos Cavaleiros Mágicos. - respondeu Asta.

- O mesmo aqui. - respondeu Azuli.

- Nós vamos divertir-nos bastante hoje. - disse Vanessa, contente.

- Ei, para de me tocar. - mandou Noelle a Asta, que estava atrás de si.

- O que queres que eu faça? Queres que eu caia? - disse Asta, sem entender Noelle.

Eu não consigo parar de pensar nele, não sei por quê. Ah... - Noelle gritou quando sentiu mãos a segurar-lhe na cintura. A sua primeira reação foi atirar Asta para fora da vassoura.

- Outra vez?! - gritou Asta, a cair.

Pelo menos, desta vez, eu estou em segurança. - pensou Azuli, que estava entre Vanessa e Noelle.

- Ah. - Noelle percebeu o que fez, mas não tinha nada que ela pudesse fazer. Só esperar que Vanessa o salvasse.

O Reino Clover é dividido entre o Reino Nobre, onde vivem a realeza e nobreza. O Reino Comum, onde vive a plebe, e o Reino Esquecido, onde vivem os camponeses.

A cidade de Kikka, onde Azuli, Asta e Yuno prestaram o exame de admissão, fica no Reino Comum.

- A magia continua por todo o lado. Que maravilha! - disse Azuli, com estrelinhas brilhantes nos olhos, que olhava ao redor.

- Continua impressionante. - Asta disse, com um pequeno rubor e estrelas nos olhos.

- É bem animado. - Noelle disse, sem expressar muito entusiasmo.

Tomara que eu consiga trazer a irmã Lily e os pirralhos da igreja aqui um dia. - pensou Asta, lembrando-se de todos..., menos do padre.

- Oh. - expressou Vanessa, surpreendida por ver Gauche a voar de vassoura um pouco ao longe.

- Marie, minha Deusa. Eu chego em breve. Eu quero ver o teu rostinho sorridente o quanto antes. Mal posso me conter. - disse Gauche, com um sorriso, a sangrar pelo nariz enquanto pensava na sua irmã.

- Hm? - atrás de Azuli, era possível ver uma menina de cabelo azul curto com o mesmo manto dos Touros Negros. Ela parecia envergonhada e estava encolhida. Ela entrou em um lugar qualquer.

- Senhor!

- Hm? - expressaram Azuli e Asta.

- Essa voz... - Noelle começou por dizer, em reconhecimento.

Em um restaurante...

Charmy estava frente a um homem. Apenas um balcão os separava.

- Com que então, tu vieste de novo. - disse o homem moreno, com um sorriso e uma gota de suor na parte superior da bochecha.

- Pois é. - disse Charmy, com um rosto sério.

- Eu não vou perder este mês! - afirmou o homem, de braços cruzados.

- Nem eu! - respondeu Charmy, ainda séria.

De um momento para o outro, o homem apresentou uma coisa à Charmy: A ultra suprema super enorme porção de tudo! - o homem apresentou um prato de comida gigante para Charmy. Eu desafio-te a comer tudo!

- Agradeço pela comida! - exclamou Charmy, quase a babar-se, com os talheres a postos. - Nhac, nhac, nhac, nhac... - nesse instante, Charmy começou a acumular suor na testa.

Azuli, Noelle e Asta espreitavam pela janela do lado de fora. Asta, ao ver o tanto de comida e a forma como era comida, sentiu vontade de vomitar.

- Deu azia só de ver. - disse Noelle.

- É impressionante como come tudo. - disse Azuli, com uma mão na barriga, que estava a começar a revirar pela azia.

Perto daquele local, Finral cantarolava enquanto olhava para os lados, ver se tinha alguém que chamasse a sua atenção.

- Oh! Está com tempo senhorita? Queres tomar chá comigo? - perguntou Finral, parado em frente a uma jovem de cabelos ruivos com sardas. Ela parecia atarefada.

- Eu pareço ter tempo? - perguntou a menina, que carregava dois sacos nas mãos, um bebé às costas e cuidava de duas crianças ao seu lado.

- Podes levar os teus filhos contigo. Eu sei de um lugar ótimo... - Finral ofereceu, antes de ser interrompido por uma estalada.

- Achas-te que eles fossem meus filhos?! - disse em um tom zangado e ofendida. - São os meus irmãos! Eu tenho que correr para abrirmos a loja, não tenho tempo para ficar à toa.

- Cara, eu adoro mulheres duronas. - disse Finral com um sorriso, enquanto olhava a jovem ir embora e esfregava o seu rosto.

Tendo olhado para outro lugar, Finral correu novamente.

- Oh. Senhorita, queres divertir-te comigo? - perguntou Finral, com o mesmo entusiasmo anterior.

- Ahh! - Asta gritava de entusiasmo, com os olhos com estrelas, enquanto andava à frente de Vanessa e Noelle.

- Não te percas, rapazinho. - disse Vanessa a olhar para Asta. - Azuli, não te afastes muito! - gritou Vanessa, para Azuli, que espreitava por todos os vidros à procura de novidades, com estrelinhas brilhantes nos olhos, o que , neste caso, era praticamente tudo.

- Estou tão animado! - gritou Asta, ao longe. Mal se ouvia onde Vanessa estava.

- Eu fico bem! Isto é fantástico! - gritou Azuli, ao longe. O som era pior que o Asta, mas ainda dava para ouvir de onde Vanessa estava.

- Não querem comprar nada? - perguntou Vanessa aos três. Azuli e Asta tinham desacelerado o passo e voltado para mais perto de Vanessa e Noelle.

- Há tantas coisas! Eu nem sei o que escolher! - disse Azuli, com brilhinhos nos olhos, a andar para trás, pois ela estava virada de frente para Vanessa e Noelle.

- Pois é. Tem tanta coisa que eu não sei o que pegar. - disse Asta, a andar da mesma forma que Azuli, com estrelas nos olhos.

- Eu não sei... - respondeu Noelle.

- Ei, aqueles mantos... São Cavaleiros Mágicos! - um homem disse.

- Hã. - Noelle expressou, ao ouvir o homem falar.

- Os Touros Negros... - outro homem disse, enquanto os Cavaleiros andavam perto de si.

- É a bruxa exuberante, Vanessa. - um homem sussurrou para os outros.

- E a menina fofinha do lado dela, a menina bonita de capuz e o menino são Touros Negros também? - um homem perguntou.

Em vez de responder à pregunta anterior, um homem sussurrou, cautelosamente: É melhor manter distância.

- Estão a começar a reparar em nós. - Noelle disse, a olhar para onde os sussurros vieram.

- Tudo bem. Ter Cavaleiros Mágicos na cidade ajuda a deter o crime. - disse Vanessa. - Sem falar que eu posso encontrar algum partidão. - disse Vanessa com um sorriso e de olhos fechados, enquanto pousava a bochecha na mão. Noelle não disse nada em relação à última fala de Vanessa, apenas lhe apareceu uma gota e suor na bochecha.

Um tempinho depois...

- Eu comprei uma servas medicinais e um óleo de Sique que age como antídoto para venenos. Isto deve dar. - disse Vanessa, enquanto saía da loja e andava em direção dos três parados à frente da loja. - Eu comprei o que precisava. Não querem ir para um lugar mais quieto? - perguntou ela.

- Quieto? - perguntou Noelle, curiosa.

- Eu sei de um. - Vanessa disse, com um olho fechado e o dedo indicador levantado.

- Ah? - expressaram os três.

Tendo chegado ao local designado: Por aqui. - disse Vanessa.

- Por aqui? - Noelle estava confusa. Eles estavam em um beco sem saída. Não havia nada além de um muro.

- Não é só um beco? - perguntou Asta.

Seguindo Vanessa, para perto do muro, Azuli constou: É sem saída. - ao que Vanessa apenas riu levemente e ultrapassou o muro.

- Hã?! - gritou Asta.

- Oh? - expressou Noelle.

- Para onde ela foi? -perguntou Azuli.

Vanessa apareceu novamente, vinda do muro: Podem vir. - ela acenou para irem em sua direção, e depois desapareceu tão rápido quanto apareceu.

Os três seguiram-na.

- Comércio secreto?! - exclamou Azuli, surpreendida, após passar pelo falso muro.

- Nossa! - exclamou Asta.

- Este é o mercado Negro. - informou Vanessa.

- Mercado Negro? - perguntaram os três.

- É meio perigoso, mas onde estão os itens mágicos mais eficientes. - disse Vanessa, enquanto todos caminhavam em frente.

- Ei, Vanessa, estou com coisas ótimas. - um homem de manto cumprimentou-a.

- Oi! Eu vou olhar mais tarde. - disse Vanessa, acenando para ele.

- Que demais! - gritou Azuli, com estrelinhas brilhantes nos olhos, enquanto olhava uma tenda.

- Demais! - gritou Asta, com estrelas nos olhos e os punhos cerrados levemente para cima.

- Ora, tu não pareces muito empolgada. - disse Vanessa, indo de encontro com Noelle.

- Não... - Noelle disse direta.

- Não posso culpar-te. A realeza e a nobreza não pisam aqui por causa dos preconceitos que têm. Mas tu ainda não consegues controlar a tua magia, não é? - perguntou Vanessa, com um olho fechado e um sorriso.

- S-Sim. Por quê? - perguntou Noelle, envergonhada, com um rubor rosa, a olhar para o lado.

- Aqui há itens que vão ajudar-te a controlar os teus poderes mágicos. - disse Vanessa, despertando a atenção de Noelle. - Se encontrares algum item que combine bem contigo e os teus poderes, pode ser que consigas controlá-los.

- Controlar os meus poderes... - disse Noelle, a processar o que Vanessa acabou de lhe dizer.

- Por que não dás uma olhada? - perguntou Vanessa.

- C-Claro... - concordou Noelle, mais empolgada.

- Agora... isto seria bom para a Azuli também. Onde será que ela se meteu? -perguntou Vanessa, a olhar para ao redor, à procura de Azuli.

Com Azuli...

- Acho que me perdi. - disse Azuli para si mesma. - Qual é o caminho de volta? - perguntou para si mesma, enquanto caminhava lentamente, enquanto tentava se lembrar.

- Hm? - expressou Azuli, a olhar para a loja com que se deparou. No fim, ela decidiu entrar.

A loja era pouco iluminada. Apenas algumas luzes com brilho roxo a iluminavam e guiavam para o que ela espera ser onde guardam os produtos para venda.

- Olá... - disse ela, hesitante. - Está aqui alguém? - perguntou Azuli, que andava lentamente pelo corredor, o único que havia.

- Jovenzinha...

- Hm? Oi. Onde estás? Isto é uma loja, não é? - perguntou Azuli, incerta.

- Segue em frente. - a mesma voz falou, parecia um sussurro.

Azuli seguiu em direção onde a luz branca estava mais forte. Por momentos, quando ela entrou, ela era incapaz de ver alguma coisa, mas os olhos dela adaptaram-se. Dentro da sala, várias pedras de formas e tamanhos diferentes estavam colocadas delicadamente em almofadas específicas para joias, em pedestais. Todas eram únicas e cintilantes. Azuli ficou deslumbrada enquanto andava por elas.

- Alguma delas te agrada, minha jovem?

- Ah! - Azuli assustou-se com a voz perto de si. Ela virou-se para trás e viu uma idosa baixa, escondida por um manto roxo. As características da idosa não eram visíveis. - Desculpe o incómodo. Eu vi esta loja e fiquei curiosa. - disse Azuli, com uma mão atrás da cabeça e um olhar culpado.

- Sim. Todos os que costumam vir aqui, sentem o mesmo que tu. - informou a idosa, com uma voz rouca.

- Sentem? - perguntou Azuli, curiosa.

A idosa acenou positivamente.

- Acompanha-me. - disse a idosa, começando a andar.

- O-Ok. - disse Azuli, sem saber o que a idosa queria.

Enquanto andavam, a idosa começou a falar um pouco sobre os visitantes que recebia: Todos os que entram na minha loja, sentem-se atraídos por alguma coisa. Mas nunca sabem explicar o porquê.

- A vovó sabe? - perguntou Azuli, querendo saber mais.

- Sei... sei pois. Olha em volta. Todas as pedras aqui estão ligadas a uma pessoa. Elas ficaram perdidas no caminho da mana, e então vieram até mim, para que eu as possa devolver aos respetivos donos.

- Caminho da mana? - Azuli não entendia do que a senhora estava a falar.

- Sim, mas isso é outra história. - disse a idosa, que parou em frente a uma coluna de cristal. - Chegámos.

- Um cristal? Não estou a entender. O que viemos aqui fazer? - perguntou Azuli, a olhar de perto para o cristal azul.

- Toca-o. Concentra a tua mana e toca no cristal.

- Mas ... - Azuli foi interrompida.

- Confia em mim. Faz o que eu te digo. - disse a idosa, calmamente.

- Está bem. - disse Azuli, a olhar para o cristal, e, segundos depois, a fazer o que ela mandava.

Azuli fechou os olhos, concentrou a sua mana na mão e tocou no cristal.

Hã? Ele está a absorver a minha mana? - pensou Azuli.

- Não, ele não está a absorver a tua mana.

Como ela adivinhou o que eu estava a pensar? - pensou Azuli, em choque.

- Procura o chamado. Procura a fonte de poder que te chama. Liga-te a ela, conecta-te e chama-a.

Não sei do que ela está a falar, mas não perco nada se tentar. - pensou Azuli.

Azuli concentrou-se e começou a procurar quem a chamava. Com gotas de suor a escorrer pela testa, Azuli decidiu acalmar-se e continuar a concentrar-se.

Quem é? - pensou Azuli, com a sensação de que estavam a chamar pelo seu nome.

Fora da escuridão da mente de Azuli, a haste de cristal estava a brilhar intensamente e o cabelo de Azuli estava a flutuar. A idosa olhava tudo com calma.

Um brilho? - Azuli, que estava em um espaço negro, começou a ver uma luz cintilante ao longe. Pelo caminho, ela viu rios, lagoas, lagos, cascatas, um mar, todos em perfeita harmonia. - Estou quase lá. Espero que seja o que a vovó estava a falar. Tomara que não seja engano. - pensou ela.

Para onde foi? - Azuli tinha chegado onde viu a luz cintilante. Mas não havia nada ali. - Eu imaginei? - Ela voltou a procurar o chamado de olhos fechados, com as duas mãos no peito, e foi dessa vez que ela o sentiu muito, muito perto de si. - Está aqui. - pensou, em um sussurro.

Fora da sua mente, Azuli estava na mesma posição em que parou dentro da sua mente. Mas desta vez, com os olhos abertos.

- Hm? - Azuli olhou para as suas mãos, só para ver um pequeno cristal em forma de diamante de quatro pontas, com dois tons de azul: por dentro, azul marinho, e por fora, azul bebé. - Que lindo. - admirou Azuli.

A senhora apenas olhou para Azuli, que admirava a pedra em suas mãos.

- Ei! Vovó! Esta pedra está à venda? - perguntou Azuli, com a cabeça inclinada pra a idosa, decidida em comprá-la.

- Obviamente que não. - respondeu a senhora, deixando Azuli sem palavras.

- N-Não...? É que... - Azuli estava apreensiva em largar a pedra. Ela agarrou-a entre as mãos perto do peito com mais força.

- Menina tola!

- Eh? - Azuli assustou-se quando a idosa bateu o seu cajado com uma pedra vermelha incrustrada no topo rodeada por raízes, com força no chão, o que fez uma brilhante luz cegá-la, permitindo-a apenas ouvir - Ela faz parte de ti. Ela pertence-te. Agora, no passado, e no futuro. - disse lentamente, com a sua voz rouca.

- Então eu posso... Vovó? - quando Azuli conseguiu enxergar de novo, a vovó, assim como as pedras e toda a loja, desapareceram. - Que raio foi isto? - Azuli não entendeu nada, mas sabia que o que aconteceu tinha sido real. A pedra que a chamava, mantinha-se entre as suas mãos, com um leve brilho resplandecente, que parecia a luz da lua.

- É melhor voltar para perto deles. Devem estar preocupados. - disse Azuli para si mesma.

- Azuli?!

- Azuli! Estás por aqui?

Azuli correu em direção às vozes, cruzando o corredor: Meninas, aqui! - gritou ela, a acenar com uma mão.

Agora frente umas às outras: Ora, ondes te meteste? A Noelle esteve até agora à tua espera para comprarmos os vossos itens mágicos para melhorarem o controlo sobre os poderes mágicos. - perguntou Vanessa, com uma mão na cintura e a outra a cutucar a bochecha de Azuli.

- Ai esteve? - perguntou Azuli, a olhar com olhos brilhantes para Noelle, surpreendida pela consideração de Noelle.

- N-Não entendas mal. Eu só pensei que podíamos escolher juntas. Assim não corremos o risco de ficarmos com os itens trocados. - disse Noelle, com a cara virada para o lado, a esconder o rubor.

- Então vamos! Elle, Vanessa! - Azuli andou para a frente, animada por comprar o item mágico com Noelle.

- Elle? - Noelle perguntou a si mesma, com os olhos alargados. Já somos tão próximas? - pensou Noelle, com um rubor pela possibilidade de ter feito a sua primeira amiga de sempre.

- Calma aí. - disse Vanessa, puxando Azuli pela sua capa até ela e Noelle. - Não te vás perder novamente.

- Hehe, certo. - concordou Azuli, com um pequeno sorriso de olhos fechados.

- Asta! Vem, ela está aqui! - gritou Vanessa para Asta, que ficou distraído pelas lojas.

- Sim! - Asta foi ter com elas.

Eles voltaram para onde estavam antes.

- Um? Aqui é bem animado mesmo. - disse Asta, a olhar para um espaço cheio de gente e com barulho.

- Vocês três ainda são muito novos para entrar aqui. - disse Vanessa a andar para o lado de Asta, onde ele estava parado. - Amadores não podem passar muito tempo aqui, ou podem arruinar as suas vidas.

- Vamos nessa! - uma voz conhecida foi ouvida. - Simbora, simbora! Eu vou multiplicar o meu salário por cem!

Azuli, Noelle e Asta estavam de olhos e boca bem aberta e uma gota de suor na bochecha, estupefatos, sem saber reagir corretamente, ao ver a pessoa que acabou de entrar no local que Vanessa acabou de falar.

Eu conheço esse tipo! - pensou Asta.

Em um canto não muito longe...

- Droga, eu perdi de novo! Buh Hah! - gritou Sekke, que se levantou frustrado.

- Hahahaha! Eu consigo ver o futuro. - disse a velha contra quem ele estava a jogar. Ele entregou o dinheiro que devia em cima da mesa.

- Buh Hah! Esta vovozinha é forte. - disse Buh Hah, de cabeça baixa. - Eu não devia perder tempo aqui. Tenho trabalho para fazer. - disse enquanto fazia uma curva. - Ah, bom, o trabalho é apanhar um ladrão de bolsas... Isso é lá um trabalho para um Cavaleiro Mágico? Buh Hah... - disse deprimido. - Mas o Capitão vai ficar assustador se eu me recusar. - disse Sekke, a imaginar no seu medonho Capitão. - Buh Hah. Eu finalmente consegui alistar-me nos Cavaleiros Mágicos... Mas logo nos Louva-a-Deus Verdes. Eu sou um Louva-a-Deus... Uma porcaria de um inseto. Só fico a levar recadinho para lá e para cá. Quando arrumo uma missão de verdade, sempre sou usado de cobaia e quase morro... Estou constipado e a ficar careca... Buh Hah, droga...

- Hm, Que fofa... - disse Sekke a olhar para Vanessa.

- Que tal estes? Vocês devem conseguir usar para estabilizar os vossos poderes. - disse Vanessa a apontar para dois colares.

- Ah, parece idiota. - disse Noelle.

- Não fazem o meu estilo. - disse Azuli.

- Experimentem, vai. - insistiu Vanessa.

Elas experimentaram como a Vanessa disse, mesmo achando os colares horríveis.

Primeiro, foi a Noelle que experimentou utilizar os seus poderes, mas sem sucesso. Ela lançou uma pequena esfera de água para o corredor, mas ela desviou-se.

Depois, foi a vez da Azuli. Ela fez exatamente como a Noelle e, assim como ela, a sua esfera também foi para o lado. Ela não se concentrou o tanto que costuma fazer em batalhas de verdade, pois nas batalhas a sua maior dificuldade é cansar-se rápido por ter de se concentrar no seu poder, embora a quantidade da sua mana ser alta. Em batalhas, ficar cansada e sem energia pode ser fatal. Por isso, um item mágico é necessário.

- Buh Hah?! - Sekke foi atingido pela segunda vez. Ele agora estava encharcado dos pés à cabeça.

- Tu não devias estar aí! - disse Noelle, com ar de superioridade, enquanto punha o cabelo para trás.

- Buh Hah! Ora, ora, ora, o que vos traz aqui? - disse Sekke. - O mercado Negro não é lugar para vocês, lindas meninas. Buh Hah!

- Buh Hah? Estás nos Louva-a-Deus verdes? Que bom! - parabenizou Azuli, com um sorriso, enquanto olhava para Sekke.

Esta voz, esta maldita voz. Ela é a amiga daquele minorca do Asta. - pensou Sekke, enquanto olhava com cara de parvo para o sorriso de Azuli. Parecia que ela estava a gozar com ele.

- Some daqui, seu inseto. - disse Noelle. Vanessa apenas bocejava de tédio.

- Buh Hah... - Sekke ficou com uma cara engraçada com a dispensa.

- Aí, encontrei uma coisa baril! - disse Asta, a carregar uma cabeça de peluche estranho no alto da cabeça, com as mãos.

- Tu não compraste isso, compraste? - perguntou Noelle, que achava aquele boneco ridículo.

- Ele fala. - disse Asta, com estrelas nos olhos.

- Ele comprou. - disse Noelle, com a cabeça virada para o outro lado.

- Olhem só. - Asta apertou o olho do boneco, que dizia: Nós somos humanos.

- O quê? - Noelle não entendia por que alguém iria querer uma coisa daquelas.

- Parece inútil. - disse Azuli, direta.

- Não é não. Ouve de novo. - Asta voltou a puxar o olho do boneco até convencer Azuli e Noelle que o boneco não era de deitar fora.

- Buh Hah! - disse Sekke, com um rosto assombrado. E-Ele... - pensou ele.

- Hã? Ei, tu és o... Buh Hah! - disse Asta, que reparou em Sekke, parado ao seu lado.

- Sekke! Buh Hah! - corrigiu Sekke.

- Tudo bem contigo, Buh Hah? - Asta perguntou.

- O meu nome é Buh Hah! Digo, Sekke! - exclamou Buh Hah.

- Quem é esse? -perguntou Noelle.

- Eu prestei o exame com ele. - explicou Asta.

- Então tu és dos Louva-a-Deus Verdes.

Ele está com duas meninas lindas e a maldita bela amiga dele?! E pior... As três são Touros Negros também. Asta, maldito... Deixaste-me com inveja. Sem falar que a culpa é tua eu ter ido parar nos Louva-a-Deus Verdes. Que irritante. - pensou Sekke, a tremer de raiva, mas a fingir um sorriso.

Uma idosa baixa estava a andar tranquilamente com uma grande bolsa nas mãos até que foi roubada.

- L-Ladrão! - gritou a idosa com a sua voz fraca. - O meu dinheiro! Espera! - pediu a idosa com a mão estendida na direção em que o ladrão corria.

Asta e Azuli correram atrás dele assim que entenderam o que estava a acontecer.

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